話題の新種「スーパーサイヤン」ですが、採集費用の一部に黒潮生物研究所に寄せられた寄付金を用いました。ご寄付いただいた皆様、誠にありがとうございました!https://t.co/LDImsoBQBw pic.twitter.com/PT8yVtxxOy
— 平坂寛 新刊『釣って 食べて 調べる 深海魚(ハードカバー版)』発売中 (@hirahiroro) November 28, 2025
A Universidade de Ryukyu, no Japão, anunciou a 27 de novembro a descoberta de uma nova espécie de peixe gobio com uma característica visual tão marcante que os investigadores decidiram batizá-lo em homenagem a uma das transformações mais icónicas da história do anime e mangá: o Super Saiyan de Dragon Ball.
A nova espécie recebeu o nome científico de Vanderhorstia supersaiyan, uma referência direta à transformação Super Saiyan que Goku estreou durante a saga de Frieza em Dragon Ball Z. O peixe, com 77 milímetros de comprimento, foi capturado a 210 metros de profundidade ao largo da ilha de Ishigaki, em Okinawa, numa zona conhecida como Twilight Zone, onde apenas uma luz ténue consegue penetrar.
O que torna este peixe tão especial são as suas barbatanas dorsais, anal e caudal, que apresentam duas faixas longitudinais amarelas distintas que envolvem o corpo do animal. Quando visto de certo ângulo, o padrão de cores cria um efeito visual que lembra a aura dourada característica da transformação Super Saiyan. A primeira barbatana dorsal também tem manchas amarelas vivas com uma borda exterior amarela, uma característica única no género Vanderhorstia.
Os investigadores propuseram também um nome japonês para o peixe: Ereki-haze, que se traduz como góbio elétrico. A escolha deve-se ao facto de a coloração dar a impressão de que eletricidade está a irradiar do corpo do animal. Como muitos outros membros do género Vanderhorstia, esta nova espécie vive em tocas ao lado de camarões, numa relação simbiótica.
O crédito pela captura vai para Hiroshi Hirasaka, um jornalista e investigador conhecido pela sua paixão por perseguir criaturas de aparência invulgar. Hirasaka capturou a nova espécie de góbio na Twilight Zone ao largo da costa da ilha de Ishigaki, onde apenas luz fraca consegue chegar. “Relativamente ao tema quente da nova espécie, Super Saiyan, uma parte dos custos de recolha foi coberta por fundos de doação recebidos pelo Instituto de Investigação Biológica Kuroshio”, escreveu no twitter. “Agradecemos sinceramente a todos os que fizeram doações!”.
Hirasaka não é estranho a capturas que geram atenção mediática. Em 2015, tornou-se notícia por capturar um Bering wolffish (Anarhichas orientalis) de dimensões impressionantes. Na altura, não só capturou fotografias do peixe gigante como desmentiu rumores de que o tamanho seria resultado de radiação de Fukushima. “As criaturas só ficam grandes no mundo da ficção científica”, disse, “e não estamos a viver no mundo do Hulk ou do Godzilla”.
The camera approached too close to him, you could recognize bigeer and bizarrer than really he is. pic.twitter.com/oZAjsi2F2S
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Em meados de novembro, uma espécie recém-descoberta de tubarão foi batizada em homenagem a Pochita, a adorável mascote demoníaca de Chainsaw Man. A nova espécie de tubarão recebeu o nome Pochitaserra patriciacanalesae. O nome combina Pochita com a palavra latina serra, referindo-se ao focinho serrado característico dos tubarões-serra. A segunda parte do nome, patriciacanalesae, homenageia Patricia Canales, uma respeitada paleontóloga chilena que dedicou a sua vida ao estudo de fósseis marinhos antigos no Chile e faleceu em 2022.
O género Vanderhorstia já contava com 33 espécies conhecidas antes desta descoberta. A equipa de investigação da Universidade de Ryukyu, liderada pelo professor assistente Keita Koeda, comparou cuidadosamente o espécime de Ishigaki com todas as 33 espécies existentes e concluiu que se tratava claramente de uma nova espécie. Para além do padrão único das barbatanas, o peixe apresenta quatro manchas em forma de diamante no corpo e diferenças morfológicas claras, nomeadamente no número de escamas e nas proporções de várias partes do corpo.
O facto de um peixe com uma coloração tão vistosa nunca ter sido observado antes demonstra o quão pouco explorada esta zona continua a ser. Segundo os investigadores, é muito provável que muitas outras espécies inéditas ou raras ainda vivam nestas profundidades intermédias, tornando o peixe Super Saiyan num símbolo de um mundo marinho ainda amplamente misterioso.
A escolha de batizar uma espécie científica com uma referência tão explícita à cultura pop é rara no mundo académico, mas não é sem precedentes. Nos últimos anos, várias espécies foram batizadas em homenagem a personagens de anime, mangá e videojogos, refletindo a crescente influência global da cultura japonesa. Em 2024, um crustáceo foi nomeado em honra de Ranma 1/2, e várias espécies receberam nomes inspirados em Pokémon populares.










