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    Criadores de Stranger Things queriam final épico no cinema mas Netflix disse não

    Os irmãos Duffer queriam que os fãs vissem o último episódio de duas horas no grande ecrã, mas a Netflix não está interessada

    A quinta e última temporada de Stranger Things está prestes a chegar, mas os fãs que sonhavam ver o final da série numa sala de cinema vão ter de contentar-se com o sofá de casa. Ross e Matt Duffer, os criadores da série, confirmaram numa entrevista à Variety que pediram à Netflix para exibir o episódio final em salas decinema, mas a proposta foi rejeitada.

    O pedido não era descabido. O episódio que encerra a saga de Hawkins tem duas horas de duração, praticamente o mesmo tempo de um filme convencional. Com estreia marcada para a noite de Passagem de Ano, este capítulo final representa o culminar de uma história que conquistou milhões de espectadores desde 2016.

    “As pessoas não conseguem experienciar quanto tempo e esforço é investido no som e na imagem, e estão a vê-lo com qualidade reduzida”, lamentou Matt Duffer. O criador destacou ainda outro aspeto importante: “Mais do que isso, trata-se de experienciar ao mesmo tempo com outros fãs”.

    A visão dos irmãos Duffer faz sentido quando se considera o investimento de produção que a série tem recebido. Stranger Things tornou-se conhecida pelos seus episódios cada vez mais longos e cinematográficos, com a quarta temporada a incluir vários episódios que ultrapassavam os 60 minutos. Transformar o final numa experiência coletiva de cinema poderia ter sido uma forma memorável de despedir a série.

    Bela Bajaria, responsável criativa da Netflix, foi clara na recusa. “Muitas pessoas — muitas, muitas, muitas pessoas — viram Stranger Things na Netflix”, afirmou. “Não sofreu com falta de conversação ou comunidade ou partilha ou fandom. Acho que lançá-la na Netflix é dar aos fãs o que eles querem”.

    Os números apoiam parcialmente o argumento de Bajaria. A quarta temporada de Stranger Things ocupa o terceiro lugar entre as séries mais populares de sempre na plataforma, com 1,838 mil milhões de horas vistas. Apenas fica atrás da primeira temporada de Wednesday e da premiada minissérie britânica Adolescence. Foi também a primeira série em língua inglesa a ultrapassar mil milhões de horas de streaming no serviço.

    Apesar destes números impressionantes, a decisão surpreende quando se olha para precedentes recentes. Squid Game, por exemplo, começou como uma série exclusiva da Netflix mas acabou por ter uma bem-sucedida exibição em cinemas depois de se tornar um fenómeno global. A plataforma aproveitou a popularidade massiva para expandir a experiência além do streaming, gerando receitas adicionais e fortalecendo ainda mais o culto em torno da série coreana.

    A estreia da quinta temporada está dividida em três momentos distintos. Os primeiros quatro episódios chegam a 26 de novembro, seguidos de três episódios no dia de Natal, com o grande final reservado para a última noite do ano. Esta estratégia de lançamento faseado mantém os espectadores ligados à plataforma durante mais de um mês, um período estratégico para a Netflix em termos de retenção de subscritores.

    Matt Duffer expressou preocupação com a qualidade da experiência de visualização em casa. Muitos espectadores veem séries em ecrãs de telemóvel, tablets ou computadores portáteis, longe das condições ideais para apreciar o trabalho de pós-produção. O som espacial, os efeitos visuais e a cinematografia perdem impacto quando consumidos em dispositivos mais pequenos ou através de sistemas de som básicos.

    A recusa da Netflix contrasta com a tendência de outras plataformas de streaming experimentarem lançamentos híbridos. A Apple TV+ já levou alguns dos seus filmes originais aos cinemas antes de os disponibilizar online, enquanto a Amazon Prime Video tem feito o mesmo com produções selecionadas. Estas estratégias não só geram receitas de bilheteira como também criam momentum mediático que beneficia o lançamento posterior no streaming.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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