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    Kadokawa quer produzir anime de vampiros e zombies para conquistar o Ocidente

    Gigante japonesa admite necessidade de criar conteúdo mais apelativo para audiências ocidentais na sua expansão global

    A Kadokawa, uma das maiores produtoras de anime do Japão, admite que precisa de adaptar a sua estratégia criativa para conquistar mercados ocidentais. Daijo Kudo, diretor de anime da empresa, revelou em entrevista à Toyo Keizai que a companhia “deve considerar” produzir anime com temas como vampiros e zombies, géneros tradicionalmente populares entre audiências ocidentais.

    As declarações surgem no contexto da estratégia “Global Media Mix with Technology” liderada pelo presidente da Kadokawa, Takeshi Natsuno. A empresa pretende aumentar o número de propriedades intelectuais que cria anualmente de cerca de 6.000 para 7.000 até ao ano fiscal de março de 2028, incluindo conteúdo produzido pelas suas subsidiárias internacionais.

    Kudo utilizou uma metáfora gastronómica para explicar a visão da empresa: “Onde quer que vás no mundo, existem muitos tipos diferentes de sushi, incluindo o California roll. Similarmente, com o anime agora a ser visto em todo o mundo nesta medida, não seria bom ver um futuro onde o anime nasce em muitos sítios diferentes?”.

    A comparação com o California roll, uma adaptação do sushi criada na América do Norte, ilustra como a Kadokawa pretende que o anime se adapte localmente mantendo a sua essência. Esta filosofia estende-se ao recente lançamento da GeeXProductions, uma chancela de produção dedicada a obras de criadores estrangeiros.

    Apesar desta abertura à diversificação temática, Kudo mantém uma abordagem cautelosa: “Não penso que existam muitos atalhos. Precisamos de criar boa animação e monetizá-la em vários sítios, não apenas através da Crunchyroll”.

    As declarações do executivo reconhecem implicitamente que títulos como Castlevania e Blood: The Last Vampire, assim como o sucesso de obras de fantasia sombria como Berserk, comprovam o apetite ocidental por estes temas. A estratégia representa uma mudança significativa para uma indústria tradicionalmente focada em gostos domésticos japoneses.

    A iniciativa da Kadokawa não se limita ao anime. Noboru Segawa, responsável pelo Departamento Global de Comics da empresa, expressou esperanças similares para o mangá, defendendo um futuro onde obras de criadores estrangeiros possam ter sucesso sem necessariamente estrear primeiro no Japão.

    A empresa está atualmente a gerir uma competição internacional de mangá e implementou um programa de apoio a criadores estrangeiros que se estreiam no mercado japonês. Esta estratégia bilateral, tanto importar como adaptar conteúdo, marca uma evolução na tradicional exportação unidirecional de cultura pop japonesa.

    Kudo também comentou o panorama das plataformas de streaming norte-americanas, descrevendo o “enfraquecimento” da posição da Sentai (HIDIVE) e o domínio da Crunchyroll. Esta concentração de poder está a tornar as negociações mais “cuidadosas” e a criar incerteza entre produtoras japonesas sobre as perspetivas de receita internacional para obras que a Crunchyroll decide não adquirir.

    A estratégia da Kadokawa reflete uma realidade mais ampla da indústria do anime, à medida que os mercados internacionais se tornam cruciais para a viabilidade financeira dos projetos, as empresas japonesas enfrentam pressão para equilibrar autenticidade cultural com apelo global.

    Resta saber se esta abordagem resultará numa verdadeira diversificação criativa ou apenas numa adaptação superficial de fórmulas testadas.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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