O presidente e CEO da Sony Pictures Entertainment, Ravi Ahuja, revelou numa conferência recente a estratégia da empresa em relação à Crunchyroll e à concorrência no mercado de streaming de anime. Segundo Ahuja, plataformas rivais como Netflix e Hulu funcionam essencialmente como “educadoras” que introduzem o público ao anime, antes de estes migrarem para a Crunchyroll em busca de uma experiência mais aprofundada.
“Vai haver anime noutros serviços. A Hulu tem anime, a Netflix tem anime, e isso é ótimo porque, na nossa perspetiva, as pessoas são educadas sobre anime lá e depois vêm para a Crunchyroll”, explicou o executivo. Quando questionado se a Crunchyroll era o maior serviço de streaming de anime, Ahuja foi categórico: “Sim. De longe”.
A confiança da Sony assenta na demografia dos consumidores de anime, que se concentra maioritariamente nas gerações Alpha e Z. Ahuja sublinha que existe uma “enorme procura por conteúdo anime” entre estes grupos etários, contrastando com a menor aderência entre millennials e a Geração X. Esta tendência demográfica representa uma oportunidade de crescimento sustentado à medida que estas gerações amadurecem e aumentam o seu poder de compra.
A estratégia da Sony beneficia também da sua posição privilegiada na produção japonesa através da Aniplex, empresa que permite à companhia estar profundamente envolvida na criação de conteúdo original. Esta vantagem competitiva complementa-se com os esforços da Crunchyroll para se tornar num serviço “orientado para membros autênticos”, oferecendo mangá digital, e-commerce e outros produtos além do streaming.
Esta perspetiva não é nova entre os executivos da Sony e Crunchyroll. O CEO Rahul Purini expressou opiniões semelhantes em 2024, sugerindo que fãs casuais educados em plataformas generalistas procuram posteriormente experiências mais profundas na Crunchyroll. O CFO Travis Page também defendeu em 2022 que a diversidade de fornecedores no mercado contribui para o crescimento da audiência.
Ex-chefe de anime da Netflix admite falhas na estratégia de produções originais
Contudo, o panorama está a mudar significativamente. A Netflix reduziu investimentos em produções originais, optando mais pelo licenciamento, numa estratégia reconhecida pelo antigo Chief Anime Producer Taiki Sakurai como potencialmente equivocada. Simultaneamente, a Crunchyroll tem-se tornado “mais cuidadosa” nas negociações de preços, segundo Daijo Kudo, Chief Anime Officer da KADOKAWA, numa altura em que a plataforma domina o mercado americano após absorver a Funimation.