Por altura da comemoração dos 15 anos de NieR, o diretor criativo Yoko Taro e o produtor Yosuke Saito participaram numa entrevista na qual recordaram as origens da saga, os seus momentos mais difíceis e as suas maiores conquistas.
Um dos destaques da entrevista que mais atraiu a atenção dos fãs foi a referência direta ao clássico anime Neon Genesis Evangelion.
Ao ser questionado sobre as inspirações por trás de NieR:Automata, o criador Yoko Taro revelou de forma direta as suas influências principais.
Definitivamente Evangelion. Mas pronto, tudo o que faço é influenciado por Evangelion.
A declaração de Yoko Taro reforça aquilo que muitos fãs de NieR já suspeitavam: os profundos temas existencialistas, como identidade, vazio, solidão e a incessante busca por sentido num mundo pós-humano, são fortemente influenciados pelo legado narrativo de Hideaki Anno e da sua icónica série de anime de 1995, Neon Genesis Evangelion, uma das obras mais marcantes da história do anime.
Na realidade, esta não é a primeira ocasião em que Yoko Taro reconhece a influência de Neon Genesis Evangelion na criação de NieR. Durante uma entrevista de 2024 com Hyung-Tae Kim, diretor criativo do jogo Stellar Blade, ambos os criadores destacaram a icónica franquia anime de Hideaki Anno como uma das principais inspirações narrativas e estéticas por trás das suas obras.
Yoko Taro afirmou:
A obra que mais me inspirou foi Neon Genesis Evangelion. Agradeço os elogios à história de NieR: Automata, mas é apenas uma releitura de Evangelion, por isso não tem grande originalidade. Não costumo ver filmes recentes, por isso inspiro-me principalmente em memórias de obras que vi no passado.
Já Hyung-Tae Kim comentou:
Evangelion também me inspirou. Não é fácil criar algo que supere a sua fonte de inspiração. Nesse sentido, NieR: Automata tem um sabor único que só tu poderias ter criado. Eu invejo-to muito por isso. Sou um visualista, não um contador de histórias. Sempre me foquei no aspeto visual, por isso não me posso comparar ao Sr. Yoko no aspecto narrativo, mas acho que a jogabilidade de Stellar Blade compensa essa falta.
Retomando a nova entrevista, para além da forte ligação temática com Neon Genesis Evangelion, foram também reveladas várias curiosidades sobre o desenvolvimento do primeiro jogo da franquia, NieR (2010). Entre elas, destaca-se o facto de a protagonista ter tido inicialmente um design diferente, mas os executivos da Square Enix exigiram alterações, incluindo um tronco maior. Outro ponto interessante foi a revelação de que Yoko Taro escondeu até ao fim a mecânica que apagava os dados de gravação do jogador num dos finais — uma decisão ousada que o produtor Yosuke Saito aprovou, acreditando tratar-se de uma homenagem a Dragon Quest, embora mais tarde se tenha descoberto que essa não era a intenção original.
Outra revelação que chamou a atenção dos fãs foi que o conceito de androides versus robôs em NieR:Automata nasceu como uma solução narrativa para a eliminação dos humanos do universo da história. Yoko Taro explicou:
Quando estávamos a trabalhar em NIER, decidimos ambientá-lo num mundo onde os humanos já tinham morrido, por isso fomos obrigados a inventar uma história que não os envolvesse.
Relativamente aos múltiplos finais do jogo, o diretor Yoko Taro explicou que essa abordagem foi inspirada em Drakengard e surgiu como resposta a um pedido da Square Enix para adicionar mais conteúdo ao jogo. Apesar dos inúmeros desafios enfrentados durante o desenvolvimento — desde conflitos de agenda e intensa pressão criativa até momentos em que Taro considerou abandonar o projeto — tanto ele como o produtor Yosuke Saito expressaram orgulho pelo percurso da série. O que começou como um título de culto evoluiu para uma das sagas mais reconhecidas e aclamadas da indústria dos videojogos a nível internacional.