A Netflix surpreendeu os fãs de KPop Demon Hunters com o lançamento de um livro de arte digital gratuito que documenta todo o processo criativo por trás do fenómeno de animação de 2025. The Art of KPop Demon Hunters, uma colaboração entre a Nucleus e a Netflix, está disponível online com 142 páginas repletas de ilustrações, designs de personagens, notas de produção e bastidores exclusivos. Encontram o livro aqui.
O timing da revelação não podia ser mais estratégico. Com uma sequela confirmada para 2029 e a espera de quatro anos pela frente, este livro surge como uma forma de manter o interesse da comunidade acesa. Mas há mais por trás desta decisão do que simplesmente entreter fãs impacientes.
O filme tornou-se o título original mais visto na história da Netflix, acumulando mais de 325 milhões de visualizações nos primeiros 91 dias. A banda sonora quebrou recordes ao colocar quatro músicas simultaneamente no top 10 da Billboard Hot 100, a primeira banda sonora de um filme a conseguir tal feito. Golden, a música de abertura, chegou ao primeiro lugar e a banda sonora foi certificada como Platina pela RIAA em outubro de 2025.
O livro digital funciona como uma experiência multissensorial. Enquanto os leitores percorrem as páginas, podem ouvir músicas do filme como Golden e What It Sounds Like a tocar em fundo, criando uma imersão que vai além do visual. Cada página inclui informações sobre o processo de criação das personagens e da animação, com citações diretas dos realizadores Maggie Kang e Chris Appelhans.
Alguns dos artistas cujo trabalho está em destaque incluem a artista de desenvolvimento visual Won Sul Hyun e a designer de personagens Euni Cho. Parte do material já tinha circulado online através das redes sociais de artistas como Ami Thompson e Celine Dahyeu Kim, mas o livro reúne centenas de peças nunca antes vistas, organizadas em 18 capítulos que seguem o arco narrativo do filme.
As notas de produção, concept art, storyboards, designs de ambiente e diagramas de mitologia revelam a quantidade impressionante de pesquisa cultural que sustenta o mundo híbrido do filme. Desde o streetwear de Seul até ao armamento ancestral e às características únicas da coreografia K-pop real, praticamente cada frame de KPop Demon Hunters é resultado de investigação cultural cuidadosa e considerada.
Maggie Kang partilhou no livro a inspiração por trás do projeto: “Ao crescer a ver filmes ambientados noutras culturas asiáticas, eu queria ver a cultura coreana representada num filme de animação. Por alguma razão, decidi pela demonologia. Pensei em como os jeoseung saja (ceifadores sombrios na mitologia coreana) eram uma imagem tão icónica da minha infância, e pensar em demónios levou naturalmente a caçadores de demónios”.
A realizadora também explicou que queria criar super-heroínas femininas mais relacionáveis, “que gostam de comer e fazer caretas tolas… não apenas serem bonitas, sensuais e fixes, mas com inseguranças reais”.
Chris Appelhans, co-realizador, refletiu sobre o poder do K-pop no mundo moderno: “O que é maravilhoso sobre o K-pop no mundo moderno é apenas a forma como une as pessoas, com tanta empatia. Atravessa todas as fronteiras, todas as fronteiras culturais. Para nós, criar uma mitologia que toca na verdade do que esta música faz parece poderoso”.
O lançamento do livro digital gratuito também serve objetivos mais pragmáticos. KPop Demon Hunters qualificou-se para os Óscares graças à sua exibição teatral limitada em cinemas selecionados dos Estados Unidos. Material suplementar como este ajuda a captar a atenção dos votantes da Academia. A estratégia não é nova, Pinocchio de Guillermo del Toro também recebeu um livro de arte digital como parte da sua campanha para os prémios.
A versão física do livro terá pré-encomendas abertas a partir de 1 de janeiro de 2026 através do site gallerynucleus.com, com entregas a começar em 1 de fevereiro de 2026. O facto de a Netflix ter lançado primeiro a versão digital gratuitamente demonstra confiança de que os fãs mais dedicados vão querer possuir a edição física de qualquer forma.
KPop Demon Hunters segue o trio de K-pop Huntrix, composto por Rumi (voz de Arden Cho), Mira (May Hong) e Zooey (Ji-young Yoo), que levam uma vida dupla como caçadoras de demónios. No filme, enfrentam uma boy band rival chamada Saja Boys, cujos membros são secretamente demónios. As vozes cantadas são de Ejae, Audrey Nuna e Rei Ami.
O sucesso nas salas de cinema também foi notável. A versão sing-along do filme teve uma exibição limitada que arrecadou 18 milhões de dólares em apenas dois dias, tornando-se a estreia mais ampla para um filme Netflix e a primeira a liderar as bilheteiras nos Estados Unidos. Uma segunda exibição teatral entre 31 de outubro e 2 de novembro trouxe mais 5 a 6 milhões de dólares.
