A Valve registou recentemente a patente Steam Frame e os detalhes do documento oficial permitem uma leitura mais técnica do que poderá estar em desenvolvimento. A descrição do registo não se limita a uma categoria específica e abrange consolas para utilização doméstica, periféricos como comandos e acessórios, e até hardware de uso geral associado a videojogos e multimédia. Esta amplitude sugere que a Steam Frame poderá assumir várias formas.
O texto do registo indica que o dispositivo poderá funcionar como uma plataforma autónoma, capaz de executar jogos de forma semelhante à Steam Deck com integração de acessórios comparáveis aos já existentes para o Valve Index. Esta formulação abre espaço para diversos cenários possíveis.
A Steam Deck foi lançada em 2022, e basicamente é um PC form factor otimizado para correr jogos SteamOS que está equipado com a APU AMD personalizada baseada em Zen 2/ RDNA 2 (Aerith), 16 GB de RAM LPDDR5 e armazenamento SSD NVMe. O design é centrado na portabilidade, mas é limitado pela autonomia da bateria, pela refrigeração e pelo espaço físico disponível para upgrades. Apesar destes registos, demonstrou ser um hardware altamente adaptável, com suporte quer para jogos locais como para streaming através do Steam Link.
O Valve Index foi lançado em 2019 e foi o primeiro headset VR desenvolvido diretamente pela Valve. Embora inovador na altura, com ecrãs LCD de 144 Hz, campo de visão alargado e controladores com rastreamento individual dos dedos, tornou-se tecnologicamente ultrapassado face a concorrentes, tais como o Meta Quest 3 ou dispositivos com ecrãs micro-OLED. O capacete exigia ligação a um PC premium, o que limitava a adoção por parte de utilizadores casuais.
É neste contexto que surge a Steam Frame. Os documentos de registo são intencionalmente vagos, mas permitem algumas hipóteses técnicas:
O Steam Frame poderia ser uma evolução da Steam Deck em formato de consola doméstica. Tecnicamente, faria sentido utilizar uma APU mais moderna, possivelmente baseada em Zen 5 e RDNA 3.5/4, para garantir suporte a Ray Tracing, AV1 e maior eficiência energética, o que permitiria competir diretamente com a PlayStation 5 e a Xbox Series, mas mantendo a abertura do ecossistema PC e a vasta biblioteca da Steam.
Outra possibilidade é a Steam Frame se materializar a rumorado Deckard. Neste caso, poderia integrar um SoC de alta performance com capacidade de processamento local e suporte a streaming de jogos VR (Wi-Fi 6E ou Wi-Fi 7), para reduzir a dependência de cabos. O ecrã poderia avançar para micro-OLED com HDR real e maior densidade de píxeis por polegada para corrigir as limitações do Valve Index.
Contudo, o cenário mais ambicioso seria um dispositivo multifuncional que funcionasse não só como consola doméstica, como também base para VR e centro de streaming multimédia. Para isso, seriam necessárias soluções técnicas avançadas, tais como uma arquitetura modular para permitir acoplar ou destacar módulos VR, compatibilidade com periféricos atuais, Steam Deck dock, comandos Index, e integração de serviços em nuvem e suporte gráfico dedicado com tecnologias super sampling. O nome Steam Frame também sugere o nome de “moldura” o que pode conotar para um significado de janela para diversos mundos ou formas de interagir.
