Numa entrevista ao Comic Natalie, o presidente do estúdio MAPPA (Attack on Titan Final Season, Jujutsu Kaisen, The God of High School, Dororo, Dorohedoro), Manabu Ootsuka, falou sobre a sua visão de futuro para a empresa e as metas que propõe para a sua gestão no longo prazo. Embora o estúdio MAPPA tenha sido fundado há apenas doze anos, num curto período de tempo tornaram-se num estúdio cujo nome é conhecido por grande parte da comunidade de fãs de anime.
Entre muitas coisas Ootsuka afirmou que para o MAPPA, In This Corner of the World (Kono Sekai no Katasumi ni) foi um sucesso muito aguardado em 2016. A realidade que se seguiu, no entanto, trouxe novas ideias à mente de Manabu Ootsuka. Em baixo fica um excerto da sua entrevista:
Foi bom termos conseguido produzir um filme de sucesso, mas a quantidade de dinheiro que entrou no estúdio para um simples trabalho de produção subcontratado por um comité foi muito pequena. O que quero dizer com menos é que a receita do estúdio é pequena em relação à escala geral do negócio das produções. Senti que se não melhorássemos isso seria impossível sobrevivermos e crescermos fortemente como empresa. Então, a partir de 2016, decidimos manter um ambiente onde pudéssemos continuar a produzir animação, focando em condições de produção que trouxessem mais dinheiro para o estúdio, e a partir de 2018, também começamos a trabalhar fora dos negócios de produção de animação, como direitos e eventos.
Até então, eu era um dos mais jovens do setor, então segui o costume de ‘é assim que se faz’ ou a tendência de ‘seguir o caminho certo’, mas se você continuar a dizer ‘não tem remédio’, nada vai mudar. Mesmo numa tendência de mercado onde o ambiente de negócios em torno dos estúdios está cada vez mais difícil, tivemos a ideia de nos arriscarmos para realizar coisas como fazer animações que as pessoas gostem.
Um exemplo simbólico da materialização desta ideia é o investimento a 100% do estúdio MAPPA na adaptação anime de “Chainsaw Man”, que foi transmitida em 2022. Foi uma experiência inédita para um estúdio de animação.
A história original de “Chainsaw Man” fascinou-me tanto que resolvi aceitar o desafio de adaptá-la para um anime, e depois de pensar no que poderíamos fazer melhor, criamos o esquema de investimento 100%. Temos um diretor, Makoto Kimura, que trabalhou numa rede de televisão antes de se mudar para o MAPPA, e ele e eu criamos um plano juntos e propusemos esse plano à Shueisha.
Kimura é um produtor com quem trabalhei em “Zankyou no Terror (Terror in Resonance)” e outros projetos, e agora é ele quem está encarregado de pensar nesses planos de negócios e propô-los a mim. Kimura juntou-se a nós na hora certa, quando senti que precisávamos de alguém no estúdio que pudesse construir um bom relacionamento com a parte da plataforma que envia a animação e pensar em esquemas de negócios apropriados. O MAPPA é o que é hoje graças à colaboração de pessoas como esta, inclusive de fora da empresa.
Em relação a esta temporada de outono de 2023, o MAPPA está a transmitir títulos de grande escala como “Jujutsu Kaisen” e “Shingeki no Kyojin: The Final Season”, e o filme “Alice to Therese no Maboroshi Koujou” também está a ser exibido nos cinemas. A empresa foi fundada há apenas doze anos, em 2011, pelo produtor Masao Murayama que tinha deixado os estúdios Madhouse.
O MAPPA foi criado originalmente porque Maruyama queria produzir alguns filmes. Um deles era Kono Sekai no Katasumi ni (In This Corner of the World), e naquela época Maruyama também tinha um projeto de animação de ‘Sakamichi no Apollon (Kids on the Slope)’. O diretor de ‘Sakamichi no Apollon’, Shinichiro Watanabe, perguntou-me se eu gostaria de participar na produção. Até então, trabalhava no STUDIO 4°C, um estúdio especializado principalmente em animação cinematográfica, mas queria experimentar uma série de televisão para melhorar as minhas competências como produtor. Além disso, naquela época, o bloco Noitamina estava na vanguarda da animação para adultos, então fiquei interessado. Os tempos coincidiram e acabei por ingressar no MAPPA desde o início com este projeto.
Fiquei grato por Maruyama me ter permitido trabalhar livremente desde que entrei no MAPPA. Especificamente na área de gestão empresarial, no Studio 4°C pensei apenas nas produções em si, mas no MAPPA interessei-me em como conseguir dinheiro e trabalhar para dirigir um estúdio de animação e comecei a trabalhar nisso. Não pensei ‘quero ser presidente’, mas como produtor comecei a entrar nos números da empresa quando trabalhava nas produções.
Otsuka tornou-se CEO dos estúdios MAPPA quando Maruyama assumiu a presidência em 2016. O desejo de Manabu Ootsuka naquela época era, e continua a ser, um desejo insaciável de superação.
À medida que aprendi vários números relacionados com a gestão de estúdios, o meu interesse centrou-se em ‘até onde podemos crescer como empresa que faz animação e até onde podemos sobreviver como empresa?’. É por isso que quando Maruyama me pediu para assumir o cargo de CEO em 2016 e eu aceitei, o meu primeiro pensamento foi “sobreviver e continuar a criar animação”.
Não no pequeno âmbito da indústria da animação, mas como empresa. Quando pensamos no que precisávamos fazer para conseguir isso, a primeira coisa foi aumentar a produtividade. É difícil alcançar a qualidade da Kyoto Animation e do Ufotable em pouco tempo, e é tarde demais para o MAPPA tentar atingir esse nível em 20 ou 30 anos. Portanto, tivemos que adotar uma abordagem diferente dos estudos que nos precederam. Então pensamos em como poderíamos produzir muito e ganhar experiência mantendo um alto nível de qualidade, e ao mesmo tempo marcar o estúdio e entrar na corrida com esses estúdios no menor tempo possível.
Para os fãs de animação, o MAPPA pode ser um estúdio “ao mesmo nível dos melhores estúdios”, produzindo trabalhos de alta qualidade desde o início. Contudo, esta não foi a percepção de Otsuka.
Já tínhamos consciência de que queríamos estar na corrida com os grandes estúdios quando estávamos a fazer ‘Zankyou no Terror (Terror in Resonance)’, ‘Shingeki no Bahamut: Genesis‘ e ‘GARO: THE ANIMATION‘, que foi exibido em 2014. Mas tínhamos um complexo porque não tínhamos os nossos próprios sucessos e não sabíamos como realizá-los. Depois disso, continuamos a fazer produções através de vários processos de tentativa e erro, e o primeiro que deu frutos foi ‘Yuri!!! on Ice‘ e depois ‘Kono Sekai no Katasumi ni (In This Corner of the World)’ que foram exibidos em 2016. O sucesso destes dois títulos teve um impacto tal que não seria exagero dizer que mudou o destino do MAPPA, e também mudou claramente a forma como as pessoas que nos rodeiam nos viam.
ele fala isso, mas o mappa vive piorando ainda mais a indústria com sua ganância de querer fazer um monte de animes ao mesmo tempo, sem se importar com a saúde dos animadores, e pra piorar ainda mais querem censurar aqueles que se reclamam das péssimas condições de trabalho oferecida por ele.