A adaptação anime de The Summer Hikaru Died promete ser uma das séries mais perturbadoras desta temporada de verão. Baseada no popular mangá de Mokumokuren, que já vendeu mais de três milhões de cópias e recebeu uma nomeação para os prémios Eisner, a série está nas mãos do diretor Ryohei Takeshita, conhecido pelo seu trabalho em Jellyfish Can’t Swim in the Night e Eromanga Sensei.
A história acompanha Yoshiki, um jovem introvertido que vê o seu melhor amigo Hikaru regressar mudado após ter desaparecido. O que se segue é uma descida perturbadora pelos mistérios sobrenaturais, enquanto Yoshiki tenta perceber se esta versão de Hikaru é melhor do que a ausência do verdadeiro amigo.
Um terror diferente do habitual
Em entrevista recente, Takeshita explica que ficou imediatamente cativado pela abordagem única do mangá original. “Quando li esta obra pela primeira vez, pensei: ‘Esta é uma abordagem tão fresca e única à expressão mangá'”, revela o diretor , que viu neste projeto a oportunidade perfeita para se estrear no género de terror.
Ao contrário dos sustos típicos do género, The Summer Hikaru Died aposta numa atmosfera de inquietação constante. “Não é o tipo de terror que depende de sustos repentinos – é mais sobre o sentimento de que algo pode estar ali, uma quietude estranha ou uma atmosfera pesada”, explica Takeshita.
Para capturar fielmente o ambiente rural da história, que se passa na prefeitura de Mie, a equipa fez várias viagens de reconhecimento ao local. Takeshita passou inicialmente três noites sozinho na região, regressando depois com a equipa principal e posteriormente com a equipa de realização.
“Para retratar um ambiente rural realista, acredito que é essencial experienciá-lo em primeira mão”, defende o diretor . Detalhes como garrafas de plástico espetadas em vedações, carros abandonados enferrujados ou placas antigas ainda de pé foram cuidadosamente incorporados na animação.
A arte do “DORODORO”
Um dos maiores desafios foi adaptar o elemento visual “DORODORO” do mangá original – uma representação gráfica única que simboliza a presença sobrenatural. Inicialmente, a equipa considerou métodos de produção mais eficientes, mas o animador Masanobu Hiraoka decidiu desenhar tudo à mão.
“Honestamente, o meu primeiro pensamento foi: ‘Isso é sequer possível?!'”, admite Takeshita com humor. A dedicação resultou na criação de um cargo especial de “Animador DORODORO” dentro da equipa principal, sublinhando a importância deste elemento visual para a série.
Com animação pelo estúdio Cygames Pictures (Brave Bang Bravern!), a direção e argumento são de Ryohei Takeshita (Eromanga Sensei, Jellyfish Can’t Swim in the Night, Pokémon: Paldean Winds) e o design de personagens é de Yūichi Takahashi (Stars Align, Macross Frontier, Vivy -Fluorite Eye’s Song-).
Elenco e sonorização cuidadosa
O casting foi fundamental para capturar a química única entre as personagens principais. Chiaki Kobayashi dá voz a Yoshiki, enquanto Shūichirō Umeda interpreta “Hikaru”. Takeshita elogia a versatilidade de ambos os atores e como o seu relacionamento real reflete a dinâmica das personagens.
Quanto ao som, a série privilegia os efeitos sonoros em detrimento da música, numa abordagem que o diretor compara ao cinema japonês. O som “DORODORO” mereceu atenção especial, sendo concebido como um “som inorgânico” que reflete a natureza sem alma da entidade que habita o corpo de Hikaru.
Pressão e expectativas
Com o elevado nível de expectativa à volta da adaptação, Takeshita admite sentir “uma pressão imensa”. No entanto, o diretor encontra confiança no tempo dedicado a compreender verdadeiramente a obra original.
“Se há algum significado em ser eu a fazê-lo, reside no tempo que passo realmente a envolver-me com a obra”, reflete. “Esse é o único aspeto que não pode ser fingido”.
A série The Summer Hikaru Died estreia dia 5 de julho, prometendo conquistar tanto os fãs do mangá original como novos espectadores à procura de uma experiência de terror psicológico única no panorama dos anime atuais.