O Japão enfrenta uma transformação demográfica sem precedentes. Os dados oficiais divulgados esta semana pelo Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações revelam que a população do país diminuiu 908 mil pessoas em 2024, atingindo os 120,65 milhões de habitantes, a maior quebra alguma vez registada desde o início destes inquéritos em 1968.
O declínio populacional, que se prolonga há 16 anos consecutivos, afetou 46 das 47 prefeituras japonesas, sendo Tóquio a única exceção. Os números mostram um cenário preocupante: enquanto os nascimentos atingiram um mínimo histórico de cerca de 680 mil, as mortes subiram para um recorde de 1,59 milhões.
No entanto, há um fator que está a contrariar esta tendência. O número de residentes estrangeiros no Japão cresceu 10,65% num só ano, alcançando os 3,67 milhões, o valor mais elevado desde que estes registos começaram em 2013. Esta população representa agora praticamente 3% de todos os residentes no país, um aumento significativo face aos 2,66% do ano anterior.
A diferença etária entre as duas populações é gritante. Enquanto 85,77% dos residentes estrangeiros têm entre 15 e 64 anos (idade ativa), apenas 59,04% dos japoneses se encontram nesta faixa etária. No extremo oposto, só 6,08% dos estrangeiros têm mais de 65 anos, comparado com 29,58% dos japoneses.
Tóquio concentra o maior número de residentes estrangeiros (721 mil), representando 5,15% da população da capital. Contudo, algumas localidades rurais apresentam percentagens ainda mais elevadas, como Oizumi-machi na prefeitura de Gunma, onde os estrangeiros constituem cerca de 20% dos 42 mil habitantes.
Os dados oficiais mostram que o Japão tem atualmente mais de 2,3 milhões de trabalhadores estrangeiros, um aumento de 12,4% face ao ano anterior. As projeções indicam que o país poderá necessitar de até sete milhões de trabalhadores estrangeiros até 2040 para compensar o envelhecimento da população ativa japonesa.
Esta tendência sublinha como a imigração se está a tornar fundamental não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a sustentabilidade das comunidades locais japonesas. Se os padrões atuais se mantiverem, a população do Japão poderá descer abaixo dos 120 milhões já em 2026.
Não ficaria surpreendido se 90% dessa população estrangeira tenha escolhido viver lá por causa do universo mangá/anime/gaming.