
A Yahoo tomou uma medida drástica no mercado japonês para combater a revenda especulativa de videojogos. A partir de 13 de novembro, as plataformas Yahoo Auctions e Yahoo Flea Market vão impedir que vendedores coloquem jogos novos a preços superiores ao recomendado pelas editoras durante o primeiro mês após o lançamento.
A decisão surge como resposta a uma prática que se tem agravado nos últimos anos. Jogos populares esgotam rapidamente nas lojas oficiais e reaparecem quase de imediato em sites de revenda com valores inflacionados, por vezes duplicando ou triplicando o preço original. Esta dinâmica prejudica consumidores que querem adquirir os jogos de forma legítima.
Segundo o comunicado da empresa, qualquer listagem que viole esta regra será removida automaticamente. Em casos mais graves, a Yahoo pode suspender a conta do vendedor. A medida aplica-se exclusivamente a jogos novos durante as primeiras quatro semanas após chegarem ao mercado, período crítico em que a procura costuma ser mais elevada.
A Yahoo justifica a decisão referindo que tem recebido pedidos para criar um ambiente onde as transações ocorram “a preços adequados e justos”. A empresa já tinha tomado medidas contra outras práticas abusivas, como listagens de produtos que os vendedores não tinham em stock ou uso indevido de imagens.
O caso da Nintendo Switch 2, lançada em junho de 2025, serviu de ponto de viragem. Na altura, a Yahoo proibiu completamente as listagens da consola para evitar perturbações no mercado secundário. Essa intervenção mais agressiva parece ter funcionado como teste para políticas mais abrangentes.
Esta nova regra não surge isolada. A Nintendo estabeleceu parcerias com as principais plataformas de revenda do Japão, Yahoo, Mercari e Rakuten Rakuma, para impedir listagens não autorizadas de produtos relacionados com a marca, especialmente a Switch 2. As três empresas comprometeram-se a partilhar informação e remover proactivamente anúncios problemáticos.
O fenómeno da revenda especulativa tornou-se particularmente visível durante a pandemia, quando a escassez de componentes eletrónicos dificultou a produção de consolas. Revendedores aproveitaram-se da situação para comprar stock em grandes quantidades e revender com margens absurdas. Embora a situação tenha melhorado, certas edições limitadas ou lançamentos muito aguardados continuam a ser alvo desta prática.
No Japão, onde o mercado de segunda mão tem enorme relevância cultural e económica, estas plataformas online movimentam milhões de transações mensalmente. A Yahoo Auctions é uma das mais antigas e populares, funcionando de forma semelhante ao eBay nos mercados ocidentais.
A questão divide opiniões. Alguns defendem que estas medidas protegem consumidores e garantem acesso mais justo aos produtos. Outros argumentam que interferem na liberdade de mercado e que os preços deveriam ser determinados pela oferta e procura, mesmo que isso resulte em valores mais altos.
Para os jogadores, especialmente os que procuram edições físicas de títulos populares, esta pode ser uma vitória significativa. Jogos como os da série Persona, Monster Hunter ou Zelda costumam esgotar rapidamente no Japão, e encontrá-los depois sem pagar uma fortuna era praticamente impossível nas plataformas de revenda.
A implementação começa esta quinta-feira e vai abranger todo o catálogo de jogos novos lançados a partir dessa data. Resta saber se outras plataformas fora do Japão vão seguir o exemplo ou se esta se manterá como uma particularidade do mercado nipónico.









