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    Retronime – Mobile Suit Zeta Gundam

    Retronime - Mobile Suit Zeta Gundam

    O desta semana mostra-te uma série que não só revolucionou o seu género como tornou-se numa das referências do mesmo.

    Sete anos depois dos acontecimentos da guerra entre a federação terrestre e a fação Zeon, a humanidade estabelece os Titans, uma unidade especial para preservar a paz e erradicar os estilhaços ainda presentes da anterior ameaça. No entanto estes começam a ganhar muita dimensão e poder, e secretamente um grupo de resistentes cria a AUEG (Anti-Earth Union Group). Certo dia Kamille Bidan, um jovem adolescente e a sua amiga Fa, evolvem-se numa disputa entre Titans, culminando na sua fuga, e levando a nova revisão da lendária Mobile Suit da guerra anterior, o Gundam MK II. Rapidamente Kamille acaba envolvido com a AEUG e com o seu comandante, o misterioso Quattro Bajeena. Estes foram apenas os eventos iniciais que conduziram a uma nova guerra, mais sangrenta e mais dramática e muito pessoal.

     na verdade é uma sequela direta da primeira série criada por Yoshiyuki Tomino, tendo o pano de fundo a grande guerra de um ano. Muito do seu valor também dependerá se assistiram a Mobile Suit Gundam. Personagens, eventos e até ligações terão um sabor mais rico e com mais impacto. A semelhança de Amuro, Kamille é um jovem cheio de problemas psicológicos, não reflete nos seus atos e atua sem preocupar-se pelas consequências dos mesmos. Ambos também sucumbem rapidamente tanto no amor como na fúria, no entanto o que separa um do outro é o facto que este deseja pilotar o Gundam. Muitos podem achar que estamos na presença de uma personagem vazia e sem conteúdo, inicialmente têm um pouco de razão, isto porque além da mestria de Tomino para escrever histórias, Gundam tem sempre um rol de personagens variado que atuam como extensões conduzindo a um enorme desenvolvimento. Inicialmente Kamille conhece Emma Sheen, uma lindíssima membro da AUEG. O rapaz rapidamente desenvolve sentimentos de romance, sendo uma mulher mais velha Emma possui um misto de frieza e sensualidade. Porém esta vê o rapaz apenas como um criança, mostrando a dura realidade da guerra e como esta é injusta. Este efeito foi uma lufada de ar fresco nesta época porque os espectadores estavam habituada aos “bons” terem sempre os motivos mais sinceros e honestos até num ambiente hostil, com Zeta e pela primeira vez (embora com Mobile Suit Gundam tenha acontecido) pudemos testemunhar o ponto de vista até nos vilões e rapidamente chegaremos a conclusão que num conflito não existe lados bons ou maus, existem sim ideologias e até o nome Gundam, tem um elemento simbólico significando barramento as armas GUN DAM, os seus conflitos são na sua maioria ideológicos e políticos usando o elemento mecha como uma extensão metafórica.

    A primeira parte desta série na sua essência é uma história de amadurecimento não só por Kamille, bem como todos os seus integrantes avistando no horizonte uma história que porá em jogo todo o sistema solar. Entre complexos elementos políticos e sociais, passando por partidas e mortes do mais amargo. Este amadurecimento não foi nada fácil porque o jovem viaja da adolescência, a idade adulta a um ritmo alucinante, não só pelos horrores da guerra, como as suas figuras paternais, Quattro, e Bright Noa tratam-no duramente e este não tem escolha senão auto-disciplinar-se para sobreviver. Não é surpresa para ninguém que Quattro na realidade foi na verdade um dos integrantes da guerra de um ano, e a reunião com Amuro cria uma espécie de triângulo platónico entre os dois heróis. Os mesmos partilham os mesmos acontecimentos mas de maneiras diferentes, com esta reunião estabeleceremos uma ligação entre o presente e o passado. Os acontecimentos desta parte são equilibrados entre o egocentrismo de Kamille numa visão mais periférica, contudo nunca perdemos o foco deste, até porque diversas situações acontecem pela sua mestria aos comandos de um Gundam e ser um Newtype.

    Se os primeiros vinte e cinco episódios de foram um amadurecimento de Kamille, a segunda parte é sem sombra de dúvida o amadurecimento da franchise como um todo. Todos os pilares que popularizam esta série encontram-se presentes, criando um núcleo próprio e abrindo horizontes a muito mais do que uma sequela. O conflito em si é revelado, surgem novas personagens, tecnologias, elementos políticos e um dramatismo muito mais conseguido, fazendo de Zeta a pedra inicial no muro da narrativa desta lendária série. Também muito escondido temos um culto a mulher nesta fase, exemplos como a poderosa mas ao mesmo tempo insegura Hamaan Karn, a resolução de Fa, ou o triângulo entre Reccoa, Sarah e Paptimus Scirocco demonstram os vários lados de uma mulher. Infelizmente e quem conhece as obras de Tomino sabe que todas tiveram a mesma sorte, culminando num dos finais mais amargos que assisti, fazendo-me várias vezes perguntar por que ideais as personagens realmente batalhavam.

     sem surpresa foi uma obra produzida pelo estúdio de animação Sunrise. Não tenho quaisquer reservas que Zeta Gundam utilizou as melhores técnicas de animação para o seu tempo. Abandonando por completo o estilo mais clássico e robótico da série anterior. Fomos brindados com Mobile Suits que têm tanto de estranho como de espetacular, Quebeley e the 0 são dois destes exemplos. O desenho de personagens respira de anos oitenta, especialmente nas personagens femininas onde traços pormenorizados e por vezes quase eróticos marcaram presença. Evidentemente como estamos na presença de uma space opera, as batalhas, explosões e arte das Mobile Suits foram sempre uma constante na sua qualidade. Quanto ao som novamente somos transportados para esta era, mais épica do que o seu antecessor ocasionalmente orquestrada com os tradicionais beats dos anos oitenta. Neste departamento Mobile Suit Zeta Gundam também está uns pontos acima da obra original.Por ultimo convém referir que mesmo passados mais de 30 anos não temos acesso a abertura e encerramento orientais, apenas temos acesso as suas versões instrumentais.

    é mais do que uma sequela, é um pedaço de história que cimentou um legado, popularizou um género e abriu portas para uma narrativa e complexidade de personagens que ainda hoje é sentida não só em Gundam como em todas as séries que seguiram dentro e fora deste género.


    Artigo enviado pelo nosso leitor Bruno Reis. Podem enviar as vossas reviews para o email admin@otakupt.com.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    Marcio Hoglhammer Moreira
    Marcio Hoglhammer Moreira
    13 , Julho , 2019 4:28

    Achei essa serie até legal, Kamille as vezes consegue ser um pé no saco. Animação peca as vezes por mostrar os mesmos planos.
    E o engraçado do anime é que os Titans, que são uma força Anti-Zeon, usam em sua maioria Zakus e suas variantes.
    Da franquia continuo com 00 ou Orphans entre os melhores.

    toygame lan
    toygame lan
    13 , Julho , 2019 4:29

    zeta foi um marco na historia da franquia gundam,o autor fez muitas melhorias em relação a primeira serie

    Pedro Oliveira
    Pedro Oliveira
    13 , Julho , 2019 4:29

    Aprendi a gostar da franquia recentemente assistindo Tekketsu no Orphans, (apesar de ter assistido 00 e Unicorn antes).
    Assisti há alguns meses a trilogia de filmes que resume a primeira série, e espero em algum momento no futuro conseguir ver todas as outras que compõe o Universal Century (Zeta, ZZ, Char’s Counterattack, 0080, 0083, The 08th MS Team).

    Shiba
    Shiba
    13 , Julho , 2019 4:29

    Adoro os animes da franquia (tirando o G no Reconguista) , mas esses antigos.sao dificeis de encontrar.

    Alexandre Skywalker
    Alexandre Skywalker
    13 , Julho , 2019 4:29

    Para muita gente essa é a melhor saga de Gundam , eu não penso igual mas adoro o anime pois tem todo amadurecimento dos personagens , rivalidades fodas , batalhas e etc .
    Kamille Bidan é uma versão extremamente parecida com a personalidade do Amuro Ray só que numa arrogancia maior

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