
O episódio 10 da terceira temporada de One-Punch Man provocou uma onda de indignação entre os fãs devido a uma decisão de censura que muitos consideram absurda e nostálgica dos piores momentos da 4Kids Entertainment. A mudança mais controversa envolve o herói Zombieman, que no mangá acende um cigarro após uma batalha exaustiva contra Pureblood, mas no anime aparece a lamber um chupa-chupa.
A alteração rapidamente se tornou viral nas redes sociais, com comparações diretas à censura infame que a 4Kids aplicou a Sanji em One Piece, onde os cigarros do cozinheiro foram substituídos por chupa-chupas nos anos 2000. Esta prática foi durante anos alvo de críticas e ridículo, tornando ainda mais surpreendente que um estúdio em 2025 repetisse o mesmo erro.
Uma censura que não faz sentido no contexto
O que torna a situação particularmente bizarra é a inconsistência flagrante. Zombieman é uma personagem adulta definida visualmente pelo seu estilo noir de detective, sobretudo, atitude cínica e, sim, o cigarro perpétuo. A sua identidade visual é construída em torno destes elementos, e removê-los é alterar fundamentalmente quem a personagem é.
Mais desconcertante ainda é o facto de o episódio manter cenas de violência gráfica extrema. Zombieman desmembra e decapita um vampiro em sequências sangrentas, está coberto de sangue durante toda a cena, mas aparentemente um cigarro é o que “cruza a linha do explícito”. Esta hipocrisia é o que mais indigna a comunidade, um anime repleto de sangue, desmembramentos e monstros a explodir decide que um cigarro é inaceitável.
Esta censura surge num contexto já desastroso para a terceira temporada. O episódio 10 recebeu uma classificação catastrófica de 2,3 em 10 no IMDb, juntando-se ao episódio 6 que anteriormente estabeleceu o recorde como o episódio de anime com pior classificação de sempre na plataforma, com apenas 1,4 em 10.
A produção pela J.C.Staff tem sido criticada desde o primeiro episódio por animação de baixa qualidade, uso excessivo de imagens estáticas, filtros de cores desajustados e coreografia de combate dececionante. O ciclo de produção foi tão mal gerido que o diretor Shinpei Nagai desativou as suas contas nas redes sociais devido ao assédio online, e alguns relatos sugerem que a equipa teve apenas seis meses para produzir a temporada completa.
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O episódio 10 exemplifica todos estes problemas. Para além da censura ridícula, a batalha entre Zombieman e Pureblood estava repleta de imagens estáticas mal desenhadas, movimentos lentos e designs de personagens particularmente medíocres durante as cenas de ação. Até os designs de personagens durante os combates foram “incrivelmente insossos e sem brilho”, algo raro mesmo para os padrões já baixos desta temporada.
A derrocada de uma franquia outrora gloriosa
A primeira temporada de One-Punch Man, produzida pela Madhouse em 2015, foi um fenómeno absoluto que redefiniu as expectativas para anime de ação. A segunda temporada, já sob a J.C.Staff, sofreu uma queda de qualidade mas manteve-se aceitável. A terceira temporada representa uma quebra total.
A comunidade não culpa os animadores individuais, que claramente fazem o possível com recursos limitadíssimos. O problema reside na gestão catastrófica da produção, com prazos impossíveis, orçamento inadequado e decisões criativas questionáveis como esta censura inexplicável.
Alguns fãs chegaram a sugerir que o anime foi vendido a um canal japonês infantil, dado o nível extremo de censura aplicado, embora não exista confirmação oficial desta teoria. O que é certo é que One-Punch Man, uma série construída sobre violência estilizada e personagens complexas, está a ser tratada como conteúdo para crianças pequenas em aspetos arbitrários enquanto mantém toda a violência gráfica intacta.
Com a temporada ainda a decorrer e várias semanas pela frente, os fãs perguntam-se se a situação pode piorar ainda mais. A resposta, infelizmente, parece ser “sim” a cada novo episódio que estreia.










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