Desde que estreou, a terceira temporada da adaptação para série anime do mangá One-Punch Man não tem tido vida fácil. A animação tem sido constantemente criticada pelos fãs, que comparam desfavoravelmente com as temporadas anteriores. A pressão foi tanta que o diretor acabou por sair das redes sociais após uma onda de comentários hostis.
Foi neste contexto que surgiu um projeto que está a dar que falar. MEZA, um criador de conteúdo no YouTube, pegou em várias cenas da temporada e refez-as usando o Grok Imagine, uma ferramenta de inteligência artificial especializada em gerar animação. Os vídeos mostram lado a lado o original e a versão criada por IA, e as diferenças são notórias. Podem ver o vídeo em cima.
A versão da inteligência artificial apresenta movimentos mais suaves durante as lutas e um tratamento de luz diferente, resultando num visual que muitos consideram superior ao transmitido oficialmente. Os vídeos rapidamente se tornaram virais, acumulando milhares de visualizações e comentários acesos.
Mas nem tudo são elogios. Se há quem aplauda o resultado técnico e veja nisto uma solução para problemas de produção, outra parte da comunidade mostra-se preocupada. O principal receio prende-se com a desvalorização do trabalho humano: usar IA para “corrigir” o trabalho de animadores profissionais pode criar um precedente perigoso. Há também quem levante questões sobre propriedade intelectual e até onde é legítimo usar estas ferramentas sobre conteúdo protegido por direitos de autor.
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Este não é um debate exclusivo de One-Punch Man. A inteligência artificial tem vindo a aparecer em cada vez mais áreas da produção de entretenimento, e o anime está na linha da frente desta transformação. Há estúdios a explorar estas tecnologias como forma de agilizar processos, mas a resistência dentro da indústria é forte. Muitos profissionais temem que a automação acabe por eliminar postos de trabalho e por diluir a identidade artística que sempre caracterizou a animação japonesa.
O trabalho de MEZA funciona quase como um teste ao vivo, até onde pode a tecnologia ir? E mais importante ainda, deve ir? Por enquanto, a resposta depende de quem se pergunta. O que é certo é que experiências como esta vão continuar a surgir, e a conversa sobre o equilíbrio entre inovação tecnológica e preservação do ofício artístico está longe de terminar.








