O domínio do YouTube no universo das transmissões ao vivo está a ser seriamente ameaçado. Dados recentes revelam que o YouTube Live está a sofrer uma quebra significativa à medida que plataformas como Kick e TikTok conquistam cada vez mais espaço no mercado do streaming.
O relatório trimestral da Streamscharts sobre o panorama global das transmissões ao vivo no terceiro trimestre de 2025 trouxe números preocupantes para o gigante do vídeo. O YouTube Live registou uma queda superior a 10% no número de horas visualizadas quando comparado com o trimestre anterior, caindo abaixo dos 50% de quota de mercado pela primeira vez em vários anos.
Esta é uma mudança notável para uma plataforma que tem dominado consistentemente o espaço das transmissões ao vivo. A análise da Streamscharts abrangeu todas as principais plataformas de streaming mundiais, incluindo YouTube, TikTok, Twitch, Kick, SOOP Korea, CHZZK, Rumble e NimoTV.
Os números mostram que o YouTube Live mantém ainda a liderança com 45% do mercado, mas a tendência é claramente descendente. As horas visualizadas caíram para 13,25 mil milhões, representando uma descida de 10,6%. É a primeira vez em anos que a plataforma fica abaixo da marca psicológica dos 50%.
O principal responsável por esta erosão é o TikTok Live. A plataforma transformou-se numa potência no mundo do streaming, conquistando 31,4% do mercado de transmissões ao vivo. Destes, 4,4% são dedicados especificamente a gaming, um segmento que está rapidamente a tornar-se um dos pilares fundamentais da plataforma.
A evolução do TikTok é notável. Aquilo que começou como uma aplicação onde adolescentes dançavam ao som de músicas populares transformou-se num ecossistema complexo de criação de conteúdo. As funcionalidades de monetização da plataforma são particularmente agressivas e lucrativas, oferecendo aos streamers incentivos financeiros que são difíceis de ignorar.
Esta estratégia de monetização intensiva é precisamente o que tem atraído criadores de conteúdo em massa. Para muitos streamers, especialmente aqueles que procuram maximizar os seus rendimentos, o TikTok tornou-se uma opção demasiado atrativa para ser descartada.
Mas o TikTok não é a única ameaça. A Kick continua a crescer, apesar de estar constantemente envolvida em polémicas. O site opera sob escrutínio intenso devido a diversos episódios controversos relacionados com o tipo de conteúdo que permite, mas isso não tem impedido os streamers de aderirem à plataforma como mais uma alternativa para as suas transmissões.
O mercado do streaming está claramente a ficar saturado. Há demasiadas plataformas a competir pela atenção dos espectadores e pelo tempo dos criadores de conteúdo. A Twitch, outrora a rainha indiscutível do streaming de videojogos, também tem sentido a pressão desta fragmentação.
Para o YouTube, a situação representa um desafio estratégico significativo. A plataforma investiu fortemente no YouTube Live nos últimos anos, tentando posicionar-se como uma alternativa credível à Twitch para streamers de gaming e outros criadores de conteúdo ao vivo. Integrou funcionalidades de monetização, melhorou as ferramentas para criadores e tentou atrair nomes sonantes com contratos de exclusividade.
No entanto, os dados sugerem que essas iniciativas não foram suficientes para manter o ritmo face à concorrência agressiva. A realidade é que os espectadores têm agora mais opções do que nunca, e os criadores estão dispostos a experimentar múltiplas plataformas simultaneamente para maximizar alcance e receitas.