O Ministério dos Assuntos Internos e Comunicações do Japão alertou para o atraso significativo do país na adopção de inteligência artificial generativa, numa altura em que outras potências mundiais aceleram a integração desta tecnologia.
O alerta surge no mais recente documento anual publicado desde 1973 que analisa o panorama tecnológico japonês. Os dados revelam uma realidade preocupante: apenas 26,7% dos cidadãos japoneses utilizaram IA generativa, uma taxa que, apesar de representar quase o triplo face ao ano anterior (9,1%), continua muito aquém dos principais concorrentes globais.
A comparação internacional é particularmente reveladora. A China lidera destacadamente com 81,2% de utilizadores, seguida pelos Estados Unidos com 68,8% e pela Alemanha com 59,2%. Estes números colocam o Japão numa posição desconfortável na corrida tecnológica global.
A análise por faixas etárias expõe ainda mais disparidades internas. Enquanto 44,7% dos japoneses na casa dos 20 anos já experimentaram IA generativa, a percentagem desce drasticamente para 23,8% entre os que têm 30 anos, sobe ligeiramente para 29,6% nos quarenta, e desce para menos de 20% em cidadãos com mais de 50 anos.
O panorama empresarial não é mais animador. Apenas metade das empresas japonesas (49,7%) incorporou IA generativa nas suas operações, um número que sublinha a resistência do tecido empresarial nipónico em abraçar esta revolução tecnológica.
Face a estes resultados, o Ministério não poupou nas críticas, concluindo que “o Japão está a ficar para trás dos líderes mundiais da IA a nível tecnológico, industrial e de adopção“. A entidade governamental sublinhou ainda a necessidade urgente de “promover a integração da IA na vida social“.
Esta situação representa um desafio particular para o Japão, historicamente reconhecido como uma potência tecnológica, mas que agora enfrenta o risco de perder competitividade numa das áreas mais estratégicas do século XXI. A IA generativa tem-se revelado fundamental para a produtividade e inovação em sectores que vão desde a saúde à educação, passando pela indústria e serviços financeiros.
O relatório surge numa altura em que o governo japonês tem vindo a implementar várias iniciativas para impulsionar a adopção tecnológica, incluindo programas de literacia digital e incentivos fiscais para empresas que invistam em IA. No entanto, os dados sugerem que estas medidas ainda não surtiram o efeito desejado.
Para especialistas em tecnologia, este atraso pode ter consequências duradouras na competitividade económica do Japão, especialmente quando países como a China e os Estados Unidos continuam a investir massivamente no desenvolvimento e implementação de soluções de IA em larga escala.