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    Descobre o contributo que o criador de Yu-Gi-Oh! deu às nossas vidas

    Muito mais que uma obra ou um jogo de cartas

    Kazuki Takahashi, o criador da célebre obra Yu-Gi-Oh!, deixou-nos demasiado cedo, ou seja, faleceu a 6 de julho com 60 anos, por causas que estão por apurar. Embora ao longo da sua vida tenha produzido obras como Buray, foi com Yu-Gi-Oh! que atingiu o seu destaque na indústria. Desde muito cedo que Kazuki manifestou um interesse por qualquer jogo. Em George Morikawa, o mangaká de Hajime no Ippo, encontrou um amigo e rival de mahjong, e relatou que as suas obras favoritas foram Dragon Ball de Akira Toriyama e JoJo’s Bizarre Adventure de Hirohiko Araki, o que faz imenso sentido devido ao contexto egípcio na sua obra.

    No entanto, Kazuki Takahashi foi muito mais do que um simples mangaká, Kazuki foi uma inspiração para indivíduos de todas as idades, diria mesmo um manual de vida. É certo que muito de nós quando somos “despejados” na sociedade sentimo-nos sós e desamparados, porque literalmente o nosso elo social de segurança, ou seja, os nossos pais e familiares, foi quebrado e interagimos com outros indivíduos num meio social comum, mas desconhecido, neste caso o recreio de uma escola.

    Para muitos os jogos de cartas Yu-Gi-Oh! foram um elo de sonhos, esperanças e sobretudo tudo de amizades. Muitas crianças partilharam o mesmo fervor e paixão pelo jogo que Yugi, Kaiba, Jounounchi (Joey) e tantos outros, e sem se darem conta criaram um dos pontos fulcrais da obra, uma amizade fraternal inquebrável. Para os mais atentos se juntarmos as duas primeiras letras dos nomes Yugi e Jounouchi, obtemos a palavra “Yujou” que significa amizade em japonês. Julgo que este não é um acaso, dado que o tema amizade é uma constante em toda a obra principal e os seus derivados.

    Também acredito veementemente que os jogos de cartas colecionáveis publicados pela Konami tenham sido o elo principal para a criação e desenvolvimento de amizades que perduram até aos dias presentes para muita gente. Além de serem extremamente sociais, também são um tema para abertura de conversa. Metaforicamente são como o “millenium puzzle” de Yugi. À semelhança de Yugi Muto, também nos sentimos sós e abandonados, e desejamos um grupo de amigos com os mesmos sonhos e gostos. Enquanto o menino com cabeça de estrela conseguiu esse feito ao completar o seu “item”, crianças e adolescentes conseguiram viver esses momentos ao duelar, correr até à loja mais próxima e comprar um baralho de cartas ou abrir um sem fim de “boosters” junto de outras crianças na expetativa de encontrar um “Blue Eyes White Dragon” ou um “Dark Magician” no seu interior. Estes e muito mais momentos, certamente que foram temas de conversas e momentos inesquecíveis para muitos dos nossos leitores, pelo que vejo e sinto.

    Transitando para uma idade mais adulta e muito mais relacionável devido á minha faixa etária, julgo que Yu-Gi-Oh! muito inconsistentemente nos ensinou a sermos fortes e capazes. Todos nós temos uma força interior que se manifesta quando a adversidade ou a responsabilidade batem à porta. Essa geralmente é muito confiante, capaz de derrubar qualquer adversidade. Quem conhece a obra certamente que sabe que mais uma vez relato “a outra alma” que vive no interior do protagonista criado por Kazuki. Esta é um completo reverso do Yugi, visto que é mais alto, tem um olhar rasgado, os seus cabelos apresentam uma forma mais “elétrica” e é extremamente confiante, por vezes sarcástico. O espírito do faraó (Yami) personificado é inconscientemente um Superego do Yugi, devido ao colmatar de todas as suas lacunas e desejos interiores.

    Num modo pessoal, e novamente talvez muito incoscientemente, posso afirmar-vos que me identifico bastante com ambas as vertentes do Yugi. Quem me conhece pessoalmente sabe que na vida sou uma pessoa bastante transparente, diria até inocente como o Yugi, contudo quando a responsabilidade ou outras temáticas adultas emergem “transformo-me” numa pessoa extremamente focada, incisiva e capaz como o seu reverso. É precisamente esta temática que julgo que Kazuki nos tentou transmitir, ou seja, uma força interior poderosa que surge quando uma condição assim a clama, e vive em todos. Claro que não nos podemos esquecer que também tem de existir um equilíbrio saudável entre a transparência, humildade e integridade, valores humanos que também vivem no coração do Yugi. Tanto nós como Yami e Yugi somos reversos da mesma moeda. Embora a nossa localização tenha omitido esse fator, na versão japonesa Yami é relatado como o “outro eu”, ou seja, a força de acreditar, mas que também complementado pela humildade da inocência do Yami criança. Acredito mesmo que também que o célebre “coração das cartas” não seja nada tão profundo como julgam, e se trate simplesmente da força para acreditar em nós mesmos, que conseguimos dar a volta a uma situação aparentemente intransponível, para nos colocar novamente no leme da mesma, e no final confrontar e conquistarmos o nosso ideal.


    Kazuki Takahashi mais do que um “Rei dos jogos” foi um “Rei de vidas”, uma bússola que demonstrou que conseguimos reverter qualquer situação se acreditarmos no coração, coragem e humanidade existindo em nós mesmos. O teu turno pode ter terminado, mas o teu contributo jamais será esquecido nas nossas vidas quando colocamos uma carta em jogo, muito obrigado e até sempre.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Over persephineD
    Over persephine
    10 , Julho , 2022 18:20

    Nossa vai fazer muita falta…..;-; passei minha infancia toda brigando com meus pais por causa das cartas ;-; muito tristet.

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