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    Vem festejar o 25.º aniversário de Neon Genesis Evangelion com este artigo

    Foi exatamente neste dia há 25 anos que foi transmitida uma série anime que não só mudou todo o panorama anime no Japão como no mundo.

    Neon Genesis Evangelion realmente começa com grande impacto. A série segue o rescaldo de um grande acontecimento que abalou o mundo chamado Segundo Impacto. Perante a extinção da humanidade às mãos dos Anjos, uns misteriosos monstros gigantes que assumem diversas formas e periodicamente invadem a terra. Para contra-atacar homem o homem desenvolve poderosos robôs humanoides, denominados de “Unidades Evangelion” que apenas podem ser comandados por crianças que sobreviveram ao segundo impacto. Entre os quais encontramos Shinji Ikari, um rapaz de 14 anos, filho de Gendo Ikari, o comandante da NERV, a força especial estabelecida pelos humanos para combater estas ameaças.

    Está à partida parece ser uma história mecha comum, como anteriormente vivemos com Mobile Suit Gundam, e os seus derivados. Também não trazia novidades. Inúmeros animes tinham debatido e explorado a complexidade que é ser jovem e conseguir decidir o futuro da humanidade enquanto ainda nem definimos o nosso próprio. O uso de Mechas também já tinha sido bastante explorado e os temas religiosos misturados com o avanço tecnológico era algo que alguns mestres como Mamoru Oshii ou Katsuhiro Otomo já tinham explorado. Contudo, o que realmente separa Neon Genesis Evangelion, não são as suas lutas exteriores, mas sim as interiores. A série foi criada por Hideaki Anno, e foi transmitida de 5 de outubro de 1996 até 27 março de 1996. Segundo o autor original Neon Genesis Evangelion, é uma autobiografia sua, onde através do seu avatar Shinji Ikari, retrata a sua juventude, muitos os seus problemas sociais. e pelo pessimismo social japonês que era vivido na época. No fundo, podemos dizer que esta personagem é odiada por tantos por ser brutalmente relacionável com os próprios espetadores.

    É certo que no seu início a série pode ser rotulada como Super Robot, contudo quanto mais mergulhamos, mais nos apercebemos que é bem mais do que uma vulgar série mecha. Neon Genesis Evangelion gradualmente evoluiu para acontecimentos internos intensos como a depressão severa, antissocialismo, ódio, amor, existencialismo ou culto à religião e ao homem. Como não bastasse a série está recheada de momento únicos, que jamais serão esquecidos, comandados por um elenco de personagens verdadeiramente memoráveis. A série atinge uma dimensão psicológica e filosófica absolutamente delirante enquanto nos convida até a psique mais profunda das suas personagens, atingindo níveis de relacionamento incrivelmente próximos com a própria sociedade e com os seus próprios espetadores. Neon Genesis Evangelion na sua vertente mais pura, retrata como vemos a sociedade e como nos definimos enquanto identidade aos olhos de terceiros e de nós próprios. Não existem barreiras nesta série, tudo é extremamente real e duro do quer para pelas personagens e pelo espetator. Também a série dá um especial relevo à mulher, não só através da sexualidade, como pela dimensão de chefia, ou enquanto criança, adolescente e mãe.

    Ao contrário de muitas séries, na altura, Neon Genesis Evangelion, não faz dos seus robôs o seu fundamento principal, mas sim das suas personagens. Todas -mesmo as secundárias- têm um propósito, um fim, e um destino que se interliga com as principais e o restante espaço da história. Embora cá não pudéssemos sentir este efeito, no seu país de origem a série também prosperou por ser a pioneira na desconstrução do mecha. Ao passo que aqui o nosso herói não evolui para alguém valoroso ou poderoso, vai gradualmente desconstruindo-se a si mesmo, enquanto fica à mercê de caprichos da loucura de adultos, da sociedade, do seu passado e de um robô que devido ao seu aspeto absolutamente pouco convencional para padrões históricos no mecha tornou-se num autêntico ícone dentro e fora da animação.

    Ao passo que os mecha anteriormente tinham formas humanoides robustas e em forma de blocos, as unidades Evangelion, são extremamente magras, apresentam traços finos -porem pormenorizados- superficies arredondadas e todas possuem um aspeto ameaçador, que imediatamente contrastou com a inocência de uma criança aos seus comandos, pois até conseguiram várias vezes instalar medo nas mesmas, foram obrigadas a tomar decisões exigidas por adultos, quando ainda nem sequer, alcançaram maturidade para tal. Sem sombra de dúvidas a unidade Evangelion que mais se destacou de todas foi a unidade “Evangelion 01 Test Type”, através do seu ‘design’ único que se estabeleceu de tal forma que até se tornou como um dos simbolos máximos do mecha e do anime no mundo.

    Como não bastasse Neon Genesis Evangelion também apresenta uma enormíssima qualidade no seu departamento técnico. As suas personagens foram criadas com rigor e detalhe, e nos seus momentos mais intensos a sua animação atingiu níveis bastante incomuns para obras televisivas do seu tempo, e que ainda hoje fazem corar muitas produções atuais. Quem não se recorda do despertar do Evangelion 01, da sua batalha rítmica com a unidade #2, ou então do seu polémico final televisivo. Estes momentos naturalmente atingiram dimensões ainda maiores quando foram juntadas faixas musicais orquestrais do mais icónico como o “Angel Attack” – Que muitas vezes invade a minha cabeça em certos momentos da minha vida- “Eva 00“, ou das suas várias variantes do Tema “Fly me to Moon” criada por Bart Howard.

    Literalmente em todos os solos que Neon Genesis Evangelion pisou causou grande impacto. Cá no nosso Portugal, os seus 26 de episódios foram transmitidos e dobrados em português aos fins de semana no espaço infantil/juvenil da SIC Buéréré. Na altura foi um produto estranho, diria mesmo inconvencial, pois retratava temas adultos – que nem eram percebidos por esta faixa étaria- e uma ação mais pausada, ou seja, completamente o oposto das lutas supersónicas de Dragon Ball Z, que gozava o seu auge de popularidade neste período. Porém, esta estranha inconvencionalidade atribuiu-lhe um certo mistério e interesse que a separou de tudo e todas as que foram transmitidas neste e noutros períodos de tempo. Anos mais tarde lembro-me de voltar a assistir na sua integra ficar completamente embasbacado não só o seu grau de qualidade, como de escrita e também do quanto próximo estava no contexto mundial.

    É impossível falar da história do anime, sem sequer mencionar o nome de Neon Genesis Evangelion, a série mesmo sem anos de transmissão continua a estar nas bocas do mundo, e atua como uma régua de medição não só do mecha como do anime. É quase impossível hoje em dia não assistir ao seu contributo em qualquer anime. A série deu lugar a tantos outros projetos que tentaram emular o seu sucesso e elementos como Rahxephon, ou o muito recente Darling in the FranXX. Embora sejam séries de qualidade, na minha humilde opinião, não atingiram o patamar da história e personagens de Tokyo-3. Em suma, Neon Genesis Evangelion mesmo passados 25 anos ainda é considerada como uma das melhores séries anime jamais criadas, e das raras que após novos visionamentos abre sempre espaços para mais dúvidas e discussão.

    “Muitos Parabainz Shinji e Neon Genesis Evangelion.”

    Neon Genesis Evangelion foi transmitida pelos canais SIC em 1997 e Locomotion em 2001, Sic Radical em meados do ano 2000, editada em DVD pela Dynamic Portugal e está disponível na Netflix.

    Quais os vossos momentos favoritos, e como Neon Genesis Evangelion teve impacto nas vossas vidas?

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Samuel Silva
    Samuel Silva
    7 , Outubro , 2020 13:23

    Evangelion marca uma era no anime mas não consigo falar de Evangelion sem pensar imediatamente na música do opening. É e será sempre um clássico absoluto da anisong.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Reply to  Samuel Silva
    9 , Outubro , 2020 14:10

    Era sempre cantada em eventos

    JMB
    JMB
    7 , Outubro , 2020 13:23

    Eu realmente gosto muito de Evangelion. Desde o roteiro super conceitual do Anno (ou nem tão conceitual assim, interpretem como quiser) ao character design inconfundível do Yoshiyuki Sadamoto (que em parte foi responsável pelo sucesso da série, afinal o visual dos personagens foi algo bem marcante, pra alguns tanto quanto o roteiro), Eva de fato marcou a indústria anime e influenciou muita coisa que veio depois, cravando na história o seu inegável legado.

    Anduin Lothar
    Anduin Lothar
    7 , Outubro , 2020 13:23

    já assisti esse anime mais de 5 vezes e até hoje não consegui entender absolutamente nada.

    『vinicius』
    『vinicius』
    Reply to  Anduin Lothar
    9 , Outubro , 2020 14:10

    Se você não for buscar compreender o enredo através de pesquisas e tudo mais, e apenas tentar entender por você mesmo, claro que não irá “entender” não importa quantas vezes assista.

    Anduin Lothar
    Anduin Lothar
    Reply to  『vinicius』
    11 , Outubro , 2020 2:13

    vou fazer isso, porque só no anime ficou bem complicado para entender.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Reply to  Anduin Lothar
    9 , Outubro , 2020 14:10

    Se nós permites o que não percebes?

    Anduin Lothar
    Anduin Lothar
    Reply to  Bruno Reis
    11 , Outubro , 2020 2:13

    toda a história em geral, por exemplo: como eles sabiam que seriam atacados? e até sabiam a quantidade exata dos monstros. também não entendi como eles fundiram os robôs com os anjos, porque só shinji poderia pilotar o naver 1, porque os anjos queriam destruir tudo, e muito mais coisas….

    JMB
    JMB
    Reply to  Anduin Lothar
    12 , Outubro , 2020 14:29

    Esse negócio da Nerv/SEELE prever os ataques, o número de anjos, o que são as Sementes da Vida, a real função da Lança de Longinus…
    Tudo isso é descrito nos manuscritos do Mar Morto. Mas como vc falou, isso não é falado com todas as letras no anime, e acaba que vc tem que pesquisar por fora pra ficar por dentro de tudo que acontece na série. Sugiro que vc pesquise sobre esses manuscritos, para entender sobre a origem de tudo.

    Anduin Lothar
    Anduin Lothar
    Reply to  JMB
    13 , Outubro , 2020 13:27

    obrigado cara, vou pesquisar sim.

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