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    Anifactos – O estúdio Ghibli

    Anifactos - O estúdio Ghibli

    Localizado em Kogane, na cidade de Tóquio, o é um dos mais célebres estúdios de animação japonesa e do mundo. Fundado em 1985, pelas mentes brilhantes de e Isao Takahata. Estes amigos de longa data já sonhavam com um estúdio próprio, muito antes de trabalharem juntos em Kaze no Tani no Nausicaä. Desde muito cedo a dupla foi muito exigente consigo mesma, em tempos de trabalho excessivo e para cumprir prazos, era impossível realizar uma animação trabalhada e perante o produto final os seus criadores ficavam sempre dececionados.

    O objetivo principal para a criação de um estúdio próprio seria terem a possibilidade de possuírem um espaço que tornaria possível sentirem-se realizados produzindo obras mais requintadas com todo o tempo e dedicação. O logótipo desta empresa também não deve ser desconhecido, Totoro, é uma personagem bem conhecida pelos fãs de da obra Tonari no Totoro. Não é a toa que o é vulgarmente chamado de “Disney do Japão” e Hayao Miyazaki “Walt Disney do Japão”. Dificilmente podemos discordar, porque Miyazaki e Ghibli são sinónimos de magia, ambos conseguem o feito de reunir famílias e encantar milhões, tal como as criações da Disney.

    Ao longo da sua vida, o arrecadou dezenas de prémios pelas suas criações sem paralelo, um dos seus maiores feitos foi em 2002 quando, , ganhou um Urso de ouro e um Oscar para melhor filme de animação. Até hoje continua a ser o único anime que conquistou um Oscar. Mas qual será o seu segredo? Vamos mergulhar a fundo na criação e referencias deste estúdio.

    Para começar o nome Ghibli, não é japonês. Ghibli baseia-se num nome árabe para o sirocco. Um vento quente do sudeste que sopra sobre o mediterrâneo atingindo a Líbia, e o norte da África, trazendo areia do deserto e cobrindo Roma. A pressão atmosférica aterra violentamente, causando uma ligeira enxaqueca na população. Embora pronunciado com um “g” grave nos dialetos italiano e árabe, a pronúncia japonesa da palavra é com um “g” muito suave, ou foneticamente falando ji-bu-ri.
    A razão pela qual Miyazaki e Takahata batizaram este estúdio com um nome um pouco polémico, é que queriam dar a entender a imagem de um vento diferente soprando na animação japonesa, longe estariam de imaginar que seria o responsável por um “bafo” rejuvenescente no mundo da animação a escala global.

    As obras de Miyazaki atingiram inicialmente um sucesso modesto, mas rapidamente conquistaram o mundo inteiro.
    O seu primeiro sucesso de bilheteira (um pouco mais que uns modestos 18 milhões de dólares) foi em 1989 com (Majo no Takkyūbin) ou seja quatro anos após a criação deste estúdio. A história dá-nos a conhecer Kiki, uma bruxinha, que completa 13 anos de idade e segundo os costumes do seu povo deve aprender a viver pelos seus próprios meios. Assim, apenas equipada com sua coragem e sua vassoura, viaja para a capital e para conseguir sobreviver, lá acaba por ingressar num serviço de entregas. Contudo o maior sucesso neste parágrafo foi alcançado uns anos mais tarde em 1992, com a obra, Porco Rosso traduzindo-se nuns impressionantes 2,8 bilhões de ienes! Também nesse mesmo ano, a produção decide empregar técnicas diferentes e vanguardistas, como a computação gráfica nas suas obras com Pom Poko.

    Contudo, foi em 1997 com o filme, A , que a Ghibli alcançou a notoriedade. Um filme poderoso e tocante, alertando-nos dos perigos da tecnologia na natureza, para os curiosos também foi a primeira criação do estúdio a usar técnicas de animação e coloração digitais. O mundo rendeu-se a magia do tanto que Roger Ebert, um famoso crítico norte-americano de cinema, coloca esta obra de Miyazaki, como um dos melhores filmes de 1999, ano em que tivemos a sua exibição nos cinemas ocidentais, também este filme foi sinonimo das maiores receitas de bilheteira na história do Japão! Com uns impressionantes 134 milhões de dólares! Para finalizar o primeiro filme do Studio Ghibli feito inteiramente a base de técnicas digitais foi com Hōhokekyo Tonari no Yamada-kun em 1999.

    Tonari no Totoro realizado por Miyazaki, e Hotaru no Haka por Takahata são também dois dos maiores destaques desta verdadeira caixinha de sonhos. O primeiro citado tornou-se um grande sucesso e no final criou a mascote definitiva do estúdio, a estranha mas carismática criatura chamada Totoro, reconhecida mundialmente que até acabou por ficar como parte integral do logotipo do estúdio, também conseguiu uns minutos de fama fora do seu espaço em Toy Story 3. O segundo culminou como uma emocionante obra-prima japonesa criticamente aclamada, e muitos afirmam ser o melhor filme de animação japonês. Uma das principais razões é pela riqueza do seu contexto histórico-social. Hotaru no Haka passa-se no final da Segunda Guerra mundial, e tem como destaque a relação dos irmãos órfãos Seita, o rapaz de 14 anos e sua irmãzinha Setsuko, de 4. Estes têm de viver sozinhos num abrigo, e a situação piora quando a menina adoece.

    A Viagem de Chihiro foi o primeiro filme da história a arrecadar 200 milhões de dólares antes de estrear fora do Japão, e foi a animação de maior duração a ganhar um Oscar, já que o mesmo tem cerca de 125 minutos, também ganhou o prestigiado Urso de Ouro no Festival de Berlim. Este filme conta a história de uma menina que não está muito satisfeita com a sua mudança de casa. No carro, e a caminho do seu novo lar, os seus pais descobrem um túnel e por curiosidade, resolvem explorá-lo. No outro lado encontram uma cidade deserta, mas com muita comida. Estes banham-se num banquete, e quando Chihiro chega até eles, verifica que transformaram-se em porcos. A criança então embarca num mundo de magia na tentativa de salvar os seus pais.

    Até o próprio filho de Hayao Miyazaki aventurou-se comandando uma animação, no ano de 2006, fomos brindados com Gedo Senki por Goro Miyazaki. Esta longa-metragem foi recebida com bastante desdém até pelo seu próprio pai, mesmo assim arrecadou dezenas de prémios.

    Qual será o segredo destes filmes que movem milhares e milhões? Pois bem as suas obras na sua essência apresentam motivos, temas e personagens em comum. Estas personagens (geralmente incompreendidas) tanto masculinas como femininas misturam dezenas de elementos. Podem contar com gatos, senhoras de idade ternurentas, temas relacionados com a aviação, ambiente contemporâneo e familiar, comboios, botiques, identidades, bandos de pássaros, criaturas, segredos ou localizações escondidas, com outro efeito em sempre em comum, a ausência de um vilão.

    Sabiam que o primeiro filme não foi na verdade do ? Nausicaa foi sim um filme escrito e realizado por Miyazaki, baseado num manga de mesmo nome, este foi criado um ano antes do financiamento do Studio Ghibli. Facto é que este filme mesmo criado pelo Studio Topcraft, é frequentemente creditado como tal, devido ao simples fator que influenciou a criação da Ghibli. Outro facto curioso é que o Studio Ghibli foi dos primeiros produtos a adotar a política filmes animados sem censura. Após a infeliz venda de Nausicaa em território norte-americano e com o lançamento da Princesa Mononoke em 1999, nos planos norte-americanos estavam previstas alterações para o filme a fim de torná-lo mais comercial. Quando foi enviado para a Miramax, o adicionou uma katana real acompanhada de uma simples mensagem: “sem cortes” Este foi um acontecimento que todos devemos celebrar, sejamos sinceros a censura é um total desrespeito a obra original.

    Devido a sua imensa popularidade foi fundando em 2001 no Japão o Ghibli Museum, uma espécie de mansão localizada nos subúrbios de Tóquio, toda orquestrada com referências aos conceitos de animação e personagens dos filmes do estúdio. Um espaço moldado exclusivamente na estética e valores do mesmo. No museu podemos conhecer como foram realizados estes filmes passo a passo, como é que foram criados, arte conceptuais, e exibição de algumas curtas-metragens produzidas exclusivamente para a visualização neste recinto, rodando de programação mensalmente. Este local também apresenta uma arquitetura religiosamente referente aos diversos filmes, muitos dos seus famosos personagens estão lá, incluindo um robot em tamanho real de Laputa no jardim, um café temático da viagem de Chihiro e um jardim infantil com um grande Totoro como escorrega. “Vamos perder-nos juntos” este é o lema de um museu cheio de atalhos e passagens secretas, desenhado pelo próprio Hayao para que as crianças “percam-se” dos pais e entrem numa divertida viagem em que a única coisa que precisam, é seguir os próprios instintos. Como não bastasse este museu é quase todo interativo, praticamente todos objetos foram desenhados para que os seus visitantes mexam, toquem, apertem e abram qualquer coisa que vejam pela frente. Este local é tão famoso que pessoas de todo o mundo tentam comprar os bilhetes com meses de antecedência!

    Com a Ghibli é difícil saber onde começa e acaba a fantasia, mistura elementos do mundo real, poderosas mensagens, personagens muito humanas, valores e traços artísticos muito contemporâneos. Quanto ao segredo do seu sucesso permanece uma incógnita, exceto para a mente brilhante que o concebeu.


    Artigo enviado pelo nosso leitor Bruno Reis. Podem enviar as vossas reviews para o email admin@otakupt.com.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    Lucio
    Lucio
    13 , Julho , 2019 3:20

    Como sempre trazendo bons artigos, meus parabéns cara.

    Red
    Red
    13 , Julho , 2019 3:20

    Matéria informativa, direta e sensacional, parabéns aos envolvidos

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Reply to  Red
    13 , Julho , 2019 4:17

    Muitíssimo obrigado

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