5 animes que estavam décadas à frente do seu tempo

Lançado em 1997 com 26 episódios, Neon Genesis Evangelion revolucionou o género mecha ao desconstruí-lo completamente. Em vez de se focar nos aspetos técnicos de robots gigantes, a série mergulhou profundamente na psique dos pilotos adolescentes que os operavam. Num período em que a saúde mental raramente era discutida abertamente em anime, Evangelion não teve medo de mostrar depressão, ansiedade e trauma de forma crua e realista. A série passa-se num futuro pós-apocalíptico onde a humanidade vive em cidades fortificadas e depende de robots gigantes chamados Evangelions para combater invasores alienígenas. Mas o verdadeiro inimigo não está lá fora, está dentro da mente de cada piloto.

Este filme de terror psicológico de 1997 parece ter sido feito para a era das redes sociais, apesar de ter estreado quando a internet ainda estava a dar os seus primeiros passos. Perfect Blue aborda fama tóxica, padrões de beleza impossíveis, relações parasociais e os perigos dos espaços online com uma precisão assustadora. A história segue Mima Kirigoe, uma ex-idol de J-Pop que decide trocar a música pela representação, enfrentando não só críticas ferozes dos fãs como também um perseguidor obcecado. Quando descobre um blogue falso que publica detalhes íntimos da sua vida, Mima começa a perder o controlo da realidade.

Se existe um filme responsável por trazer o anime para as audiências ocidentais, é Akira. Lançado em 1988 durante a era dourada da ficção científica japonesa, o filme impressiona até hoje pela qualidade de animação que parece desafiar o tempo. Mas para além dos visuais deslumbrantes, Akira explora corrupção governamental, distúrbios sociais, a natureza corruptora do poder e conflitos geracionais, temas que ressoam ainda mais forte nas sociedades contemporâneas. A história passa-se em 2019 na Neo-Tóquio, uma metrópole consumida por violência de gangues e instabilidade política. Quando Tetsuo Shima descobre ter poderes psíquicos após um acidente, o governo entra em pânico devido a eventos passados envolvendo um esper chamado Akira, responsável pela destruição original de Tóquio.

Estreado em 1995 com uma receção inicialmente morna que rapidamente se transformou em culto fervoroso, Ghost in the Shell é frequentemente citado como uma das obras de anime mais influentes de sempre. O filme inspirou produções como The Matrix e antecipou debates sobre identidade digital, fusão homem-máquina e o conceito de humanidade numa era tecnológica. Passado em 2029, o filme apresenta um mundo onde corpos humanos podem ser aumentados com cibernética e cérebros podem ligar-se diretamente à internet. Motoko Kusanagi lidera uma unidade de segurança pública que investiga indivíduos com “consciências hackeadas”, levando-a a questionar a própria natureza do eu e da realidade num mundo onde a fronteira entre humano e máquina já não existe.

Lançado em 1998 com apenas 13 episódios, Serial Experiments Lain é talvez o anime mais visionário desta lista no que toca à relação da humanidade com o mundo online. Numa época em que poucos tinham acesso regular à internet, a série explorou dependência digital, identidades virtuais, vigilância online e a dissolução das fronteiras entre realidade física e digital. A história segue Lain Iwakura, uma estudante introvertida cuja vida muda quando uma colega se suicida alegando que renasceria online num reino virtual chamado Wired. Ao investigar esta afirmação, Lain mergulha numa teia de conspiração e manipulação que faz a distinção entre os dois mundos desaparecer. A série continua a ser elogiada pela sua arte avant-garde e temas que soam ainda mais verdadeiros hoje.