A conta oficial no twitter de Terra Formars anunciou que o mangá de Yu Sasuga (autor) e Kenichi Tachibana (ilustração) vai regressar na terceira edição de 2026 da revista Weekly Young Jump da Shueisha, que chega às bancas japonesas dia 18 de dezembro. Para quem acompanha a turbulenta história de publicação desta série, a notícia chega com algum alívio mas também com uma dose de ceticismo compreensível.
A última vez que os leitores viram um novo capítulo de Terra Formars foi a 10 de abril deste ano, quando o mangá entrou novamente em hiato. Na altura, a equipa anunciou que o regresso estava previsto para o verão, mas essa data acabou por ser adiada para o outono. Quando o outono chegou, surgiu novo adiamento, embora a equipa tenha garantido em novembro que ainda planeava retomar a publicação antes do final do ano.
O hiato de abril foi apenas o mais recente numa longa série de pausas que têm marcado a publicação de Terra Formars. A série tinha regressado em abril de 2024 após quatro anos de pausa total, um regresso muito aguardado pelos fãs que tinham ficado sem novos capítulos desde dezembro de 2019.
Essa pausa de quatro anos foi motivada por problemas de saúde de Yū Sasuga, o argumentista da série. O desenhador Kenichi Tachibana tinha chegado a confirmar no Twitter em agosto de 2021 que o mangá só voltaria quando Sasuga recuperasse completamente. Durante esse período, Tachibana manteve-se ativo ao lançar Gigantis, um outro mangá de ficção científica na revista Grand Jump da Shueisha em agosto de 2021, série que terminou em julho de 2023.
O regresso de 2024 trouxe esperança renovada. A edição 18 da Weekly Young Jump de 4 de abril apresentou Terra Formars na capa, com páginas a cores de abertura e um autocolante comemorativo. Mas essa alegria durou pouco. Apenas alguns meses depois, em abril de 2025, a série voltou a entrar em pausa.
Um percurso editorial acidentado
Lançado em 2011, Terra Formars começou a sua vida na revista Miracle Jump antes de se mudar para a Weekly Young Jump em 2012. A premissa de ficção científica gore sobre baratas humanoides gigantes em Marte conquistou rapidamente uma base de fãs dedicada, levando a múltiplas adaptações em anime, OVAs e até um filme live-action.
A Shueisha lançou o 22º volume em novembro de 2018 com um DVD de anime incluído, e o 23º volume só chegaria em julho de 2024.
A primeira série anime com 13 episódios, adaptando o arco Annex 1 do mangá, estreou em setembro de 2014. A sequela Terra Formars Revenge chegou em abril de 2016. Ambas as séries foram transmitidas pela Crunchyroll simultaneamente com a exibição no Japão. O mangá também inspirou um OVA de dois episódios em 2014 que adaptou o arco Bugs 2, lançado juntamente com os volumes 10 e 11. Um OVA separado, Terra Formars : Chikyū-hen, foi distribuído com os volumes 21 e 22 em agosto e novembro de 2018.
Em abril de 2016, o mangá ganhou uma adaptação para filme live-action que estreou nos cinemas japoneses, tentando capitalizar na popularidade da série no auge da sua publicação regular.
Terra Formars Live-action – trailer da transformação de Ichirō Hiruma
A questão que muitos fãs se colocam não é se o mangá vai voltar em dezembro, a data está confirmada, mas sim por quanto tempo vai conseguir manter uma publicação consistente. O padrão dos últimos anos tem sido claro, regressos breves seguidos de novas pausas, criando uma frustração crescente numa base de fãs que apenas quer ver a história avançar.
Os problemas de saúde de Sasuga são obviamente uma preocupação legítima e compreensível. Nenhum leitor deseja que um criador comprometa o seu bem-estar por causa de prazos editoriais. Contudo, a falta de comunicação clara sobre o estado real da série e a sucessão de datas adiadas tem tornado difícil para os fãs manterem-se investidos numa história que parece nunca conseguir encontrar estabilidade.
A Weekly Young Jump é conhecida por dar espaço aos seus criadores quando necessário, uma política editorial mais humana do que a de algumas revistas concorrentes. Mas mesmo para os padrões da indústria de mangá, onde pausas por motivos de saúde não são incomuns, Terra Formars tornou-se um caso particularmente extremo.
O regresso marcado para 18 de dezembro representa mais uma oportunidade. Se Sasuga e Tachibana conseguirem manter um ritmo sustentável, mesmo que mais lento do que o habitual para uma revista semanal, os fãs estarão certamente dispostos a aceitar esse compromisso em troca de progressão consistente da história. A alternativa, mais um breve regresso seguido de outra pausa indefinida, arrisca alienar definitivamente até os leitores mais dedicados.
