A província canadiana de Alberta implementou uma polémica medida que vai resultar na remoção de vários mangá das bibliotecas escolares, incluindo títulos aclamados como Berserk de Kentaro Miura. A decisão surge na sequência da Ordem Ministerial 030/2025, emitida em julho pelo Ministro da Educação Demetrios Nicolaides, que exige a remoção de livros com representações visuais explícitas de atos sexuais.
A lista preliminar compilada pelo Conselho de Escolas Públicas de Edmonton, que supervisiona 120.000 estudantes, identificou 226 livros para remoção. Entre os mangá visados encontram-se o volume 3 de Berserk, os volumes 1-11, 13-14 e 18 de Black Bird de Kanoko Sakurakoji, e o volume 12 de Trigun Maximum de Yasuhiro Nightow.
A medida inicial causou controvérsia ao incluir obras literárias reconhecidas como The Handmaid’s Tale, levando a uma atualização da ordem a 8 de setembro através da Ordem Ministerial 034/2025. A nova versão permite representações escritas de conteúdo sexual, mas mantém a proibição de representações visuais, o que continua a afetar diretamente os mangá devido à sua natureza gráfica.
As regras aplicam-se a estudantes até ao 12.º ano e abrangem tanto bibliotecas como salas de aula. Quando a ordem entrar em vigor a 6 de janeiro de 2026, será extensiva a todas as escolas públicas, católicas, francófonas, charter e independentes de Alberta, potencialmente afetando mais de 800.000 estudantes em toda a província.
O caso de Berserk é particularmente significativo, dado que se trata de uma obra considerada um marco do mangá seinen, dirigido a jovens adultos. A série, conhecida pela sua narrativa complexa e arte detalhada, contém efetivamente cenas de violência e conteúdo sexual maduro, o que justifica a sua classificação etária elevada no Japão.
Black Bird, um mangá shōjo popular entre adolescentes, também foi incluído na lista, sugerindo que os critérios de avaliação podem ser mais restritivos do que inicialmente antecipado. A obra, que mistura romance paranormal com elementos sobrenaturais, tem sido uma escolha comum nas bibliotecas escolares norte-americanas.
A decisão de Alberta reflete tensões crescentes em várias jurisdições sobre o acesso de menores a conteúdos considerados inadequados. No entanto, críticos argumentam que a medida pode privar os estudantes do acesso a obras culturalmente significativas e limitar a sua exposição à diversidade literária global.