O termo “Waifu” deixou de ser uma expressão desconhecida por muitos para se tornar um pilar cultural dentro do mundo do anime e mangá, especialmente entre os otaku. Esta palavra, que surge do termo inglês “esposa”, evoluiu ao longo dos anos para se tornar uma referência a personagens femininas de anime ou mangá que são objetos de carinho e admiração.
Embora o seu uso remonte à gíria comum na Ásia para se referir coloquialmente a uma esposa, o termo “waifu” alcançou notoriedade na cultura otaku graças a uma cena do anime “Azumanga Daioh”. Neste anime transmitido no Japão em 2002, uma das personagens, o professor Kimura, deixa cair a fotografia de uma mulher misteriosa. À curiosidade dos seus alunos, responde simplesmente: “Mai Waifu”, fazendo uma clara referência à sua mulher, embora a cena se prestasse a dar-lhe um significado mais humorístico e estranho.
A partir deste momento, a palavra waifu começou a ser adotada pela comunidade otaku, primeiro como uma piada recorrente e depois como um conceito que definiria a relação emocional que muitos fãs desenvolvem com as suas personagens favoritas. Tal como “waifu” se refere a personagens femininas, também a sua contraparte masculina tem o seu próprio termo: “Husbando”.
Hoje, a palavra “waifu” é utilizada para se referir a personagens femininas de anime, mangá ou videojogos por quem alguém sente uma forte atração emocional ou até mesmo romântica. Não é incomum encontrarmos fãs que falam das suas “waifus” com uma dedicação que pode parecer exagerada ou incompreensível para quem não está imerso na cultura otaku. Nas redes sociais e fóruns especializados, os utilizadores partilham frequentemente imagens, fanarts e todo o tipo de conteúdo dedicado a estas personagens, elevando-as a uma categoria quase mística dentro do seu mundo pessoal.
Um exemplo claro desta devoção encontra-se em eventos como o “Jantar com a Waifu”, uma curiosa tradição que teve origem nos fóruns japoneses em datas românticas como a véspera de Natal ou o Dia dos Namorados. Nestas celebrações, os fãs partilham fotografias deles a jantar com as suas waifus, que podem aparecer nos ecrãs dos computadores ou em almofadas com as suas imagens. Para alguns, é um ato humorístico; para outros, é uma expressão genuína de carinho pela sua personagem favorita.
O termo waifu gerou polémica e não está isento de críticas. Enquanto muitos otakus defendem a relação emocional que desenvolvem com estas personagens bidimensionais, outros consideram isso um sinal de desconexão da realidade, encapsulado na famosa frase “She’s a Cartoon, Not Your Waifu” (Ela é um desenho animado, não a sua Waifu). Estas críticas apontam para a perceção de que desenvolver um vínculo tão profundo com uma personagem fictícia pode levar a uma obsessão doentia ou refletir a dificuldade de algumas pessoas em formar relacionamentos na vida real.
No entanto, para os defensores do fenómeno, ter uma waifu não significa necessariamente um afastamento da realidade. Muitos afirmam que é simplesmente uma forma de expressar o seu amor pela cultura anime e pelas suas personagens, e que estes sentimentos não são diferentes daqueles que outras pessoas experimentam em relação a ídolos musicais, atores ou personagens literárias. No cerne do fenómeno waifu está um profundo amor pelos mundos de fantasia que o anime e o mangá podem criar, e as personagens que os habitam tornam-se um reflexo dos ideais e desejos dos seus fãs.
Querem saber o que é uma waifu?
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