Com o ChatGPT a reacender a conversa sobre o futuro da animação numa era em que qualquer pessoa consegue criar uma imagem com recurso a IA, Goro Miyazaki, diretor do Studio Ghibli e filho do lendário Hayao Miyazaki, revelou que o estúdio continua a apostar na animação tradicional. Goro reconhece os avanços impressionantes da IA, mas não se mostra preocupado uma vez que a magia do Studio Ghibli não pode ser replicada por um algoritmo.
Goro Miyazaki mostrou-se surpreendido numa recente entrevista à AFP com a rapidez com que a tecnologia de IA avançou e mencionou que os filmes poderão ser feitos inteiramente com IA dentro de alguns anos.
Não seria de estranhar se, daqui a dois anos, houvesse um filme feito completamente por IA.
Apesar do poder da IA, Goro continua convencido de que nem a tecnologia nem os jovens criadores podem substituir o seu pai, Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli em 1985.
Se o meu pai e Toshio Suzuki não conseguem fazer anime, quem o conseguirá?
Não é algo que possa ser substituído.
Uma das razões para a sua postura é a experiência única do seu pai com a guerra, o que dá aos seus filmes uma mistura de “doçura” e “cheiro a morte” que Goro diz que a IA nunca será capaz de capturar.
É impossível recriar a mesma essência, a mesma atitude que a geração do meu pai tinha nos seus filmes.
Por outro lado, Goro também reconheceu que a IA tem o seu lugar na indústria. Vê-o como uma ferramenta útil tanto para conceptualizar ideias como para a produção em si. No entanto, não acredita que os fãs estejam à procura de animações totalmente geradas por IA. E embora alguns estúdios já estejam a experimentar esta tecnologia, como o anime “Twins Hinahima“, que foi transmitido a nível nacional no Japão, Goro não acredita que os fãs de anime vão abraçar completamente este tipo de conteúdo.
De qualquer forma, Goro continua otimista. Apesar da IA, acredita que a tecnologia também pode abrir portas para que novos talentos surjam e encontrem o seu caminho no setor. E de facto, Iizuka Naomichi, realizador de “Twins Hinahima”, partilha desta visão, garantindo que a IA, no final de contas, pode ser uma ferramenta que dá mais oportunidades aos animadores. Mesmo que a IA continue a avançar, parece que a essência do Studio Ghibli permanecerá insubstituível durante muitos anos.
Falou bem, AI é lixo mesmo.