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    CEO da Take-Two afirma que inteligência artificial não consegue criar próximo Grand Theft Auto

    Strauss Zelnick defende que IA produz apenas conteúdo derivativo e olha para trás enquanto criatividade da Rockstar é orientada para o futuro

    O CEO da Take-Two Interactive, Strauss Zelnick, não acredita que a inteligência artificial tenha capacidade para desenvolver jogos da envergadura de Grand Theft Auto. Numa entrevista realizada esta semana em Nova Iorque, o executivo abordou diretamente as limitações da tecnologia quando aplicada à criação de experiências verdadeiramente inovadoras.

    Apesar de Grand Theft Auto 6 ainda não ter sido lançado, as conversas sobre o futuro da franquia já começaram. Em particular, a questão sobre como a IA poderá influenciar o desenvolvimento de Grand Theft Auto 7 e títulos subsequentes tornou-se tema recorrente na indústria.

    Zelnick levantou uma questão jurídica fundamental sobre o uso de IA na criação de conteúdos. Segundo o CEO, produzir propriedade intelectual com recurso a inteligência artificial implica que essa mesma propriedade não pode ser legalmente protegida.

    “Temos de proteger a nossa propriedade intelectual, mas mais do que isso, temos de estar atentos aos outros”, explicou Zelnick à CNBC. “Se criares propriedade intelectual com IA, ela não é protegível”.

    Esta observação toca num ponto crítico para empresas que dependem de franquias valiosas. A incapacidade de proteger legalmente conteúdo gerado por IA poderia abrir portas a cópias e imitações sem consequências legais, minando completamente o modelo de negócio de estúdios como a Rockstar.

    Resultado seria derivativo e medíocre

    Mesmo num cenário hipotético sem quaisquer restrições sobre como a IA pode ser utilizada, Zelnick mantém-se cético quanto aos resultados. O executivo questionou se seria possível simplesmente carregar num botão e produzir algo equivalente ao plano de marketing de Grand Theft Auto.

    “A resposta é não”, afirmou categoricamente. “A, ainda não consegues fazer isso, e B, sou da opinião de que não acabarias com nada muito bom. Acabarias com algo bastante derivativo”.

    Esta posição contrasta com o entusiasmo generalizado na indústria tecnológica sobre as potencialidades da IA generativa. Enquanto muitos executivos abraçam a tecnologia como solução para acelerar desenvolvimento e reduzir custos, Zelnick adopta uma perspectiva mais cautelosa.

    IA olha para trás, criatividade olha para a frente

    O CEO da Take-Two identificou aquilo que considera a limitação fundamental da inteligência artificial: a sua natureza retrospetiva. Segundo Zelnick, a IA baseia-se em dados históricos e modelos preditivos, o que significa que só consegue recombinar e reinterpretar o que já existe.

    “A IA é ‘olhar para trás'”, explicou o executivo. As produções de IA podem “parecer novas” devido aos modelos preditivos utilizados, e embora existam problemas que os dados sobre os quais é construída possam resolver, continuam a existir áreas onde simplesmente não consegue.

    “Qualquer coisa que envolva computação de dados retrospetivos, é realmente boa nisso e isso aplica-se a muitas coisas”, disse Zelnick. “O que fazemos na Take-Two, qualquer coisa que não esteja ligada a isso, vai ser mesmo, mesmo má”.

    Esta distinção é particularmente relevante para franquias como Grand Theft Auto, conhecidas precisamente por ultrapassarem fronteiras e criarem experiências que definem géneros em vez de simplesmente seguirem tendências estabelecidas.

    A defesa de Zelnick baseia-se na convicção de que o trabalho desenvolvido pela Rockstar Games transcende mera competência técnica ou agregação de dados. Os jogos da série Grand Theft Auto tornaram-se fenómenos culturais não por seguirem fórmulas estabelecidas, mas por reinventarem constantemente o que é possível em mundos abertos interativos.

    Grand Theft Auto V, lançado originalmente em 2013, continua a gerar receitas significativas mais de uma década depois. Este longevidade excecional deve-se a uma combinação de narrativa envolvente, gameplay refinado e um mundo que parece vivo de formas que as métricas tradicionais dificilmente conseguem capturar.

    A expectativa em torno de Grand Theft Auto 6 demonstra precisamente este ponto. Apesar do longo intervalo desde o último título numerado da série, a antecipação mantém-se em níveis extraordinários, algo que nenhuma ferramenta de IA conseguiria replicar através de análise de dados históricos.

    Grand Theft Auto 6 tem lançamento agendado para 26 de maio de 2026 nas Xbox Series X|S e PlayStation 5. O título representa anos de desenvolvimento pela Rockstar, envolvendo milhares de profissionais e investimento de centenas de milhões de dólares.

    As declarações de Zelnick surgem num contexto onde várias empresas de videojogos têm experimentado com IA generativa para acelerar produção de assets, diálogos e até mecânicas de jogo. A posição cautelosa do CEO da Take-Two contrasta com esta tendência, sugerindo que pelo menos algumas das maiores empresas da indústria permanecem céticas quanto ao potencial transformador da tecnologia.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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