5 filmes anime dos anos 90 que precisavam de um reboot urgente

Esta produção do estúdio Ghibli é completamente diferente do habitual. Nada de fantasia, nada de criaturas mágicas. Ocean Waves acompanha Taku, um rapaz que vive numa pequena cidade costeira, e a forma como a chegada de Rikako, uma nova aluna, abala o seu grupo de amigos. A história é contada através de memórias durante uma reunião de turma, explorando aqueles sentimentos confusos da adolescência que ninguém consegue expressar em voz alta. Ficou esquecido ao lado dos grandes sucessos do estúdio Ghibli, mas numa época onde todos vivem colados aos ecrãs e continuam com dificuldade em comunicar emoções, esta história sobre mal-entendidos e saudade faria ainda mais sentido hoje.

Se há um filme que definiu o anime de ação nos anos 90, foi este. A história segue Jubei, um samurai solitário que se vê envolvido numa conspiração com os Oito Demónios de Kimon, guerreiros com poderes sobrenaturais. Com a ajuda de Kagero, uma ninja com sangue venenoso, e Dakuan, um espião manhoso, Jubei precisa de desvendar o plano dos vilões enquanto enfrenta fantasmas do passado. A animação e as cenas de luta tornaram-no num fenómeno internacional ao lado de Akira e Ghost in the Shell. Um reboot bem feito poderia devolver ao anime de ação adulto o protagonismo que merece, mantendo a intensidade mas com mais inteligência narrativa.

Katsuhiro Otomo, o criador de Akira, escreveu esta sátira de ficção científica que parece ter previsto o futuro. A premissa é simples mas genial: uma cama hospitalar tecnológica chamada Z-001 é criada para cuidar dos idosos no Japão. Quando é atribuída a um senhor chamado Kijuro Takazawa, a máquina ganha vida própria e sai descontrolada pela cidade com o pobre homem lá dentro. O que em 1991 era ficção científica, hoje soa a alarme. Com empresas a desenvolverem robôs para cuidar de idosos e a tecnologia a substituir interação humana, Roujin Z merecia ser revisitado para lançar questões urgentes sobre como tratamos os mais vulneráveis quando o lucro corporativo se mistura com responsabilidade social.

Três histórias completamente diferentes, três visões distintas sobre o lado negro da humanidade. Memories junta três mestres do anime, Katsuhiro Otomo, Koji Morimoto e Tensai Okamura, para criar uma antologia de ficção científica. Magnetic Rose é um thriller espacial sobre amor obsessivo, Stink Bomb transforma um homem comum numa arma biológica ambulante com resultados hilariantes e trágicos, e Cannon Fodder mostra uma sociedade distópica viciada em guerra perpétua. Cada segmento aborda a relação destrutiva entre humanos, tecnologia e ambição de formas radicalmente diferentes, algo que continua perturbadoramente relevante décadas depois.

Mamoru Oshii criou uma das narrativas mais sombrias e politicamente densas do anime. Num Japão alternativo do pós-guerra, Kazuki Fuse pertence a uma unidade policial de elite brutalmente repressiva. Quando hesita perante uma jovem terrorista que se explode à sua frente, tudo muda. O encontro posterior com a irmã da jovem, Kei, transforma-se numa relação proibida que o obriga a questionar tudo em que acredita. Os temas do filme, vigilância governamental, manipulação política, militarização da polícia, parecem arrancados dos noticiários atuais. A ambiguidade moral da história e a forma contemplativa como trata a violência são raras no anime moderno, tornando um reboot não só desejável mas necessário.