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    Político japonês gera polémica ao usar cosplay de Gundam em campanha eleitoral sem autorização

    Líder partidário vestiu-se de personagem que tentava destruir a Terra com asteroide, gerando críticas e resposta oficial da Bandai Namco

    screenshot video Taro Yamamoto, líder do partido Reiwa Shinsengumi

    As eleições japonesas para a Câmara Alta de 2025 ficaram marcadas por uma controvérsia inusitada que envolveu anime, política e direitos de autor. Taro Yamamoto, líder do partido Reiwa Shinsengumi e ex-actor, tornou-se alvo de críticas generalizadas após publicar um vídeo de campanha onde aparece disfarçado de Quattro Bajeena, uma personagem icónica da série Mobile Suit Gundam.

    O vídeo, divulgado a 18 de julho, mostra Yamamoto à frente à estátua do Unicorn Gundam em Tóquio, usando uma peruca loira, óculos escuros e um fato vermelho extravagante que imita o visual da personagem da série Zeta Gundam de 1985. No vídeo promocional, o político apresenta Maya Okamoto, uma conhecida actriz de voz japonesa com papéis importantes na franquia Gundam e candidata nas listas nacionais do seu partido.

    A escolha da personagem revelou-se particularmente desastrosa do ponto de vista político. Quattro Bajeena (também conhecido como Char Aznable) é famoso na série por tentar causar uma era glacial global ao fazer despenhar um asteroide na Terra, forçando a humanidade a emigrar para o espaço. A ironia não passou despercebida aos fãs de anime e utilizadores das redes sociais japonesas.

    As críticas online foram imediatas e contundentes. Muitos japoneses acusaram o Reiwa Shinsengumi de “usar propriedade intelectual alheia para ganhos políticos“. Minoru Ogino, um deputado conhecido por defender a liberdade de expressão em mangá e anime, classificou o acto como “palhaçada”.

    Os fãs de Gundam foram particularmente duros nas críticas, sublinhando que Yamamoto aparentemente desconhece ou interpretou mal gravemente as motivações políticas da personagem que escolheu representar. A escolha de um vilão que pretende dizimar a população terrestre para uma campanha política foi vista como, no mínimo, inadequada.

    A polémica escalou até ao ponto de a própria Bandai Namco, detentora dos direitos da franquia, emitir uma declaração oficial. A 22 de julho, a empresa esclareceu que “nas eleições de 2025 para a Câmara dos Conselheiros, certos candidatos fizeram campanha usando cosplay e vídeos/publicações nas redes sociais em situações que evocavam fortemente a imagem de personagens da série Gundam“. A empresa frisou que “a Bandai Namco Filmworks Inc. (estúdios SUNRISE) não deu permissão para isto e não apoia nenhum candidato em particular“.

    Esta situação ilustra os riscos de misturar cultura pop com política sem o devido cuidado, especialmente quando envolve propriedade intelectual protegida. O caso de Yamamoto serve como lembrete de que, no mundo digital actual, as campanhas políticas devem ser cuidadosamente planeadas para evitar controvérsias desnecessárias que podem prejudicar mais do que ajudar a causa.

    O partido Reiwa Shinsengumi, que se posiciona como progressista e populista de esquerda, viu assim uma das suas acções promocionais transformar-se numa dor de cabeça mediática precisamente quando mais precisava de apoio dos eleitores japoneses.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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