A recente vaga de despedimentos na Microsoft, que afetou cerca de 9.000 funcionários em junho, gerou uma resposta contundente por parte de Shaun Noguchi, diretor-geral da EA Japan. O executivo utilizou as redes sociais para criticar a tendência crescente das empresas multinacionais exigirem retornos imediatos de investimentos que necessitam de mais tempo para amadurecer.
Os cortes na gigante tecnológica americana representaram uma redução de 4% da força de trabalho e impactaram particularmente a divisão Xbox. Vários projetos foram cancelados, incluindo jogos como Perfect Dark e Everwild, enquanto estúdios inteiros foram encerrados. A Microsoft justificou estas medidas como “necessárias para posicionar a empresa e as equipas para o sucesso num mercado dinâmico“.
Noguchi, que lidera uma empresa também de origem estrangeira, observa que “nos últimos anos tem havido uma tendência crescente, particularmente entre empresas com participação estrangeira, de exigir resultados de curto prazo de investimentos de grande escala“. Esta pressão leva as companhias a fazer “mudanças estratégicas para satisfazer as expectativas dos acionistas” sem dar tempo suficiente para que os investimentos deem frutos.
O comentário do executivo da EA ganha particular relevância quando se considera que a Microsoft investiu quase 100 mil milhões de dólares em aquisições de estúdios de videojogos nos últimos anos. Paradoxalmente, a empresa está agora a despedir precisamente o talento que trouxe valor a esses mesmos estúdios, numa decisão que Noguchi considera manifestamente míope.
“Sinto uma profunda dor” quando tais decisões são tomadas à custa dos equipas de desenvolvimento, declarou o diretor-geral da EA Japan. O executivo expressa particular frustração com “a realidade de ver algo que se construiu durante tanto tempo nunca chegar ao mundo, e o facto de os jogadores que esperavam por isso nunca conseguirem jogar“.
Microsoft despede até 9.000 funcionários numa nova vaga de cortes
Esta situação ilustra um dilema crescente na indústria dos videojogos, onde a pressão dos investidores por resultados rápidos entra em conflito com a natureza criativa e demorada do desenvolvimento de jogos. A crítica de Noguchi sublinha a necessidade de uma abordagem mais paciente e sustentável no setor, especialmente quando se trata de grandes investimentos em talento criativo.
Os despedimentos na Microsoft representam mais do que uma simples reestruturação corporativa, simbolizam uma mudança preocupante na forma como as grandes empresas tecnológicas encaram o desenvolvimento de entretenimento digital, privilegiando a eficiência financeira sobre a inovação criativa.
