Final Fantasy VII Rebirth foi, sem dúvida, um dos melhores jogos lançados em 2024. Mesmo que não tenha ganho a cobiçada estatueta de Geoff Keighley, conquistou por completo o coração dos seus fãs. O jogo segue imediatamente de onde o primeiro título da trilogia moderna de Final Fantasy VII terminou, ou seja, com a AVALANCHE a abandonar a cidade de Midgar para continuar a seguir o rasto de Sephiroth, o lendário ex-SOLDIER que perdeu a sua humanidade após descobrir a sua verdadeira natureza.

Embora Final Fantasy VII Rebirth tenha sido lançado para a PlayStation 5 em fevereiro de 2024, em janeiro de 2025 chegou finalmente ao PC, um intervalo de tempo muito mais curto do que vimos em Final Fantasy VII Remake. A Square Enix tem um histórico misto no que toca a adaptações para PC, tanto podem ser boas quanto desastrosas. Embora tenham existido melhorias em lançamentos mais recentes, tais como a trilogia Kingdom Hearts é impossível esquecer ports como NieR: Automata, que teve de esperar uns bons meses até se tornar minimamente jogável. Por isso, era natural sentir alguma apreensão em relação a esta versão de Final Fantasy VII Rebirth para PC. No entanto, após mais de 100 horas, posso afirmar que estamos diante da melhor port de PC da empresa até à data.

Tifa ou Aerith qual escolher? As duas!

Final Fantasy VII Rebirth pega na base estabelecida de Final Fantasy VII Remake Intergrade e eleva-a a um novo patamar. Existem sete grandes regiões para descobrir e explorar, cada uma repleta de vida e com inúmeros pontos de interesse para interagir. Pessoalmente, passei mais de 300 horas no jogo após o seu lançamento, conquistei todos os achievements da Steam e completei tudo o que o jogo tinha para me desafiar. Acreditem, este foi um dos jogos onde mais senti desafio, porque além de me colocar à prova numa panóplia de todos os géneros, a dificuldade nos desafios de combate VR obrigou-me a dominar todas as mecânicas do jogo.

Mas, claro, se se lançarem de cabeça sem saber o que esperar, ou mesmo após uma primeira experiência com Final Fantasy VII Remake, podem contar com um novo design de mundo aberto, acompanhado por algumas mudanças incríveis na jogabilidade. O sistema de combate foi reformulado com a introdução do novo sistema Synergy. Através desta nova adição, podemos executar ataques combinados com vários membros da equipa, repletos de estilo e dano.

As novas habilidades e técnicas são desbloqueadas através do Folio System, que à primeira vista pode lembrar o Sphere Grid de Final Fantasy X, ou o Crystarium do primeiro Final Fantasy XIII. Este é, na minha opinião, um dos melhores elementos de Final Fantasy VII Rebirth, pois permite escolher quais as habilidades que queremos desbloquear, de acordo com o nosso estilo de jogo. As interações entre as personagens estão muito mais diversificadas e conseguidas. Gradualmente vamos assistindo ao estreitamento de laços entre momentos repletos de emoção e muita comédia. Para assimilarem esses momentos além de terem de previamente ter jogado o jogo anterior devem também ter jogado Crisis Core: Final Fantasy VII Reunion, porque a vossa visita a Gongaga vai ter um sabor mais refinado. A banda sonora conseguiu o impensável e sem dúvida superou a do primeiro jogo. A mesma possui imensas variantes da mesma faixa musical e além de ser mais variada também consegue ter a proeza tem contar a história através da mesma, é deveras incrível e não foi à toa que aqui arrecadou a estatueta de melhor banda sonora nos The Game Awards 2024 de Geoff.

As interações das personagens estão muitos mais dinâmicas

Outro destaque de Final Fantasy VII Rebirth é a World Intel, gerida pelo sempre irritante Chadley e a sua “fiel” nova companheira M.A.I que surge sem qualquer introdução. Esta secção do jogo permite-nos completar mais de 175 objetivos espalhados por Gaia. Resolução de puzzles, reativação de torres e missões de combate são apenas algumas das tarefas que Cloud e a sua equipa vão ter de conquistar. Escusado será dizer que este conteúdo aumenta exponencialmente a longevidade do jogo. Contudo, a maior fatia dessas horas será canalizada para a mestria dos infindáveis mini-jogos. Final Fantasy VII ficou célebre pelos seus mini-jogos e, nesta segunda parte da sua versão moderna, a produção criou o maior número de mini-jogos que estes olhos azuis já presenciaram num RPG, e todos são mega exigentes. Por isso se quiserem ajudar o vosso “bro” Johnny a transformar a sua cabana num hotel de 7 estrelas na paradisíaca Costa del Sol, preparem-se, porque reunir todos os troféus vai levar-vos ao limite, sendo que o único “break” do vosso limite será atirar o comando ou o teclado à parede, com as sessões de abdominais da Tifa, um brawler 3D e uma certa faixa de piano que esteve bem perto de fazer isso acontecer aqui.

O mesmo não posso dizer do mini-jogo Queens Blood, um mini-jogo de cartas que adorei em todos os momentos e até tem uma mini sidequest que se adapta ao próprio ecossistema do jogo. O final do jogo abre imensas portas de interpretação porque termina naquele célebre momento que mudou os videojogos para todo o sempre. Poderia fazer quase uma tese como interpreto esse momento retratado neste segundo episódio da trilogia moderna, mas certamente que condicionaria a muitos spoilers nesta análise. Só vos digo que considero o sonho de Cloud algo muito importante.

Os mini-jogos vão levar-vos ao limite

Relativamente ao suporte a teclado e rato, está bem melhor do que eu esperava. Tinha experimentado Final Fantasy VII Remake no PC com teclado e rato para ver a sua praticabilidade, mas neste capítulo tudo está mais responsivo e confortável. Ainda assim, recomendo jogar com um comando, preferencialmente um DualSense, pois o jogo suporta Feedback Háptico e Gatilhos Adaptivos para oferecer a experiência completa da PlayStation 5, mas com melhor desempenho e qualidade, claro que tudo funciona apenas se o DualSense estiver ligado por USB. Se não tiverem estes comandos, os da Xbox também funcionam bem, mas, na minha opinião, os botões nos mini-jogos e no combate não são tão intuitivos quanto os da PlayStation.

É difícil descrever o quão melhor Final Fantasy VII Rebirth é no PC quando comparado às suas congéneres consolas. No entanto, e pelo que vi as alterações na iluminação são imediatamente visíveis, chegam a parecer etéreas em certas cenas, especialmente nas cinemáticas. Áreas como a Mythril Cave, onde a penumbra impera, estão muito superiores em relação às do jogo anterior, as sombras são mais dinâmicas e os reflexos de luz reagem às personagens de uma forma mais realista. As selvas de Gongaga e o Parque de diversões Gold Saucer são também dignos de destaque.

Joguei todo o jogo a 4K com DLSS a 100% (basicamente, DLAA ativado) e foi uma experiência incrível. Este é, sem dúvida, um dos jogos mais impressionantes de 2025. Cada personagem está incrivelmente detalhada, e os cenários são impressionantes, com cada cidade e região recheada de pormenores.

Final Fantasy VII Remake Intergrade já era impressionante no PC, mas mesmo assim fiquei muito surpreendido com o desempenho de Final Fantasy VII Rebirth. A Square Enix claramente desenvolveu esta port para acomodar uma grande variedade de configurações.

De salientar que, por ser um jogo criado em Unreal Engine 4, Final Fantasy VII Rebirth é muito mais exigente a nível de VRAM. Quem tiver uma placa gráfica com 8 GB de VRAM precisará fazer alguns ajustes, mas nada de preocupante ou que arruíne a experiência, mas é algo a ter em conta.

Consegui desfrutar de toda esta experiência a 4K com poucos compromissos. A resolução de ecrã no início está bloqueada, mas pode-se alternar entre Borderless Fullscreen e Windowed. Defini o Frame Rate para 120 FPS, mesmo sem atingir este valor em todos os momentos, pois notei algum stuttering quando se atingia o limite configurado, devido às próprias nuances deste motor e o seu controverso shader cache.

O jogo oferece três predefinições gráficas, Baixa, Média e Alta. Embora sejam boas bases, recomendo ajustarem manualmente as definições para obterem o melhor desempenho possível. A funcionalidade mais importante é a Dynamic Resolution Scaling, que, nas predefinições, está definida para um mínimo de 50%, o equivalente a DLSS Performance. Ao subir para 66%, obtém-se DLSS Quality, a 100% é equivalente à já referida DLAA e a 33% corresponde a Ultra Performance. Confesso que fiquei muito confuso com esta opção, mas garanto que a DLSS está presente e funciona. Ainda assim, seria melhor que fossem utilizados os termos padrão da indústria em vez de percentagens.

A definição Background Model Detail merece atenção. Embora fosse possível executar o jogo em Ultra na build que muitos de vocês já conhecem, optei por jogar em Alta para garantir um desempenho mais estável. Entre Alta e Ultra, a diferença visual é praticamente inexistente, mas a diferença na taxa de fotogramas é inexplicavelmente grande. As definições de Ocean Detail, Character Model Detail e Effect Details mantive em Ultra, pois as melhorias de desempenho ao baixar eram insignificantes.

Porém, a Texture Resolution é o ponto onde as placas gráficas de 8 GB podem começar a sentir dificuldades. Consegui correr o jogo em Ultra, mas com pequenas quedas de FPS durante os combates mais caóticos. Se com 32 GB de VRAM já assisti algumas quedas, com 8 GB os resultados serão ainda mais pronunciados.

Por fim, Shadow Quality e Fog Quality permitem otimizar o desempenho. Reduzir a Fog Quality trouxe melhorias notórias, enquanto a Shadow Quality pareceu não fazer diferença possivelmente devido a um bug.

Ativar a DLSS é essencial para tirar proveito do aumento de desempenho. No entanto, as opções Characters Displayed e Character Shadow Display Distance não tiveram impacto notável no desempenho. No geral, consegui manter Final Fantasy VII Rebirth entre 90 e 120 FPS a 4K, com estas definições. Alguns jogadores reportaram erros e crashes, mas não encontrei nenhum. A única questão técnica foram algumas instâncias na iluminação, em certas áreas, onde tudo fica escuro e, ao darmos alguns passos, tudo se ilumina, realmente não percebo porque tal acontece.

Final Fantasy VII Rebirth é, sem dúvida, um título obrigatório no PC. Com tudo o que oferece, é um RPG que ninguém deveria deixar de fora das suas bibliotecas de jogos. Foi criado para ser executado num maior número de sistemas. Comparado com a PlayStation 5, e até com a PlayStation 5 Pro, a versão de PC é a definitiva. Os modelos das personagens estão melhores, as taxas de fotogramas elevadas tornam o combate fluido e as possibilidades de mods… bem, são infinitas. Com os mods dos fatos clássicos de Tifa e Aerith, que já noticiei no site, os aumentos de level cap para 99 e texturas ainda mais refinadas… bem o céu é mesmo o limite.

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