A ChinaJoy 2025, a maior convenção de entretenimento digital da China, voltou a estar no centro da controvérsia devido a uma extensa lista de animes e franchises proibidas. O evento, que decorreu entre 1 e 4 de agosto, negou a entrada a cosplayers vestidos como personagens de séries populares como Death Note, Devil May Cry, Parasyte e High School of the Dead.
A proibição, implementada pelo Ministério da Cultura e Turismo chinês, vai além do cosplay, abrangendo também a exibição, venda e divulgação de qualquer conteúdo relacionado com os títulos da lista negra. Segundo o aviso oficial publicado no evento, o objetivo é prevenir a disseminação de media que “viola valores fundamentais e a ordem pública e moral“.
A decisão gerou confusão entre participantes e cobertura mediática crítica, especialmente nos espaços online de língua chinesa. Muitos utilizadores da internet chinesa apontaram uma aparente contradição: algumas das obras proibidas defendem precisamente os valores que o governo chinês considera importantes.
O caso de Parasyte é particularmente ilustrativo desta contradição. A série explora a relação da humanidade com o meio ambiente e como ambos podem coexistir melhor, temas alinhados com as políticas ambientais oficiais da China. Similarmente, tanto Bloodstained: Ritual of the Night como Devil May Cry apresentam protagonistas que rejeitam a sua natureza demoníaca para combater o mal.
Os críticos da medida notam que muitas das franchises na lista negra tiveram início nos anos 2000 e início dos anos 2010, sugerindo que se trata de uma versão ligeiramente atualizada de uma lista criada há quase uma década. Esta suspeita é reforçada pelo facto de a ChinaJoy já ter sido criticada no passado por regulamentações de censura peculiares.
Em 2015, por exemplo, a convenção implementou regras que multavam cosplayers em cerca de 700 euros por exibirem mais de dois centímetros de decote ou usarem roupas consideradas demasiado curtas.
Embora algumas adições recentes à lista tenham justificações mais claras, como a proibição de My Hero Academia devido ao nome de uma personagem que involuntariamente fazia referência a vítimas chinesas e coreanas da Segunda Guerra Mundial, muitos questionam por que razão obras mais antigas e aparentemente inofensivas continuam banidas após todos estes anos.
A situação destaca os desafios enfrentados pela cultura pop japonesa na China, onde a popularidade do anime e mangá contrasta frequentemente com as políticas culturais restritivas do governo. Apesar das proibições, a ChinaJoy continua a atrair multidões de entusiastas de anime, jogadores e cosplayers, demonstrando o apetite persistente do público chinês por conteúdo de entretenimento japonês.