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    Japão cria terapia com personagens de anime para combater problemas de saúde mental

    Universidade de Yokohama desenvolveu método inovador que combina aconselhamento psicológico com personagens de anime originais

    The Diary of Ochibi-san anime japão screenshot

    Imagine entrar numa sessão de terapia escolhendo primeiro uma personagem anime com a qual se identifica. É exatamente isso que está a acontecer em Yokohama, onde um grupo de investigadores decidiu experimentar algo diferente para chegar a jovens adultos que lutam com dificuldades emocionais.

    O projeto arrancou no início de outubro e envolve vinte pessoas entre os 18 e os 29 anos. A ideia partiu do Minds1020Lab, um centro de investigação ligado à Universidade Municipal de Yokohama, que trabalha em parceria com a empresa Dai Nippon Printing. O objetivo? Perceber se usar elementos da cultura pop japonesa pode tornar o apoio psicológico mais acessível e menos intimidante.

    Foram criadas seis personagens completamente originais para este projeto. Cada uma tem a sua própria história de vida, os seus conflitos e as suas fragilidades. Quando alguém se inscreve no programa, começa por escolher o avatar que mais ressoa consigo, não apenas pela aparência, mas pelo tipo de problemas e experiências que essa personagem representa.

    A partir daí, as sessões de aconselhamento desenrolam-se num formato que qualquer fã de visual novels reconheceria: diálogos interativos, escolhas narrativas, revelações graduais sobre o passado da personagem. A diferença é que tudo isto está integrado com acompanhamento psicológico real, conduzido por profissionais que adaptam as conversas conforme a personagem escolhida.

    O psiquiatra italiano Francesco Panto, que colaborou no desenvolvimento das personagens enquanto investigador visitante em Yokohama, ajudou a garantir que cada avatar reflectisse situações e dilemas psicológicos autênticos. A aposta é que ao explorar os problemas de uma personagem fictícia, os participantes consigam abordar os seus próprios de forma menos direta e potencialmente menos dolorosa.

    Porque é que isto pode fazer sentido no Japão

    Esta experiência não surgiu do nada. O Minds1020Lab foi criado especificamente para estudar a saúde mental dos jovens japoneses e encontrar formas de os ajudar a desenvolver maior resiliência psicológica. Faz parte de uma iniciativa nacional mais ampla, o programa COI-NEXT, que junta várias indústrias e instituições académicas para resolver problemas sociais através da inovação.

    No Japão, procurar ajuda psicológica ainda carrega um peso social considerável, especialmente entre os mais novos. Ao mesmo tempo, o país tem uma relação única com a animação, não é apenas entretenimento, é parte fundamental da identidade cultural de gerações inteiras. Usar esse universo familiar como ponte para a terapia pode baixar resistências que os métodos convencionais não conseguem ultrapassar.

    Os participantes respondem a questionários psicológicos antes e depois das sessões para medir se há melhorias reais. O período de testes prolonga-se até meados de 2026, e dependendo dos resultados, este tipo de abordagem poderá vir a ser integrada nos serviços de saúde mental do país.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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