
A presidente da Xbox, Sarah Bond, voltou a falar sobre a consola de próxima geração da marca num contexto em que muitos jogadores questionam o compromisso da Microsoft com hardware físico. Numa nova entrevista à Fortune, Bond reafirmou que o hardware permanece “absolutamente central” para a Xbox, ao mesmo tempo que delineou uma visão ambiciosa para o futuro que combina poder de processamento com portabilidade e acesso multiplataforma.
As declarações surgem numa altura em que a Xbox se prepara para realizar um novo evento Partner Preview agendado para 20 de novembro. O showcase focado em parceiros third-party incluirá títulos como 007 First Light da IO Interactive, Tides of Annihilation e Reanimal, com a participação confirmada de empresas como Tencent e THQ Nordic. Todos os jogos apresentados terão suporte Xbox Play Anywhere, permitindo jogá-los em consola, PC e dispositivos portáteis compatíveis com uma única compra.
“Hardware é absolutamente central”
Quando questionada sobre a importância do hardware para a Xbox num futuro cada vez mais focado em jogar em qualquer lugar, Bond foi categórica na resposta: “O hardware é absolutamente central para tudo o que fazemos na Xbox, porque sabemos que os nossos jogadores mais valiosos, as pessoas que adoram a Xbox, adoram a experiência de hardware. É por isso que estamos a trabalhar no nosso hardware de próxima geração”.
A presidente continuou explicando a visão da empresa para a próxima consola: “Vai ser uma experiência poderosa, e uma que também permite às pessoas levarem a sua biblioteca com elas, e isso é o que é realmente importante aqui também, é que sabemos que enquanto as pessoas querem jogar a sua biblioteca absolutamente na consola, também querem ser capazes de jogá-la no PC ou transmiti-la através da nuvem. E assim, a experiência Xbox começa com a consola mas depois dá algo às pessoas que elas podem experimentar em todos os ecrãs se escolherem, trazendo a sua biblioteca, a sua comunidade, a sua identidade, e a loja com elas para todo o lado onde forem”.
Esta não é a primeira vez que Sarah Bond faz grandes promessas sobre a próxima Xbox. Em maio de 2024, durante o Bloomberg Technology Summit, Bond afirmou que o foco da equipa estava em “entregar o maior salto de sempre” em termos de hardware. Na altura, explicou que isso significava “pensar através de cada aspeto do que esse hardware e essa experiência entrega tendo o jogador core em mente”, incluindo não apenas poder e performance, mas também a capacidade de levar décadas de jogos para o futuro.
Mais recentemente, em outubro, Bond descreveu a próxima consola como “uma experiência muito premium, de gama muito alta e curada”, sugerindo um afastamento da estratégia de acessibilidade que definiu a Xbox Series S. Esta escolha de palavras levou muitos a especular que a próxima Xbox poderá ser significativamente mais cara do que a geração atual.
A repetição suspeita de “experiência Xbox”
Na entrevista à Fortune, a forma como Bond repetiu constantemente a expressão “experiência Xbox” não passou despercebida. Alguns especulam que este pode ser já o nome escolhido para a próxima consola ou para o ecossistema que a empresa está a construir em torno dela.
A insistência em frases específicas não é novidade para Bond, que se tornou, juntamente com Phil Spencer, uma das principais porta-vozes da marca. No entanto, o discurso por vezes parece altamente ensaiado, seguindo um script cuidadosamente preparado que enfatiza os mesmos pontos: biblioteca portável, jogar em qualquer ecrã, comunidade e identidade unificadas.
Rumores sobre uma consola-PC híbrida
Embora Bond não tenha revelado detalhes técnicos concretos ou planos de lançamento, circulam há meses rumores de que a próxima Xbox será essencialmente um PC com uma camada de compatibilidade para a biblioteca existente de jogos de consola. Esta especulação ganhou força depois do lançamento das consolas portáteis Asus ROG Xbox Ally, que combinam hardware Windows com uma interface Xbox e acesso a lojas como a Steam e Epic Games Store.
Bond já tinha sugerido anteriormente que parte do pensamento por detrás da próxima geração pode já ser visto na Xbox Ally, o que aponta para uma integração mais profunda com Windows, potenciais funcionalidades de IA, ou uma abordagem de ecossistema mais unificado. Há até especulações de que a próxima Xbox permitirá acesso nativo a lojas como a Steam e Epic Games Store, transformando efetivamente a consola num PC especializado para jogos.

A desconfiança
As declarações de Bond chegam num momento de grande ceticismo em relação à estratégia da Xbox. Nos Estados Unidos, a Xbox Series X tornou-se significativamente mais cara do que a PlayStation 5, e mesmo no Reino Unido a diferença de preço é notável. O marketing da empresa tem incentivado os jogadores a afastarem-se das consolas tradicionais, e o enorme aumento de preço do Game Pass Ultimate, um tier usado principalmente por jogadores de consola, criou a perceção de que a Microsoft já não se preocupa verdadeiramente em vender hardware Xbox Series X e Series S.
A falta de exclusivos também não ajuda. Com jogos como Halo a chegarem à PlayStation, os fãs da Xbox já não têm uma proposta de valor única e tangível para apontar, especialmente se não estiverem interessados em serviços como Xbox Cloud Gaming ou Xbox Play Anywhere. A estratégia da Microsoft parece apostar em fazer crescer a plataforma horizontalmente através do cloud e PC, em vez de verticalmente através de vendas de consolas, mas os números concretos deste crescimento permanecem envoltos em mistério, já que a empresa se recusa a partilhar dados granulares sobre a saúde geral do negócio Xbox.
Alguns sites dedicados à Xbox têm até publicado artigos cada vez mais críticos da marca, refletindo a frustração crescente da comunidade. A escrutínio que a Microsoft enfrenta como uma empresa de um trilião de dólares é merecido, mas o bombardeamento constante da divisão Xbox tem sido particularmente intenso desde 2020.
Um dos pontos que Bond tem enfatizado consistentemente é o compromisso com a preservação de jogos. Quando assumiu a presidência da Xbox, uma das suas decisões foi estabelecer uma equipa dedicada à preservação de jogos, garantindo que gerações futuras e iterações futuras permitam aos jogadores levar os seus jogos consigo.
“Temos pessoas que têm jogado na Xbox há décadas e investiram milhares e milhares de dólares e horas connosco, e ser capaz de levar todos esses jogos com eles para o hardware do futuro”, explicou Bond numa entrevista anterior. Esta filosofia de retrocompatibilidade e de um ecossistema único tem sido uma das principais bandeiras da Xbox nos últimos anos.

Quando chegará a próxima Xbox?
Bond indicou que a nova consola ainda pode estar a alguns anos de distância. Considerando que a Xbox Series X e Series S foram lançadas em novembro de 2020, e que os ciclos de consolas têm tipicamente durado entre seis a oito anos, uma janela de lançamento em 2026 ou 2027 parece plausível, embora nada tenha sido oficialmente confirmado.
Antes disso, os jogadores terão de se contentar com os eventos regulares da Xbox, como o Partner Preview desta semana, onde o foco permanece nos jogos de parceiros third-party. A Microsoft também costuma realizar um evento Developer Direct em janeiro, onde apresenta análises mais profundas de jogos futuros, geralmente de first party mas ocasionalmente também de parceiros third-party.
Por enquanto, as declarações de Sarah Bond servem principalmente para tranquilizar os fãs preocupados de que a Xbox não está a abandonar o hardware, mesmo que a forma exata que esse hardware tomará permaneça um mistério cuidadosamente guardado.








