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    As origens, herança e testemunho de Captain Tsubasa no futebol profissional

    O que têm em comum Fernando Torres, Del Piero, Andrés Iniesta, Lionel Messi, e tantos outros além de serem todos jogadores de futebol profissional? A resposta é uma série que muito recentemente lavou a cara e também partilha a mesma paixão, o futebol.

    Criado por Yoichi Takahashi numa pequena freguesia de Tóquio em 1981, Captain Tsubasa, dá-nos a conhecer a terna e eterna história de um rapazinho chamado, Oozora Tsubasa, que chega a uma pequena cidade rural com a sua mãe. Este numa tenra idade manifesta já ser um prodígio no futebol. Com os seus amigos, percorrem intermináveis relvados, enquanto solidificam amizades, conquistam rivais e disparam remates do mais especular e intenso que possam imaginar, caminhando rumo a uma vida profissional nesta arte.

    Embora seja um grande sucesso no Japão (chegando a vender mais de 100,000 de exemplares no seu formato Manga) foi fora deste que atingiu a sua notoriedade e fama. Muito possivelmente o país onde atingiu mais sucesso foi em Espanha, local onde foi batizado por Oliver y Benji. A série trocou o seu título original por referenciar duas das suas personagens principais. Enquanto Tsubasa, adotou o nome de Oliver, o seu companheiro e super guarda-redes ficou conhecido como Benji. Em Portugal inicialmente tivemos a versão original japonesa legendada na RTP 2 ao final das manhãs no início dos anos 90, depois passou para a RTP 1 legendada na língua de Camões, mas dobrada em Italiano, com outro nome Holly e Benji – Due fuoriclasse. Muitos anos mais tarde passou na integra dobrada em português nas manhãs da SIC, chegando alguns filmes a serem transmitidos na RTP 2. Como podem constatar, Captain Tsubasa também obteve um grande sucesso, algumas vezes até equiparando-se ao colosso Dragon Ball, no nosso país.

    Grande parte deste sucesso foi devido aos os seus fantásticos encontros caracterizados por movimentos dignos de um jogo de combate, enquanto percorrem intermináveis relvados, que muitos fãs especulam terem cerca de 25km. Outra das razões pela qual dia após dia me sentava na plateia foram os desenvolvimentos das personagens. Começamos por encontrar os nossos amigos como crianças do ensino básico, vimos-los a tornarem-se adultos e a tornarem-se vedetas de futebol internacional, foi quase como ver os nossos irmãos a crescer. Sem surpresa começamos a emular os remates devastadores, as defesas impossíveis destas personagens, e colocarmos “kun” no final dos nossos nomes. Lembro-me do meu irmão e o meu primo tentarem representar o Drive Shot (chuto orientado), mas sem sucesso, com inclusive com uma ou outra lesão ligeira.

    Evidentemente não fomos os únicos a tentar tais proezas. Fernando Torres, Lionel Messi, Iniesta, Alessando Del Piero, alguns dos melhores futebolistas da atualidade também o fizeram, e não ignoram o facto que a série foi um dos principais catalisadores que os levou a tornarem vedetas deste desporto, chegando muitas vezes a ser comparados às próprias personagens referente as suas incríveis performances nos relvados. Muito recentemente a imprensa chinesa até comparou o próprio Cristiano Ronaldo ao Tsubasa!

    O alcance de Captain Tsubasa, estendeu-se mais do que inspirar jogadores de futebol a praticarem esta modalidade. No seu país foi a causa que levou o mesmo a abraçar este desporto. Quando a série começou a sua serialização na Shonen Jump, o futebol estava em decadência neste país, o beisebol era essencialmente o único desporto nacional. Rapidamente devido à obra de Takahashi assistimos a uma demografia juvenil gradualmente a interessar-se pelo desporto rei. Também diversas estatuetas de Tsubasa e amigos podem ser encontradas na freguesia de Katsushika, terra natal do seu criador. Oozora Tsubasa caso não saibam será um dos anfitriões dos Jogos Olímpicos de 2020, agora agendados para 2021, devido à pandemia causada pelo COVID-19.

    Captain Tsubasa a semelhança do já referenciado, Dragon Ball, é uma série que sobreviveu ao teste do tempo. A sua habilidade para inspirar jovens é tremenda e eternamente sentida quando praticamos esta modalidade. E também um testemunho vivo da mestria dos jogadores profissionais já mencionados, como dos sonhos de qualquer criança. Contudo, sabiam que o molde do capitão falcão pode ter partido de um jogador profissional que existiu mesmo?

    Tsubasa pode ter sido baseado num jogador japonês, que não só percorreu o seu trajeto como também contribuiu para o desenvolvimento do desporto rei no seu país. Kazuyoshi Miura, àsà do jogador da Nankatsu, nasceu em Shizuoka, emergiu dos juvenis (vencendo quatro edições consecutivas) e logo após concluir os estudos, viajou para o Brasil e ingressou nas equipas do Santos e do Palmeiras. Quando voltou para o seu país natal, venceu a taça da Ásia de 1992, ajudando a seleção do Japão a percorrer um trajeto que ainda conseguimos sentir nestes tempos presentes. Contudo, por questões de tempo, Miura pode não ter sido essa influência, até porque a sua carreira profissional só começou a ser percorrida em 1986, ou seja, 5 anos após o lançamento original da obra de Yoichi Takahashi. Quando o mesmo era publicado, Miura ainda tinha 14 anos de idade, e só aos 15 viajou para São Paulo. Só em 1986 assinou pelo Santos, não obstante, a sua coincidência, o percurso de Kazuyoshi, pode ter influenciado a vida de Tsubasa. O manga terminou em maio de 1988, com Tsubasa a dar o pontapé de saída no mundial de Juniores na Holanda. Desde então a série foi posta de parte, voltando apenas em 1994, mas numa nova versão animada, que também passou nos nossos ecrãs, Captain Tsubasa J, cá foi conhecido como Super Campeões.

    Nesta continuação Tsubasa não está só, além dos seus companheiros, a série foca-se em Shingo Aoi, um rapaz que decide trocar o Brasileirão de Tsubasa, pelo Calcio da Italia. Novamente nesse ano, Miura, trocou o Santos pelo Genoa, tornando-se assim o primeiro japonês a pisar relvados numa equipa de elite. Atualmente “King Kazu” ainda pratica a modalidade, mesmo com 51 anos, é um dos jogadores e avançado do Yokohama FC.

    Em 2017, Miura entrou para a história do futebol, sendo o jogador mais velho da história ainda a praticar esta modalidade. 50 anos, sete dias e 48 horas, foi o anterior recorde estabelecido pelo britânico, Stanley Matthews. Como podem constatar os caminhos de King Kazu e Tsubasa foram essencialmente os mesmos, numa vida ainda com muito para escrever, ver e vibrar!

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Pico
    Pico
    11 , Junho , 2020 13:40

    Interessante.?

    Hollowfied
    Hollowfied
    11 , Junho , 2020 13:40

    Incrível que desde Captain Tsubasa a Jump nunca conseguiu um mangá de sucesso do estilo de futebol,lembro que quando era criança,assistia o anime e até hoje ficou puto quando o Japão ia enfrentar o Brasil e o anime simplesmente acaba.

    Samuel Silva
    Samuel Silva
    11 , Junho , 2020 13:41

    Adoro Captain Tsubasa quer o manga quer o anime. O Captain Tsubasa J é a minha adaptação favorita de todas, lembro-me de a ver no Canal Panda dobrada em espanhol. Queria tanto que o arco da world Youth fosse adaptado a anime!

    AcceleratorPT
    AcceleratorPT
    18 , Junho , 2020 12:59

    lol, a jogar o CT: DT enquanto leio Tsubasaception…

    btw, o artigo está fixe, mas só uma correção, o jogador que inspirou não foi o King Kazu, (ele jogou no Santos do Juary) mas outro que jogou no São Paulo, nos inicios dos 80’s, eu ajudei no artigo “Gol de Canela” um yt brasileiro na altura… Musashi Mizushima

    https://youtu.be/ivGtMOwJ7h4?t=91

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