O conceito de banir anime parece distante da realidade ocidental, onde mesmo os conteúdos mais polémicos encontram espaço em plataformas de streaming com avisos adequados. Contudo, em diversos países, certos animes continuam vetados por motivos que vão desde conflitos religiosos até representações gráficas consideradas excessivas.
7Sailor Moon
A icónica série foi banida na Arábia Saudita, incluindo todos os spin-offs e filmes. A razão prende-se com o choque entre protagonistas femininas fortes e as crenças religiosas tradicionais do país, onde os media favorecem predominantemente personagens masculinas como figuras centrais. Esta proibição estende-se à maioria dos títulos do género magical girl, cortando-os efetivamente dos serviços de streaming sauditas.
Apesar de ser considerada um clássico ao nível de Dragon Ball Z ou Naruto, a influência de Sailor Moon sobre a representação feminina nos animes não foi suficiente para escapar à censura num país com normas culturais específicas sobre o papel da mulher na narrativa mediática.
6Elfen Lied
Lançada em 2004, esta série ganhou reputação pelas suas perturbadoras representações de saúde mental, abuso e violência extrema. A China e a Rússia baniram Elfen Lied devido às suas cenas gráficas de sangue e nudez, com a China a invocar leis mediáticas rigorosas que proíbem shows de violência extrema. A Rússia, por sua vez, proibiu o anime em 2021, alegando que os temas maduros poderiam prejudicar espectadores jovens despreparados para processar o conteúdo.
A história de Lucy, que sofre bullying, tortura e um colapso mental que cria uma personalidade alternativa protetora, continua a ser elogiada noutros países por abordar tópicos raramente vistos nos animes dos anos 2000, mas permanece inacessível nestes territórios.
5Death Note
Apesar da enorme popularidade desde a estreia em 2006, Death Note enfrenta proibições na China e na Rússia. Um tribunal russo considerou os temas violentos centrados na morte demasiado perturbadores para menores, proibindo a distribuição ou gravação ilegal da série. A China aplicou as suas estritas leis mediáticas, considerando que a obra retratava violência em excesso. Curiosamente, antes do anime, o mangá já tinha sido banido quando estudantes chineses terão tentado criar as suas próprias versões do caderno da morte. O anime que popularizou a ideia de um protagonista vilão continua assim inacessível nestes mercados, mesmo sendo um marco do género de drama criminal.
4Hetalia: Axis Powers
Esta série notória retrata personalidades estereotipadas de diferentes países como personagens de anime, centrando-se na Segunda Guerra Mundial e nas relações políticas da época. A Coreia do Sul baniu a produção após uma petição em 2009, com cidadãos a considerarem a representação do seu país e povo ofensiva. O governo acatou o pedido, removendo a série das transmissões e serviços de streaming sul-coreanos. Ironicamente, mesmo após os criadores terem retirado a personagem sul-coreana, a proibição mantém-se até hoje. A série continua a ser um clássico de culto com uma base de fãs dedicada que aguarda um reboot, mas permanece vetada no território sul-coreano.
3Record of Ragnarok
Lançada em 2021, esta série mistura mitologia com battle royale, apresentando figuras conhecidas de várias religiões como Adão da Bíblia, Ares do panteão grego e Odin da mitologia nórdica. Embora tecnicamente não esteja oficialmente banida em nenhum país, a representação de divindades como Shiva gerou tal contestação entre cidadãos indianos que o governo removeu a série da Netflix Índia durante o ano de lançamento. A acusação de desrespeito a uma figura proeminente do hinduísmo foi suficiente para que a série desaparecesse do principal serviço de streaming que a exibia no país. Na prática, a remoção produz os mesmos resultados que uma proibição permanente, tornando o anime inacessível ao público indiano.
2Kite
Esta OVA de 1998, escrito, realizado e animado por Yasuomi Umetsu, consiste em dois episódios de 25 minutos que deixaram marca nos espectadores. Elogiada pelas sequências de ação e temas sombrios, a controvérsia concentra-se numa cena brutal de agressão sexual contra uma menor retratada em detalhe gráfico. A história segue uma menina órfã forçada a tornar-se assassina por um polícia corrupto, mergulhando num mundo de brutalidade. A versão não censurada está banida em muitos locais com leis rigorosas sobre representação de agressão sexual intensa. A Noruega proibiu especificamente a versão integral devido às suas leis sobre pornografia infantil nos media. Apesar da controvérsia, Kite é considerada influente em obras similares, incluindo a série Kill Bill de Quentin Tarantino.
1Midori: Shoujo Tsubaki
Se algum anime merece a designação de verdadeiramente traumatizante, é este filme de 1992 realizado por Hiroshi Harada. Com quase uma hora de duração, conta a história de Midori, uma menina órfã forçada a trabalhar para artistas de um espetáculo de aberrações que a abusam física e sexualmente. A natureza horrível do filme levou à sua proibição numa extensa lista de países devido às imagens que detalham abuso explícito de menores. O próprio Japão baniu a versão não censurada em 1999, ordenando a destruição das cópias originais do filme, embora a versão censurada permaneça permitida. Esta proibição nunca foi formalmente legislada, e em 2020 foi lançada uma versão das master tapes ao público japonês. A obra continua a ser descrita como mais próxima de torture porn do que de um filme compreensível, testando os limites do que pode ser considerado arte versus exploração.