O criador de BioShock, Ken Levine, partilhou no PlayStation Blog novos detalhes sobre Judas, o seu próximo projeto que promete revolucionar a forma como as narrativas se desenvolvem nos videojogos. Através de um dev log publicado pela Ghost Story Games, Levine revelou o sistema “Villainy”, uma mecânica central que determina qual das três personagens principais se tornará o vilão da história baseado nas ações e escolhas do jogador.
Ao contrário dos jogos anteriores de Levine, onde personagens como Fontaine em BioShock ou Comstock em BioShock Infinite eram sempre os antagonistas definidos, Judas adota uma abordagem completamente diferente. “As suas ações irão atrair membros dos Big 3 como amigos. Mas ignore um deles o suficiente, e ele torna-se o vilão”, explicou o designer.
O sistema funciona de forma dinâmica: quando uma das três personagens principais é consistentemente negligenciada ou tratada negativamente, essa personagem desenvolve-se como antagonista e ganha acesso a novos poderes para sabotar os objetivos do jogador. Esta mecânica força os jogadores a fazer escolhas difíceis sobre em quem focar a sua atenção e energia.
Levine inspirou-se no sistema Nemesis de Middle-earth: Shadow of Mordor, mas com uma abordagem mais focada no desenvolvimento de personagens. “Em Judas, vai conhecer estas personagens intimamente. Queremos que perder uma delas seja como perder um amigo”, afirmou o criador.
As três personagens principais, conhecidas como “Big 3”, competem ativamente pela atenção do jogador. Podem oferecer subornos, salvar o jogador em combate, criticar outras personagens e partilhar os seus segredos mais profundos. Mais importante ainda, observam o comportamento do jogador e reagem não apenas às suas ações em combate ou exploração, mas especialmente às interações com as outras duas personagens.
Esta abordagem contrasta significativamente com BioShock Infinite, onde, apesar da relação desenvolvida entre o jogador e Elizabeth, ela sabia pouco sobre o jogador que controlava Booker. Em Judas, as personagens principais observam e formam opiniões sobre o estilo de jogo e as escolhas morais do jogador.
A Ghost Story Games completou recentemente testes com jogadores que experimentaram o sistema Villainy pela primeira vez. O feedback revelou que os jogadores ficaram genuinamente interessados em aprender mais sobre as motivações das personagens e quais foram os momentos que levaram um dos Big 3 a ajudara ou trair o jogador.
Além do sistema de jogabilidade, Levine também revelou a nova arte promocional do jogo que podem ver em cima, inspirada no trabalho de Drew Struzan e nos cartazes de filmes clássicos como Star Wars. A escolha do estilo reflete a amplitude do elenco de Judas, que incluirá mais de cem personagens com falas.
Quanto à data de lançamento, Levine mantém-se cauteloso: “Embora desejássemos poder dar uma data exata hoje, ainda não estamos prontos para a finalizar. As datas de lançamento têm tendência para escorregar, e gostaríamos de evitar ter de mudar a data após a anunciarmos”.
O desenvolvimento de Judas marca o regresso de Ken Levine aos videojogos narrativos após anos de trabalho silencioso na Ghost Story Games. O jogo promete ser uma evolução natural das ideias exploradas em BioShock, mas com uma abordagem mais sofisticada às relações entre personagens e consequências narrativas.
O meu sucessor espiritual de BioShock. Se as coisas derem para o torto com BioShock 4, espero que pelo menos Judas possa trazer de volta aquele mesmo sentimento que apenas os primeiros 2 jogos me conseguiram trazer.