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    Conhece o maior vilão de My Hero Academia

    Não é All for One

    A adaptação para anime de My Hero Academia atravessa um dos seus períodos mais controversos devido ao abandono da sua premissa base. Desde o início da obra que o núcleo consistiu na formação de um grupo de adolescentes aspirantes a heróis. No entanto, nos bastidores teceu-se um enredo perturbante que muito recentemente explodiu nesta e que em breve vamos apanhar com os seus estilhaços. Isto por revelar o verdadeiro vilão por detrás de toda a história.

    Muitos dos nossos leitores devem pensar que falamos de Shigaraki ou o All for One, mas não na minha ótica o verdadeiro vilão de My Hero Academia não são os seus denominados vilões, mas sim a própria sociedade partilhada por todos. Numa análise mais profunda, podemos afirmar que All For One, foi essencialmente uma ferramenta da própria sociedade, dado que banhou a mesma com idealismos e um capitalismo sem precedentes. O portador do oitavo One For All, desde muito cedo inspirou dezenas de crianças a seguirem uma visão idealista de conduta social. Este também foi responsável por um sem fim de produtos desde figuras de ação, peluches, fatos, etc.

    Além de ser um herói, All Might é um símbolo de consumismo

    Endeavor tentou emular este movimento, mas como o seu passado sombrio manchou um registo social aparentemente imaculado expôs a fina linha que separa heróis de vilões. A revelação de Dabi foi sem dúvida um dos pontos com mais impacto da série, visto que o seu primogénito revelou aos olhos de todos, o verdadeiro Endeavor.

    Contudo, este elemento recebeu um maior sabor com a morte do Twice. Quer este como praticamente toda a legião dos vilões são vítimas, isto claro na minha ótica. Até mesmo Hawks, o segundo grande herói, comentou “tu não és mau“. Acreditem, a morte do suposto vilão não produziu nenhum efeito em mim inicialmente, dado que o ritmo de todos os acontecimentos foi muito acelerado que nem tive tempo de digerir a mesma.

    Hawks é um herói e vilão simultaneamente, apenas depende do nosso ponto de vista

    Porém, com a revelação do Dabi e a consequente fragmentação da sociedade assente em valores de extrema-direita, este elemento teve um maior impacto. Literalmente todos os membros da liga dos vilões não são vilões, de certa forma até podemos referir que são vítimas. Isto porque ao contrário do comum vilão unidimensional -cujo objetivo geralmente é a conquista do mundo- foram despojados da sociedade. O grupo apenas deseja que seja exposta a verdade social e por essa principal motivação agem e barram o caminho dos supostos heróis. Spinner e Toga tiveram efeito muito semelhante a Midoriya e Katsuki, visto que foram incentivados por Stain, um vilão que teve uma curta, mas intensa participação na série. Enquanto Spinner foi julgado pela sociedade por simplesmente ter uma aparência diferente, Toga apenas deseja ser livre de rótulos e valores sociais. Stain, foi literalmente o All Might para o grupo. Quando All For One se apodera do corpo e espírito de Shigaraki e se distância dos seus ideais, Spinner comenta que este não é o Shigaraki que conhece, mas sim uma nova identidade oca. Isto sem esquecer outrora a demonstração de heroísmo de Hawks que literalmente foi um assassinato de uma figura com uma visão ligeiramente diferente da sua.

    Esta linha ténue entre vilões e heróis explodiu em todas as vertentes sociais. No entanto, também foi introduzido um novo grupo mergulhado numa verdadeira tempestade, os cidadãos. Após a revelação do Dabi (Toya) que estes e até por próprios heróis ficaram confusos. Isto porque o símbolo máximo da justiça e do heroísmo da atualidade outrora foi um vilão muito mais maléfico que a maioria dos malfeitores da série. Endeavor tentou à força criar o seu ideal por intermédio dos seus filhos.

    Dabi literalmente uniu heróis e vilões

    Endeavor ficou de tal forma obcecado com o seu ideal que não olhou a meios para alcançar os seus fins. Aos olhos da sociedade, o maior símbolo da justiça foi exposto pelos seus pecados e muitos questionaram se deviam continuar a adorar os ideais de heróis, até porque não foram salvos quando mais precisavam. Este acontecimento é evidente na estátua do All Might, cuja foi colocado o lembrete “I am not Here”, ou seja, a esperança da humanidade foi abandonada pelos seus seguidores.

    Quando transpomos este elemento para os supostos vilões da série, também assistimos a um paralelo. Toga, Twice, Dabi, Mr. Compress, e Shigaraki tornaram-se sociopatas porque não foram salvos pelos heróis, quando mais precisavam. Como sabemos, My Hero Academia é uma versão nipónica de comics e não só nos seus poderes e festivas lutas, os seus vilões são de uma certa perspetiva, versões de vilões da DC.

    Novamente, constato que os vilões de Gotham City não são tecnicamente vilões, mas sim vítimas sociais. Uma das maiores figuras, ou seja, o Joker é quase uma versão alternativa do Batman. Se Bruce não tivesse sido acolhido por Alfred quando os seus pais foram assassinados, que certamente mergulharia nas trevas, não devido à sua persona, mas sim pela tortura social que seria exposto. Este paralelismo é exemplarmente relatado no comic e filme animado Killing Joke onde Batman descobre que tem muito mais em comum com o palhaço do crime do que alguma vez imaginaria, e que um dia inevitavelmente também vai mergulhar num abismo sem fim.

    Num mundo real também assistimos à sociopatia. Basta sintonizarmos qualquer noticiário que somos logo bombardeados com crimes hediondos causados por cidadãos comuns fomentados pelo próprio sensacionalismo social. Muitos destes crimes, acredito que são  um misto entre este e abandonos e perturbações sociais.

    My Hero Academia pode ser uma obra de ficção, mas o seu pano de fundo é de certa forma “real”. Isto porque expõe os males do maior inimigo gerado pela própria humanidade que a longo prazo pela sua extinção será responsável, a sociedade.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Ricardo Afonso
    Ricardo Afonso
    18 , Janeiro , 2023 12:06

    Quando saiu o anime não me atraiu. Comecei a ver recentemente, e a história está a surpreender-me pela positiva. Achava o All Might irritante ao início, mas aos poucos tornou-se uma das personagens mais interessantes para mim.

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