Depois de anos dominados por segundas e terceiras temporadas, a indústria do anime parece finalmente pronta para arriscar. 2026 chega carregado de estreias que prometem sacudir o medium, desde adaptações há muito aguardadas até sequelas que vão levar histórias conhecidas a território inexplorado.
10Daemons of the Shadow Realm
Quando Hiromu Arakawa anuncia um novo projeto, a indústria para para prestar atenção. A mente por trás de Fullmetal Alchemist e Silver Spoon regressa ao mundo da fantasia com uma história que mistura folclore rural japonês com criaturas sobrenaturais chamadas Daemons. No centro está um par de gémeos, Yuru e Asa, cujos destinos se entrelaçam de formas que desafiam a compreensão humana. Arakawa tem um dom raro para construir mundos que parecem simultaneamente mágicos e tangíveis, onde as questões morais nunca têm respostas simples. Se o estúdio Bones conseguir capturar a atmosfera do mangá, essa combinação única de tranquilidade rural e terror crescente, podemos estar perante um dos títulos definidores de 2026.
9Trigun Stargaze
Trigun Stampede surpreendeu muita gente em 2023. Pegou numa propriedade clássica e reinventou-a com animação CG de cortar a respiração e uma sensibilidade emocional que honrou o material original sem ter medo de arriscar. Stargaze, confirmado para janeiro de 2026, é o capítulo final desta saga reimaginada. O Studio Orange já provou que domina a técnica, mas a verdadeira questão é se vão conseguir manter o equilíbrio entre ação western sci-fi e os dilemas filosóficos que sempre definiram Vash the Stampede. A aposta é alta, se resultar, Trigun pode consolidar-se como a melhor reimaginação de uma franquia clássica em décadas.
8A Gentle Noble’s Vacation Recommendation
Nem tudo precisa de ser apocalíptico ou cheio de adrenalina. Às vezes, o que o público quer é simplesmente relaxar e ver personagens interessantes a viver aventuras mais pequenas e pessoais. É precisamente isso que A Gentle Noble’s Vacation Recommendation promete. Lizel é um nobre reencarnado noutro mundo que não tem interesse nenhum em salvar reinos ou derrotar demónios. O que ele quer é passear, provar comida local e conversar com pessoas fascinantes. É quase anti-isekai na sua abordagem, privilegiando momentos contemplativos sobre batalhas épicas. Para quem procura algo mais parecido com uma tarde tranquila do que com um thriller de ação, este pode ser o título perfeito.
7In the Clear Moonlit Dusk
O shojo está a viver um renascimento notável nos últimos anos, e In the Clear Moonlit Dusk parece destinado a tornar-se no próximo grande nome do género. A premissa é enganadoramente simples: Yoi é uma menina alta que as colegas tratam como um príncipe, e Ichimura é o rapaz que a vê como ela realmente é. Mas o mangá de Mika Yamamori vai muito além do romance básico, explorando temas de identidade, padrões de beleza e expectativas sociais com uma delicadeza rara. O traço do mangá é deslumbrante, cheio de luz suave e momentos cinematográficos que parecem feitos para animação. Se o estúdio conseguir preservar essa qualidade etérea, pode estar a caminho de criar algo tão memorável quanto Kimi ni Todoke ou Fruits Basket.
6The Darwin Incident
Alguns animes existem para entreter. Outros existem para incomodar, para fazer perguntas difíceis e deixar o espectador desconfortável. The Darwin Incident pertence claramente à segunda categoria. Charlie é um humanzee, metade humano, metade chimpanzé, criado como experiência científica e depois adotado por um casal humano. A história não facilita: eco-terroristas, extremistas, cientistas sem escrúpulos e uma sociedade que não sabe lidar com algo que desafia as suas categorias. O mangá tem sido comparado a Parasyte e Monster pela forma como usa elementos fantásticos para dissecar questões profundamente humanas. Se a adaptação respeitar a complexidade do material original e não tentar suavizar as arestas, pode tornar-se no anime mais perturbador e importante de 2026.
5Sentenced to Be a Hero
A ideia central é genial, e se heroísmo não fosse uma vocação, mas uma pena de prisão? Sentenced to Be a Hero vira os tropos de fantasia do avesso ao mostrar criminosos condenados que têm de matar monstros para redimir os seus pecados. Blade, o protagonista, é um ex-soldado que percebe rapidamente a hipocrisia do sistema: a sociedade glorifica a violência quando lhe convém, mas pune aqueles que a praticam fora do controlo estabelecido. É sátira negra misturada com ação brutal, e se o anime souber equilibrar o tom, suficientemente sério para respeitar os temas, mas com espaço para humor ácido, pode destacar-se como um dos dramas mais inteligentes do ano.
4Sparks of Tomorrow
Steampunk histórico ambientado no Japão da era Meiji? Sim, por favor. Sparks of Tomorrow, produzido pela Kyoto Animation, promete explorar um período fascinante da história japonesa quando tradição e modernidade colidiram violentamente. Kihachi e Inako descobrem o Catálogo Elétrico do Século XX, um documento que pode revolucionar o mundo através da eletricidade. Mas mais do que a tecnologia, a série parece interessada em capturar aquele momento histórico em que tudo parece possível, quando o futuro ainda é uma página em branco. A Kyoto Animation tem um histórico impecável na criação de mundos detalhados e personagens memoráveis, e este projeto pode ser mais uma pérola no seu catálogo.
3 Oedo Fire Slayer: The Legend of Phoenix
Samurais em anime são omnipresentes, mas raramente os vemos a fazer algo que não envolva espadas e honra. Hikuidori muda completamente o registo ao focar-se numa brigada de bombeiros da era Edo. Matsunaga Gengo, ex-samurai, é chamado para reconstruir uma equipa desprezada e desmoralizada. Enquanto incêndios misteriosos ameaçam a cidade, este grupo de marginais tem de provar o seu valor. É refrescante ver um anime de época que celebra coragem sem glamorizar violência, que mostra heroísmo através de salvamento em vez de combate. O conceito é forte o suficiente para atrair tanto fãs de dramas históricos como quem procura algo diferente do típico anime de samurais.
2Tamon’s B-Side
A indústria dos ídolos já foi explorada até à exaustão em anime, mas Tamon’s B-Side parece ter encontrado um ângulo fresco. Tamon é um ídolo perfeito no palco mas emocionalmente frágil nos bastidores. Utage é a fã que acidentalmente vê essa faceta escondida. A série, criada por Yuki Shiwasu de My Love Mix-Up!, interessa-se menos pela glamour e mais pelo custo psicológico da fama. É comédia romântica, sim, mas com uma consciência afiada sobre como a indústria do entretenimento pode esmagar as pessoas que sustenta. Se o estúdio J.C. Staff conseguir manter esse equilíbrio entre leveza e crítica social, pode ter nas mãos um sleeper hit genuíno.
1Kunon the Sorcerer Can See
Histórias sobre superar limitações físicas são sempre arriscadas, é fácil cair em clichés ou melodrama barato. Kunon the Sorcerer Can See Through, felizmente, parece ter encontrado o tom certo. Kunon é um rapaz cego que decide criar olhos mágicos através de magia de água. Em poucos meses, supera o próprio mestre. Não é uma história sobre tragédia ou superação lacrimosa; é sobre pura teimosia criativa, sobre recusar-se a aceitar limitações impostas. A Platinum Vision tem a oportunidade de criar algo verdadeiramente especial aqui, uma fantasia que trata magia como arte e ciência, onde o verdadeiro poder vem da imaginação e não da força bruta. Para quem está cansado de protagonistas overpowered que resolvem tudo à pancada, Kunon pode ser a alternativa perfeita.









