A longa disputa judicial entre a Bungie e a empresa de cheats AimJunkies chegou ao fim com a desistência oficial do recurso no tribunal. O caso, que se arrastava há quatro anos, tornou-se histórico por ter resultado no primeiro veredicto de júri a responsabilizar uma empresa de cheats por violação de direitos de autor.
Em 2021, a Bungie apresentou uma queixa num tribunal federal de Seattle, acusando a AimJunkies.com de violação de direitos de autor e marca registada relacionada com software de batota para Destiny 2. As mesmas acusações foram direcionadas à Phoenix Digital Group, várias pessoas ligadas à empresa e um programador.
O caso distinguiu-se por ter sido o primeiro desta natureza a ser julgado por um júri. Durante o julgamento, em maio de 2024, a AimJunkies defendeu que nunca tinha acedido ou modificado diretamente o código protegido do jogo. A Bungie, por seu lado, argumentou que as atividades da empresa constituíam uma violação óbvia e flagrante dos direitos de autor.
O júri de Seattle decidiu a favor da criadora de videojogos, considerando todos os réus responsáveis por violação direta, indireta e contributiva de direitos de autor. A Phoenix Digital Group e os restantes arguidos foram condenados a pagar danos equivalentes aos lucros reais obtidos, num total de 63.210 dólares.
Insatisfeita com o resultado, a AimJunkies recorreu da decisão. Paralelamente, a Bungie tinha obtido numa arbitragem separada uma indemnização adicional de quase 4,4 milhões de dólares em danos e custas judiciais.
As discussões para um acordo começaram em dezembro de 2024, mas não progrediram como esperado. Em agosto de 2025, o advogado da AimJunkies queixou-se ao tribunal da falta de capacidade de resposta da Bungie e das constantes consultas internas necessárias para questões de rotina.
Devido a problemas de saúde do advogado, a AimJunkies solicitou o adiamento da sua alegação inicial para 19 de setembro de 2025. Contudo, essa alegação nunca foi apresentada, uma vez que ambas as partes concordaram, no último minuto, em desistir do recurso.
Na segunda-feira, ambas as partes informaram o tribunal da sua decisão de arquivar o caso. Embora a documentação oficial não mencione qualquer acordo, estabelece que cada parte suportará os seus próprios custos e taxas.
Segundo uma mensagem enviada ao site TorrentFreak, alegadamente por um representante da AimJunkies, a empresa assume total responsabilidade pelas suas ações. No comunicado, admitem que o software de cheats violou os direitos de autor registados da Bungie para Destiny 2, contornou as medidas de proteção tecnológica e violou o acordo de licença de software.
A mensagem inclui ainda um pedido de desculpas dirigido à Bungie e aos jogadores de Destiny 2 afetados pelas suas ações. Contudo, a autenticidade desta declaração não foi verificada, já que foi enviada de um endereço de email desconhecido e nem o advogado da AimJunkies nem a equipa jurídica da Bungie responderam aos pedidos de confirmação.
Com a desistência do recurso, o veredicto do júri mantém-se válido, obrigando a AimJunkies a pagar os 63.210 dólares de indemnização, para além da quantia de 4,4 milhões de dólares determinada na arbitragem separada. No momento da redação desta notícia, o website oficial da AimJunkies encontrava-se offline, sugerindo que a empresa pode ter encerrado completamente as suas operações, incluindo cheats para outros jogos não relacionados com a Bungie.