
A editora Tokyo News Service anunciou que a autora de mangá Kiriko Nananan faleceu a 25 de dezembro de 2024, aos 52 anos. A notícia foi mantida em segredo durante um ano inteiro, respeitando os desejos da artista e da sua família.
Nascida a 14 de dezembro de 1972 em Tsubame, na prefeitura de Niigata, Nananan tornou-se uma das vozes mais distintas do mangá contemporâneo. A sua estreia aconteceu em 1993 com a obra Hole, publicada na revista Garo, uma das mais importantes plataformas de mangá alternativo no Japão.
Kiriko Nananan ficou conhecida pelo seu estilo minimalista e pela capacidade de transmitir emoções complexas através do que não era dito ou desenhado. Ao longo da carreira, a autora afirmou estar “obcecada por ver tudo o que existe entre as linhas”, utilizando os espaços nos painéis e os fundos como personagens para sugerir sentimentos como esperança ou vazio.
Esta abordagem única levou-a a recusar assistentes para o seu trabalho, ao contrário da maioria dos mangaká. Para Nananan, cada detalhe desempenhava um papel crucial nas suas histórias, tornando-as impossíveis de delegar.
A artista publicou principalmente nas revistas COMIC Are!, CUTiE comic e Feel Young, criando obras que exploravam a vida quotidiana e a sexualidade feminina com sensibilidade e realismo. O seu trabalho é frequentemente associado ao movimento La nouvelle mangá, que combina sensibilidades da banda desenhada europeia com narrativas japonesas.
Três adaptações

Blue, publicado originalmente em 1997, conta a história de duas estudantes do ensino secundário, Kayako Kirishima e Masami Endō, e a evolução da sua amizade para algo mais profundo. O mangá foi adaptado para um filme em 2001 e ganhou reconhecimento internacional quando a editora Fanfare/Ponent Mon o lançou em inglês em 2006.
Strawberry Shortcakes recebeu adaptação cinematográfica em 2006, consolidando Nananan como uma autora cujas histórias ressoavam para além das páginas. A terceira obra adaptada ao cinema foi Kabocha to Mayonnaise (Pumpkin and Mayonnaise, no título internacional), que estreou em 2017.
O talento de Nananan ultrapassou as fronteiras do Japão. Em 2008, venceu o Prix de l’école supérieure de l’image no Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, um dos mais prestigiados prémios europeus de banda desenhada.
Entre os seus trabalhos mais conhecidos encontram-se ainda Water, uma coleção de histórias curtas de 1996, Candy no Iro wa Aka e Haruchin.

Um legado de silêncio eloquente
A Tokyo News Service descreveu o legado de Nananan como alguém que “silenciosamente mas certamente desvendou emoções humanas universais e verdades através de palavras precisas e linhas bonitas”. A sua influência é frequentemente citada entre criadoras posteriores de mangá josei e alternativo.
A editora expressou gratidão pelo apoio demonstrado à artista ao longo da vida e carreira, pedindo respeito contínuo pela privacidade da família. A causa da morte não foi divulgada. Um funeral privado foi realizado apenas com membros próximos da família.
Aqui no OtakuPT apresentamos as nossas mais sinceras condolências à família e amigos de Kiriko Nananan.









