Nesta edição do Retronime trago-vos uma série que é uma referência no que toca a qualidade nesta indústria de entretenimento.
As guerras e a poluição tornaram a vida penosa num Planeta Terra demasiado sobrepovoado. Rapidamente o homem não teve outra escolha senão abandonar o planeta azul e procurar outros para povoar e viver. Com o passar do tempo nasceu uma espécie de culto Wild West espacial, marcando uma nova era na qual os pioneiros criaram uma sociedade muito cosmopolita. Estamos em 2071, Spike Spiegel e Jet Black são dois “cowboys”, sem rumo vagueando no espaço em busca e fama, e fortuna. Mais tarde unem-se ao grupo, Faye Valentine, Ed e Ein devido a diversas situações adversas.
Cowboy Bebop é uma série curiosa porque para começar, teve uma vida muita conturbada no país do sol nascente. Quando foram transmitidos na primavera de 1998 apenas os episódios 2,3,7 a 15, concluindo a série num episódio especial recapitulando toda a mesma, chamado, Yose Atsume Blues. Nessa altura o Japão vivia num clima de censura devido a grandes controvérsias em redor da sempre popular: Neon Genesis Evangelion. Cowboy Bebop, apenas teve exibição na íntegra no canal de satélite, WOWOW. No início deste milénio é que o mundo finalmente conheceu a tripulação do Bebop, com a transmissão na íntegra nos USA pela mão da Adult Swim, traduzindo-se num enorme sucesso especialmente nas camadas mais adultas.
Esta série também marcou o primeiro trabalho a solo de Shinichiro Watanabe. Inicialmente o conceito base seria vender pequenos kits de naves espaciais, mas com o decorrer do projeto, Watanabe quis ir mais longe e transformou cada episódio num minifilme. Apenas temos desenvolvimentos nos últimos 5 episódios da série, aliás toda a mesma antes é composta por acontecimentos episódicos. Spike curiosamente também foi uma antítese deste famoso realizador, pensou eu não fumo ou bebo, mas quero, faz-me parecer distante e “cool”. Foi com base neste conceito que a personagem Spike foi moldada, retirando ainda elementos de Lupin III, inicialmente, mas alastrando território para o resto das suas personagens. No entanto, os seus passados são mais trágicos e menos humorísticos. Para Watanabe, Cowboy Bebop é 80% tom sério e 20% humor. Temas adultos como a homossexualidade, venda de drogas, e traumas infantis foram uma constante num ambiente muito, anos 70, carregado de influências ocidentais como o Jazz (cada episódio tem uma faixa alusiva), e os filmes do eterno Bruce Lee.
Cowboy Bebop é uma obra de Sunrise, um estúdio conhecido pelo género Mecha. Não deixem este fato ou a sua idade induzir-vos em erro, até porque ser uma obra de 1998 é um aspeto mais positivo que negativo. É impossível imaginar esta série num ambiente limpo e saturado como a animação digital assim o permite, toda a sua trama passa-se num tempo sombrio e um pouco pessimista. A coreografia das suas lutas estão no ponto! O seu jogo de sombras é fantástico, e as animações apresentam valores de produção tremendos! Ainda mais quando estamos a falar de uma série que alcançou recentemente os seus 20 anos de existência! As aventuras espaciais de Spike não podiam ser as mesmas se o fator Banda-Sonora não estivesse presente, fazendo desta, parte integrante da sua história. Desde os momentos iniciais onde vemos o passado de Spike, passando por “blues”, guitarras, harmónicas e culminando no fantástico Tema: Blue, onde é quase impossível não verter uma lágrima, e os demónios deste podem finalmente descansar, a música transformou este momento em algo absolutamente poderoso e inesquecível. Claro que os temas de abertura Tank e encerramento The Real Folk Blues serão as mais recordadas pela maioria.
Realmente é difícil apontar falhas a Cowboy Bebop, a história embora episódica é intensa e o seu final é poderoso e único. As suas personagens embora sejam fictícias são muito humanas e relacionáveis, admito que tenho um pouco de Spike Siegel em mim, como a maioria dos que estão a ler este Retronime. Animação ridiculariza muitas obras hoje em dia e com muito mais investimento. Cowboy Bebop teve transmissão no nosso país pela Sic Radical, recentemente Netflix, e de futuro terá uma adaptação com atores de carne e osso pela mesma empresa. Resta-me recomendar Cowboy Bebop não só a qualquer entusiasta de anime, como também a qualquer fã de uma boa série incrivelmente bem realizada.
Bang! See you Space Cowboy.
o autor adora tanto Lupin III, que um dos seus personagem tem um design bem parecido https://uploads.disquscdn.com/images/5689bcafd59395d48ad77e325bc929357067c1d61c666dc63ed7e2ddeabf8692.jpg
O próprio Spike, é uma representação do Lupin, se reparar o calçado e alguns maneirismos são muito parecidos.
História, animação, design, trilha sonora… cowboy bebop é uma obra memorável, algo dificilmente visto hoje em dia.
P.S. Faye é uma das personagens mais bonitas e atraentes que eu já vi em um anime.
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Muita sensualidade, versatilidade e classe, elementos muito pouco comuns em personagens dentro e fora do mundo anime.