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    Escritor de Chrono Trigger revela que “odiava videojogos” antes de descobrir Dragon Quest

    Masato Kato, argumentista de clássicos da Square como Chrono Trigger e Xenogears, partilha a história surpreendente de como se apaixonou pelos jogos

    O veterano da indústria de videojogos Masato Kato, conhecido pelo seu trabalho em títulos lendários como Chrono Trigger, Chrono Cross, Xenogears e Final Fantasy XI, surpreendeu os fãs numa entrevista recente ao revelar que inicialmente desprezava completamente os videojogos.

    Durante uma conversa, Kato explicou como a sua paixão pela literatura moldou os seus primeiros anos. O criativo japonês era um ávido leitor de ficção científica e romances de mistério anglo-saxónicos, sonhando em tornar-se mangaká ou ilustrador de ficção científica, seguindo os passos do Studio Nue, responsável pela série Macross.

    Não só não jogava videojogos, como na verdade odiava-os“, admitiu Kato entre risos, explicando a ausência total de referências a jogos nas suas influências iniciais. Esta atitude desenvolveu-se durante o boom dos videojogos no Japão, que começou quando Kato estava no ensino secundário, com o lançamento de Space Invaders em 1978.

    O futuro argumentista confessou que a sua aversão aos jogos estava parcialmente relacionada com a sua personalidade: “Odiava fazer o que toda a gente fazia. Como as pessoas são tão diferentes entre si, achava estranho como todos começaram subitamente a elogiar a mesma coisa“.

    Além desta resistência às tendências mainstream, Kato justificou a sua posição com questões de produtividade. Para alguém com um apetite insaciável pela leitura, o tempo gasto a jogar representava uma oportunidade perdida: “Se vou passar duas horas a jogar, não consigo deixar de pensar em quantos livros poderia ler nesse mesmo tempo“.

    A transformação radical na perspetiva de Kato ocorreu quando observou a sua irmã jogar Dragon Quest, o RPG criado por Yuji Horii. Esta experiência revelou-se uma epifania para o jovem criativo.

    Os RPGs eram completamente diferentes“, recordou Kato. “Num RPG, o jogador torna-se o protagonista e pode viver a história em primeira pessoa. Mesmo sendo tecnicamente um caminho linear onde se acionam eventos, o jogador pode mover-se livremente, escolher lutar, fugir, ficar numa estalagem e experienciar a história de salvar o mundo. Esse conceito impressionou-me profundamente“.

    Esta descoberta marcou o início de uma carreira brilhante na indústria. Pouco depois, Kato candidatou-se a uma posição na Tecmo (atual Koei Tecmo), onde trabalhou como artista na série Ninja Gaiden. Posteriormente, juntou-se à Square, onde escreveu o argumento para Chrono Trigger, um dos RPGs mais aclamados de sempre.

    A história de Kato ilustra perfeitamente o impacto revolucionário que Dragon Quest teve na indústria japonesa. Lançado em 1986, numa altura em que os RPGs ainda não eram populares entre os jogadores japoneses, o título de Yuji Horii conseguiu importar e popularizar o género, adaptando as mecânicas dos RPGs ocidentais para algo mais acessível e amigável para principiantes.

    Este exemplo demonstra como um único jogo pode transformar não apenas a perceção individual sobre o meio, mas também influenciar toda uma geração de criadores que viriam a definir o futuro da indústria de videojogos.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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