Muitas séries japonesas são transmitidas num horário noturno devido à sua natureza mais adulta, mas no caso de Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury a série anime foi exibida às 17:00 no Japão para alcançar um publico mais novo, algo que não foi do agrado de todos e que levou alguns a apresentar queixa ao BPO, o comité de ética de radiodifusão japonesa.
Depois da exibição do 12º episódio da série anime o BPO recebeu reclamações de telespectadores sobre uma cena violenta cuja descrição podem ler em baixo (spoiler).
Na cena climática, a heroína Suletta usa a mão do seu robô gigante para esmagar fisicamente um ser humano. Uma poça de sangue aparece depois dela esmagar a pessoa, e o seu braço decepado é mostrado a bater na parede.
O BPO informou na sexta-feira passada que discutiu a cena na sua 253ª reunião a 24 de janeiro. Um pai escreveu à organização alegando que estava a assistir à série anime com o seu filho em idade escolar e que “a cena foi tão chocante que tanto eu quanto o meu filho ficaram atordoados e sem palavras”. Outro espectador reclamou que a cena horrível não foi visualizada com antecedência e que eles acharam que o visual era inadequado para o horário.
O BPO respondeu da seguinte forma em 3 pontos:
- “Embora o sangue do braço decepado mude para uma cor mais escura ao ser lançado no ar, não é uma cena para assistir com a família às cinco da tarde de domingo”
- “Esta série foi relativamente alegre até à cena abrupta e violenta. Eu suspeito que tenha sido um choque para os telespectadores”
- “Crianças pequenas podem ficar assustadas. No entanto, a pessoa esmagada nunca é realmente mostrada e o sangue voador é de uma cor mais escura. Há um certo nível de cuidado nessa representação”
O BPO é um comité e tecnicamente não possui poder de cancelamento de exibição de um programa, passando a sua função por consultadoria. Em algumas ocasiões o comité emitiu pareceres a defender anime, como foi o caso de Kimetsu no Yaiba (Demon Slayer).
Tal como noticiámos recentemente a segunda temporada de Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury vai estrear em abril de 2023.
Todos os meses, o BPO publica as opiniões e reclamações dos telespectadores sobre o que está a ser exibido na televisão. Queixas anteriores incluíram preocupações sobre o design de personagens e conteúdo sexual no anime infantil Yōkai Watch, nudez em JoJo’s Bizarre Adventure e violência em Magical Girl Site, Goblin Slayer e Redo of Healer.
Sinopse de Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury
A.S. (Ad Stella) 122―
Uma era em que uma multidão de corporações entrou no espaço e construiu um enorme sistema económico. Uma menina solitária do remoto planeta Mercúrio é transferida para a Escola de Tecnologia Asticassia, administrada pelo Grupo Beneritt, que domina a indústria dos mobile suit.
O nome dela é Suletta Mercury. Com uma luz escarlate a queimar o seu coração puro, esta menina caminha passo a passo por um novo mundo.
Este momento foi precisamente o travão que a série necessitava para se evadir do seu “slice of life” até porque ao longo da série tivemos vários indícios que a Aerial não é bem o que pensávamos. Quem espera ver um Gundam da série principal sem mortes ou momentos com impacto que esqueça. Nem quero pensar como seria aceite o Victory Gundam hoje em dia.
Já agora o Tomino está a escrever a série ou está a supervisonar?
Boa pergunta. Eu cogitaria que não está, ela não lembra as posturas que o Tomino costuma querer nas suas obras (para além de que ele disse que ia se aposentar).
Mas sobre os impactos que a franquia sempre traz, isso é outra discussão. Se a série sempre tem tais coisas, cabe aos órgãos responsáveis saber dosar a questão de faixas etárias que as assistirão.
Fico me perguntando se o caso da notícia foi um vacilo de tais entes em deixar algo “fora do lugar”, ou se isto está dentro do que esperavam.
Naquela primeira linha, a BPO põe em xeque que não, mas enfim. Está dada a situação, a coisa já foi ao ar, vamos ver se isso gerará algo mais.
Julgo que esperavam porque este “travão” era necessário. Aliás não foi o único momento perturbante da série. O “aniversário” do clone e a Aerial rir, psicologicamente foram muito mais arrepiantes a meu ver.