
A Sega anunciou a 12 de novembro uma revisão significativa no seu sistema de compensação salarial. A medida afeta tanto os funcionários atuais como os futuros contratados, numa altura em que a competição por talento na indústria dos videojogos se intensifica a nível global.
A partir de 1 de abril de 2026, os salários base dos colaboradores permanentes da Sega no Japão vão aumentar uma média de 10%. Paralelamente, o ordenado inicial oferecido a recém-licenciados universitários passa de 300 mil para 330 mil ienes mensais, o equivalente a cerca de 1.841 euros. Trata-se de mais um aumento percentual na ordem dos 10%.
Esta não é a primeira vez que a empresa japonesa mexe nos vencimentos. Em julho de 2023, a Sega já tinha implementado um aumento substancial, elevando os salários de entrada de 222 mil para 300 mil ienes. Em menos de três anos, o ordenado inicial para novos colaboradores terá subido quase 50%, um movimento que reflete as transformações profundas no mercado de trabalho japonês.
A Sega justifica estas alterações com a necessidade de criar um ambiente onde os funcionários possam trabalhar com tranquilidade, tendo em conta o aumento do custo de vida e as mudanças sociais mais amplas. A empresa admite também que pretende ganhar vantagem no recrutamento e desenvolvimento de talento face à crescente competição internacional.
O novo sistema introduz uma estrutura salarial mais flexível baseada nas funções específicas de cada colaborador. Parte dos bónus anuais será convertida em salário base, uma mudança que proporciona maior estabilidade financeira aos trabalhadores. Esta conversão de bónus variáveis em remuneração fixa tem sido uma tendência crescente entre grandes empresas japonesas do setor.
A Sega não está sozinha neste movimento. Outras gigantes da indústria dos videojogos no Japão, como a Konami e a Capcom, têm implementado aumentos salariais semelhantes. A Sony e a Bandai Namco foram ainda mais longe, abolindo completamente o sistema de bónus em favor de salários médios mais elevados.
Esta vaga de aumentos salariais reflete várias realidades do mercado japonês. Por um lado, o custo de vida no Japão tem aumentado, pressionando as empresas a ajustar os vencimentos. Por outro, existe uma competição feroz por profissionais qualificados, especialmente na área do desenvolvimento de jogos, onde as competências técnicas são altamente valorizadas e procuradas.
O mercado global de videojogos tem visto um crescimento explosivo nas últimas décadas, e as empresas japonesas enfrentam agora concorrência não apenas entre si, mas também de estúdios ocidentais e chineses que frequentemente oferecem pacotes de compensação mais atrativos. Para manter os seus melhores talentos e atrair novos profissionais, empresas como a Sega têm sido forçadas a rever as suas políticas salariais tradicionais.
O timing deste anúncio também é relevante. Com a implementação marcada para abril de 2026, a Sega ganha tempo para ajustar orçamentos e preparar a transição. Abril é tradicionalmente o início do ano fiscal no Japão e o mês em que novos licenciados entram no mercado de trabalho, tornando-se um momento estratégico para implementar mudanças salariais.
A estrutura mais flexível baseada em funções específicas também representa uma mudança cultural significativa. Historicamente, muitas empresas japonesas operavam com sistemas de progressão salarial fortemente ligados à antiguidade. A Sega parece estar a afastar-se desse modelo, dando mais ênfase às responsabilidades e competências específicas de cada posição.









