O panorama do anime está prestes a sofrer uma transformação significativa, segundo as previsões de Tsuguhiko Kadokawa, antigo presidente da gigante KADOKAWA. Durante uma conferência de imprensa para anunciar o Festival Internacional de Cinema de Animação Japão-China, marcado para maio de 2026, defendeu que o futuro da indústria passa pelos animes de formato curto e pela inteligência artificial generativa.
“Daqui para a frente, o que vai impulsionar o conteúdo japonês são os anime curtos. Com a IA generativa envolvida, vamos saltar para o próximo nível“, afirmou o executivo, que atualmente preside a Fundação de Promoção Cultural KADOKAWA e já ocupou posições de destaque no Festival Internacional de Cinema de Tóquio.
A ascensão do anime curto
Esta tendência não é apenas uma previsão futurista, já está bem estabelecida no mercado japonês. Os anime curtos, que geralmente duram apenas alguns minutos, têm conquistado audiências massivas em plataformas como YouTube e TikTok. A empresa Plott, líder neste segmento, acumula mais de 12 milhões de subscritores e umas impressionantes 13 mil milhões de visualizações.
A facilidade de produção destes formatos permite criar um grande número de propriedades intelectuais rapidamente, que podem depois ser expandidas para outras áreas como merchandising ou gerar receitas publicitárias. Esta estratégia tem-se mostrado particularmente eficaz junto das gerações mais jovens, habituadas ao consumo de conteúdo em formato curto.
O interesse pelo anime curto não se limita às empresas especializadas. Talentos de estúdios convencionais, como Masayuki Ozaki, antigo diretor da Sunrise e presidente da Bandai Namco Pictures, apostaram neste formato ao fundar a Creadom8 em outubro de 2024.
Mesmo a Crunchyroll, principal plataforma de streaming de anime a nível global, reconhece o potencial deste formato. O CEO Rahul Purini comentou recentemente sobre a necessidade de repensar a narrativa anime: “A maior parte das animações tem 21-24 minutos. Por outro lado, a geração mais jovem está habituada a ver vídeos curtos de 2-4 minutos. Precisamos de pensar numa forma diferente de contar histórias anime“.
Vários anime populares já experimentam este formato com sucesso. The Apothecary Diaries possui versões curtas no canal do YouTube da Toho Animation que atraem regularmente fãs de todo o mundo, expandindo cenas da história original não retratadas no anime principal. Enquanto os fãs aguardam o regresso de Frieren: Beyond Journey’s End em janeiro de 2026, a série curta Frieren – ●● no Maho atrai centenas de milhares de visualizadores.
O canal do YouTube da KADOKAWA também explora este formato com Re:ZERO: Starting Break Time From Zero, que chegou mesmo a revelar detalhes importantes da história da personagem Al, demonstrando como estes formatos podem complementar as narrativas principais.
O papel da inteligência artificial
A integração da IA generativa na produção promete acelerar ainda mais esta tendência. Empresas como a Sony já estão a desenvolver tecnologia de IA para anime em colaboração com estúdios como A-1 Pictures e CloverWorks, focando-se especificamente na colorização.
Esta convergência entre formato curto e tecnologia de IA pode representar uma oportunidade única para a indústria japonesa expandir a sua influência global, mantendo-se competitiva num mercado cada vez mais saturado e exigente em termos de velocidade de produção e distribuição de conteúdo.
Essa história dos episódios curtos só pode estar relacionado ao vício dos “shorts”, que na minha opinião são uma grande porcaria e uma autêntica perda de tempo. Se o futuro será Fast food em versão anime, ainda para mais fazendo uso da IA, obrigado mas eu passo.