Um em cada cinco portugueses sofre de apneia do sono, segundo estimativas nacionais. O problema afeta principalmente homens acima dos 40 anos e caracteriza-se por paragens respiratórias durante a noite, com consequências que vão desde o cansaço crónico até problemas cardiovasculares graves. Muitos nem sequer sabem que têm a doença.
A partir de agora, quem tem um Galaxy Watch pode receber alertas sobre possíveis sinais de apneia obstrutiva do sono, graças a uma atualização que chegou esta semana a Portugal. A funcionalidade, disponível através da aplicação Samsung Health, usa inteligência artificial para analisar padrões respiratórios durante o sono e identificar interrupções significativas.
O sistema precisa de duas noites de monitorização para fornecer uma avaliação inicial. Durante esse período, os sensores do relógio registam dados sobre a respiração e procuram padrões característicos de apneia moderada a grave. A ideia não é substituir um diagnóstico médico, mas sim alertar as pessoas para procurarem ajuda especializada caso os sinais apareçam.
Portugal junta-se assim a outros 69 mercados onde a tecnologia já estava disponível. A expansão foi possível depois de a Samsung ter obtido a marcação CE, que certifica o cumprimento das normas europeias de segurança e saúde. Antes disso, a funcionalidade já tinha recebido luz verde de entidades reguladoras nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Coreia do Sul, Austrália e Singapura.
A aprovação da FDA americana foi particularmente relevante por ter sido a primeira do género para um dispositivo vestível capaz de detetar apneia do sono. Esse reconhecimento abriu caminho para que outros países seguissem o mesmo processo regulatório.
Muito além da apneia
A deteção de apneia é apenas uma peça num puzzle bem mais complexo de funcionalidades relacionadas com o sono e o bem-estar geral. O Galaxy Watch inclui agora uma pontuação de energia, que cruza informações sobre qualidade do sono, frequência cardíaca, níveis de atividade física e stress para dar uma visão global do equilíbrio físico e mental.
Esta métrica também reflete o impacto de hábitos como beber álcool ou jantar tarde demais. A ideia é que os utilizadores percebam como pequenas mudanças na rotina afetam os níveis de energia ao longo do dia.
Outra novidade é o índice antioxidante, que mede a concentração de carotenoides na pele. Estes pigmentos naturais funcionam como um marcador indireto da quantidade de antioxidantes que consumimos através da alimentação. O relógio dá feedback em tempo real e sugere ajustes, como comer mais frutas e vegetais.
A hidratação também entrou para o menu de funcionalidades monitorizadas. É possível registar manualmente quanto se bebe ao longo do dia, definir metas personalizadas e receber lembretes no pulso quando é altura de beber água.
O chamado treinador de sono vai mais longe ao usar algoritmos de inteligência artificial para interpretar todos estes dados biométricos e criar recomendações personalizadas. Desde sugestões sobre a melhor hora para ir dormir até dicas para melhorar a higiene do sono, o objetivo é ajudar cada pessoa a encontrar a rotina que funciona melhor para si.
O quarto também conta
A Samsung quis ir além do corpo e olhar também para o ambiente onde dormimos. Os relatórios de sono podem agora integrar dados recolhidos por dispositivos domésticos conectados através do SmartThings, o ecossistema de casa inteligente da marca.
Temperatura, humidade, níveis de dióxido de carbono e luminosidade do quarto passam a fazer parte da equação. A análise cruzada entre estas condições ambientais e as métricas corporais permite perceber se o espaço está otimizado para um sono reparador ou se há ajustes a fazer.
Esta abordagem mais holística reflete uma tendência crescente na tecnologia vestível: deixar de olhar apenas para métricas isoladas e passar a considerar como diferentes fatores interagem entre si. O sono deixou de ser visto como um período passivo de descanso e ganhou protagonismo como pilar fundamental da saúde preventiva.
Com milhares de portugueses afetados por distúrbios do sono sem saberem, ferramentas de deteção precoce podem fazer diferença ao encaminhar pessoas para avaliações médicas adequadas. A apneia do sono não tratada está associada a hipertensão, diabetes, depressão e maior risco de acidentes cardiovasculares.
