O mundo do anime está cheio de histórias sobre séries aclamadas que, a meio do caminho, tomaram decisões tão questionáveis que acabaram por afastar o público que as adorava. Seja por ganância dos estúdios, finais apressados ou escolhas narrativas simplesmente bizarras, estas dez séries provam que nem tudo o que brilha no início mantém o fulgor até ao fim.
10Sword Art Online
Poucos anime conseguem irritar tanto quanto Sword Art Online. O arranque prometia uma aventura épica de sobrevivência num videojogo mortal, mas rapidamente se transformou num festival de clichés onde Kirito resolve tudo sozinho enquanto coleciona meninas apaixonadas.
O arco Aincrad ainda tinha alguma dignidade, mas quando chegou Alfheim Online, a série revelou o seu lado mais problemático. Asuna, que tinha sido uma personagem forte e competente, passou a estar presa numa gaiola literal a servir de “princesa a resgatar”. O vilão Sugou chegou ao ponto de a molestar em cenas que nada acrescentavam à história.
Uma protagonista feminina foi “reduzida a nada mais do que o item de missão que o protagonista procura”. Kirito tornou-se o símbolo perfeito do personagem demasiado bom em tudo, sem falhas interessantes, impossível de levar a sério.
9Attack on Titan
A primeira temporada mudou a forma como se faziam histórias shonen. O mundo parecia infinito, os mistérios eram genuinamente intrigantes, e aquela sensação de desespero mantinha toda a gente colada ao ecrã. Mas o final? Dividiu o fandom ao meio.
A transformação de Eren num genocida convicto deixou metade das pessoas a dizer que era genial e a outra metade a sentir-se traída. Hajime Isayama, o próprio criador, admitiu que o final não saiu como planeava e que tem arrependimentos.
Entre os atrasos intermináveis entre temporadas e o debate tóxico que se instalou online, Attack on Titan passou de “a melhor coisa dos últimos anos” para “aquele anime que já ninguém quer discutir”.
8The Promised Neverland
A primeira temporada foi pura tensão psicológica. Crianças geniais a tentar escapar de uma quinta onde são criadas como gado para demónios? Brilhante. Grace Field House era claustrofóbica, o ritmo estava perfeito, e cada episódio deixava-nos sem fôlego.
Depois veio a segunda temporada e alguém na produção decidiu acelerar o processo até tudo se desintegrar. Arcos inteiros do mangá desapareceram, personagens importantes foram ignoradas, e o final foi tão apressado que parecia que tinham perdido o orçamento a meio.
Os fãs que esperavam ver a complexidade do material original ficaram com uma versão resumida que mais parecia um powerpoint mal feito.
7Tokyo Ghoul
Sui Ishida criou um mangá sobre identidade, moralidade e sobrevivência que era genuinamente perturbador e inteligente. A adaptação anime? Um desastre de decisões estranhas.
A primeira temporada ainda se safou, mas Tokyo Ghoul √A decidiu inventar a própria história em vez de seguir o mangá. O resultado confundiu toda a gente, quem tinha lido o mangá não percebia o que estava a acontecer, e quem só via o anime também não.
Quando chegou Tokyo Ghoul:re, tentaram enfiar temporadas de conteúdo em 24 episódios, resultando num caos narrativo onde nada tinha tempo para respirar. Um desperdício completo de material de qualidade.
6The Seven Deadly Sins
Este é o caso mais trágico de ganância corporativa a destruir um anime. As duas primeiras temporadas tinham animação vibrante, lutas espetaculares e personagens carismáticas. Depois a produção mudou da A-1 Pictures para a Studio Deen na terceira temporada, e tudo desmoronou.
As cenas de luta pareciam rascunhos inacabados, os enquadramentos eram desajeitados, e momentos épicos como a batalha entre Meliodas e Escanor tornaram-se memes pela má qualidade. Os fãs ficaram tão furiosos que criaram petições para reanimarem a temporada. É raro ver uma produção cair tão baixo tão depressa.
5Death Note
Durante 25 episódios, Death Note foi provavelmente o melhor thriller psicológico alguma vez feito em anime. Light contra L era puro cinema, duas mentes brilhantes em confronto constante. Cada movimento tinha três camadas de estratégia. Mas quando L morre, a série perde o norte completamente.
Near e Mello chegam como substitutos e simplesmente não funcionam. Falta-lhes a presença, o carisma, aquela energia que fazia de L tão magnético. O final com Light a ter um colapso patético parecia barato para alguém que tinha sido construído como um génio manipulador. A primeira metade é obra-prima; a segunda é um exercício de como desperdiçar momentum.
4Neon Genesis Evangelion
Evangelion sempre foi divisivo, mas com o tempo transformou-se num trabalho de casa obrigatório para fãs de anime em vez de entretenimento. Os dois últimos episódios abandonam completamente a narrativa tradicional e entram em monólogos filosóficos abstratos que ou te fascinam ou te irritam profundamente.
Hideaki Anno criou algo único, mas também criou décadas de debate tóxico sobre o que tudo aquilo significava realmente. As reconstruções e reinterpretações só pioraram a situação. Metade do público acha que é génio incompreendido, a outra metade está cansada de fingir que aquilo faz sentido.
Shinji Ikari também não ajuda, é tão passivo e auto-depreciativo que metade das pessoas simplesmente desiste de tentar criar empatia com ele.
3Darling in the Franxx
Começou como uma mistura interessante de mechas, drama adolescente e romance. Zero Two era uma protagonista fascinante, a relação com Hiro tinha química, e os primeiros episódios trabalhavam temas de individualidade e sacrifício de forma genuína.
Mas depois de metade da série, algo correu terrivelmente mal. Invasão alienígena do nada? Salto temporal absurdo? Final apressado que ignorou tudo o que tinha sido construído? Darling in the Franxx tornou-se no exemplo perfeito de “tinham ouro nas mãos e deitaram tudo fora”.
2Bleach
Durante anos, Bleach manteve-se firme ao lado de Naruto e One Piece como um dos três grandes. O arco da Soul Society é lendário, bem ritmado, emocionalmente forte, com lutas memoráveis. Mas depois de certo ponto, a série começou a arrastar-se indefinidamente.
Episódios de fillers intermináveis, arcos que não iam a lado nenhum, personagens que deixaram de importar. O arco Fullbring conseguiu a proeza de ser aborrecido mesmo para fãs dedicados. Quando finalmente acabou, já quase ninguém se importava. O regresso com Thousand-Year Blood War reacendeu algum interesse, mas o dano já estava feito há anos.
1One-Punch Man
A primeira temporada foi uma revolução. A Madhouse criou animação de outro mundo, a sátira aos super-heróis era inteligente, e Saitama era simultaneamente hilariante e existencialmente interessante. O problema é que a segunda temporada, produzida pela J.C. Staff, simplesmente não conseguiu manter o nível.
A animação ficou medíocre, o timing cómico perdeu-se, e aquilo que era sátira afiada transformou-se em paródia repetitiva. One-Punch Man não falhou por mudar de direção, falhou por se tornar comum quando tinha sido extraordinário.









