Os anos 90 foram uma época absolutamente crucial para a popularização do anime no ocidente. Foi nessa década que séries como Dragon Ball, Sailor Moon e Neon Genesis Evangelion conquistaram milhões de fãs e abriram portas para que a animação japonesa se tornasse um fenómeno global. Mas enquanto esses títulos dominavam as televisões e conversas, dezenas de outras produções igualmente interessantes ficaram perdidas no meio do ruído.
7Serial Experiments Lain
Falar de internet e identidade digital em 1998 parecia ficção científica distante. Hoje, Lain parece assustadoramente profético. A série acompanha uma adolescente introvertida que recebe um email de uma colega que se suicidou. Esse email arrasta-a para dentro do Wired, um mundo virtual onde a fronteira entre o real e o digital se dissolve por completo. Com apenas 13 episódios, consegue ser mais perturbador e filosófico do que muitas séries com o triplo da duração. O problema? Era denso demais, estranho demais, e completamente diferente de tudo o que passava na televisão naquela altura. Ganhou prémios, ganhou culto, mas nunca ganhou as massas.
6Now and Then, Here and There
Há animes sombrios, e depois há Now and Then, Here and There. Um rapaz comum é arrastado para um mundo desértico e moribundo onde testemunha horrores de guerra que incluem tortura, fome e violência brutal. Não é uma aventura heroica onde tudo acaba bem. É uma descida ao inferno que não poupa ninguém, muito menos o protagonista que tenta desesperadamente manter a sua humanidade intacta. Estreou em 1999 e deixou muita gente desconfortável. Não é o tipo de série que recomendes casualmente a alguém, mas quem viu nunca esqueceu.
5Slayers
Antes de toda a gente começar a falar de isekai e aventuras de fantasia, havia Slayers. Lina Inverse é uma feiticeira poderosa que passa o tempo a roubar bandidos e a meter-se em sarilhos. O espadachim Gourry confunde-a com uma donzela em perigo, e a partir daí forma-se uma dupla improvável que atravessa um mundo cheio de magia, monstros e artefactos perigosos. A série equilibrava perfeitamente comédia com acção, tinha diálogos afiados e nunca se levava demasiado a sério. Mas com o tempo, foi sendo esquecida. Os fãs antigos ainda a adoram, mas perguntem a alguém com menos de 25 anos e provavelmente nunca ouviram falar.
4His and Her Circumstances
Hideaki Anno a fazer uma comédia romântica escolar não era algo que as pessoas esperassem depois de Evangelion. Mas foi exactamente isso que aconteceu em 1998. Yukino é a aluna perfeita que secretamente faz tudo para manter essa imagem. Souichiro parece igualmente perfeito, mas esconde as suas próprias inseguranças. A série desconstruía os arquétipos típicos do shojo enquanto explorava ciúmes, vaidade e a pressão de manter aparências. Visualmente era única, com experimentações que nunca se viam noutros romances escolares. Teve apenas uma temporada e deixou tudo em aberto, o que não ajudou à sua popularidade a longo prazo.
3Crest of the Stars
Ficção científica nos anos 90 era dominada por mechas e batalhas espaciais explosivas. Crest of the Stars foi na direcção oposta. A série focava-se em diplomacia, política interestelar e no desenvolvimento lento das relações entre personagens. Jinto é humano mas foi criado pela nobreza Abh, uma raça geneticamente modificada que domina o espaço. A sua amizade com a princesa Lafiel desenrola-se enquanto um conflito massivo se prepara ao fundo. Era cerebral, pausado, e investia pesadamente em construção de mundo. Exactamente o tipo de série que não conseguia competir com Gundam Wing pelo horário nobre da televisão.
2The File of Young Kindaichi
Detective Conan explodiu e tornou-se num fenómeno global. Kindaichi era igualmente bom, mas ficou sempre dois passos atrás. O neto do maior detective do Japão resolve crimes macabros em ilhas remotas, mansões isoladas e cruzeiros perigosos. Os mistérios eram inteligentes, as resoluções satisfatórias, e a dinâmica entre personagens funcionava bem. Teve até uma segunda temporada em 2014, mas voltou a passar despercebida. É o eterno segundo lugar num género que só tem espaço para um rei.
1Orphen
Fantasia com magia sempre teve público, mas Orphen nunca conseguiu capitalizar nisso. Um jovem mago abandona a sua escola depois de a professora se transformar num dragão devido a um acidente com uma espada mágica. Agora, com um novo nome e longe de tudo o que conhecia, Orphen procura uma forma de reverter a transformação. Tinha todos os ingredientes para funcionar: magia, aventura, uma missão emotiva. Mas Record of Lodoss War já tinha conquistado os fãs de fantasia, e Orphen chegou tarde demais para roubar essa fatia do mercado.







