
Um funcionário do Mercado Municipal Grossista de Osaka fez uma descoberta perturbante em setembro, várias caixas de cartão repletas de frascos de vidro que pareciam conter órgãos e tecidos humanos. Os recipientes, descritos como semelhantes a frascos de compota ou café, estavam abandonados junto à área de recolha de lixo, alguns com o que pareciam ser nomes de pessoas escritos nas tampas.
O trabalhador, responsável pela limpeza das zonas de resíduos no mercado situado no distrito de Fukushima, notou de imediato que aquilo não era lixo comum. Segundo relatórios das autoridades, os materiais não se assemelhavam aos resíduos típicos do mercado, que normalmente processa vegetais e marisco, mas pareciam antes tecido que poderia ter sido removido durante cirurgias. Preocupado com os potenciais riscos para a saúde, contactou de imediato as autoridades.
A polícia de Osaka está agora a investigar o caso como uma possível violação da Lei de Eliminação de Resíduos do Japão. Esta legislação, em vigor desde 1970, estipula regras rigorosas para o tratamento de resíduos médicos, exigindo que hospitais e instituições médicas contratem empresas especializadas para eliminar adequadamente materiais que possam conter agentes patogénicos.
Os investigadores suspeitam que os frascos possam ter origem numa unidade de saúde ou instituição de investigação que terá optado por contornar os procedimentos legais de eliminação, possivelmente para reduzir custos. O Mercado Municipal Grossista de Osaka, descrito como o maior mercado da região oeste do Japão em termos de área total, movimenta diariamente enormes quantidades de produtos alimentares, tornando-se talvez um local escolhido estrategicamente para mascarar odores suspeitos entre os resíduos orgânicos de peixe e produtos hortícolas.
Este não é o primeiro caso de eliminação inadequada de resíduos médicos no Japão. A regulamentação de resíduos infeciosos foi introduzida em 1992 e revista em 2004 pelo Ministério do Ambiente, classificando estes materiais como resíduos industriais perigosos que requerem manuseamento especial. Apesar das regras rígidas, casos anteriores noutras prefeituras revelaram situações em que resíduos médicos foram deixados a apodrecer em armazéns ou abandonados em florestas quando empresas não cumpriram as normas.
A descoberta gerou especulação nas redes sociais japonesas. Alguns utilizadores questionaram se poderia estar relacionado com comércio ilegal de órgãos ou até atividades criminosas mais sinistras, embora a explicação mais provável aponte para uma tentativa de poupar nos custos de eliminação adequada por parte de alguma instituição médica.
As autoridades continuam a investigação para determinar a origem exata dos frascos e identificar os responsáveis pelo descarte ilegal. O caso reacende o debate sobre a fiscalização da eliminação de materiais médicos perigosos no país, evidenciando falhas no sistema que permitem que este tipo de resíduos escape aos canais apropriados e acabe em locais públicos.
O Mercado Central Grossista de Osaka, que funciona desde as primeiras horas da madrugada com leilões e movimento intenso de trabalhadores e compradores, representa um dos principais centros de distribuição alimentar da região de Kansai. A presença de material potencialmente contaminado numa área dedicada ao comércio de produtos frescos levanta sérias preocupações sobre segurança e saúde pública.









