A Sony revelou grandes ambições para transformar o anime numa das pedras angulares do seu império de entretenimento, ao lado dos videojogos e música. Numa declaração, Toshimoto Mitomo, diretor de estratégia global da Sony responsável pelo desenvolvimento de propriedades intelectuais, comparou o estado atual do negócio de anime da empresa aos primórdios da PlayStation.
“Está numa fase aproximadamente equivalente ao período entre o lançamento da PS1 e PS2“, explicou Mitomo em entrevista à japonesa Toyo Keizai. A comparação não é casual: a PlayStation registou sucesso imediato com o lançamento da PS1 há três décadas, mas foi nos anos seguintes que a consola alcançou popularidade e performance comercial estratosféricas, com receitas anuais a multiplicarem de 2 mil milhões para 30 mil milhões de dólares entre as eras PS1 e PS5.
A analogia sugere que a Sony considera o seu negócio de anime numa fase inicial mas de crescimento explosivo, com uma expansão ainda maior por vir. Esta perspetiva ganha contexto quando se analisa os movimentos agressivos da empresa no mercado nipónico nos últimos anos.
A gigante japonesa já possui sucessos significativos e uma extensa rede de distribuição global. No mês passado, a Aniplex, empresa de produção de anime do grupo Sony, lançou no Japão Demon Slayer: Kimetsu No Yaiba The Movie: Infinity Castle, que já arrecadou cerca de 120 milhões de dólares em bilheteira, tornando-se o décimo filme de maior sucesso na história do país. A Sony detém também a Crunchyroll, uma das maiores plataformas de streaming de anime.
Demon Slayer faz história e elimina todos os filmes japoneses live-action do top 10 no Japão
Contudo, o grupo pretende expandir ainda mais a sua influência no universo do anime, tendo tomado medidas assertivas nesse sentido. Em janeiro, a Sony tornou-se acionista principal da Kadokawa após adquirir uma participação de 10% por aproximadamente 340 milhões de dólares. Esta aliança de capital deu à Sony acesso não apenas aos estúdios de anime da Kadokawa (como a Doga Kobo), mas também às numerosas propriedades intelectuais originais da editora, incluindo mangá e light novels, as fontes de material mais comuns para adaptações anime.
Em contrapartida, a Kadokawa anunciou que aproveitaria o apoio da Sony para aumentar significativamente a sua produção anual de novas publicações originais.
A estratégia de aquisições continuou em julho, quando a Sony anunciou a compra de uma participação de 2,5% na Bandai Namco Holdings por aproximadamente 464 milhões de dólares. As duas empresas estabeleceram uma parceria estratégica com o objetivo de aprofundar os laços na indústria do entretenimento, particularmente na expansão de propriedades intelectuais de anime.
Estes investimentos de centenas de milhões demonstram que a Sony está seriamente empenhada em fazer do anime um pilar central da sua oferta de entretenimento global, posicionando-se para capitalizar no crescimento contínuo da popularidade do anime a nível mundial.