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    Japão mobiliza exército para combater invasão de ursos que já matou nove pessoas este ano

    Japão vive pesadelo com ursos e recorre aos militares pela primeira vez

    Golden Kamuy live-action serie screenshot

    O Japão enfrenta uma crise inesperada, os ataques de ursos atingiram números históricos em 2025, com nove mortes registadas até outubro. A situação levou o Ministro da Defesa, Shinjiro Koizumi, a anunciar no dia 4 de novembro a mobilização das Forças de Autodefesa Terrestre para apoiar as operações de controlo populacional dos animais nas prefeituras mais afetadas.

    A decisão surge depois de um pedido de ajuda do governador de Akita, Kenta Suzuki, que admitiu que os recursos locais são insuficientes para lidar com o problema. As zonas rurais do norte do país estão a ser particularmente atingidas, com avistamentos e encontros cada vez mais frequentes e ousados.

    Esta semana, um urso embateu contra um carro-patrulha em movimento na prefeitura de Fukushima, num incidente que ainda não se sabe se foi um ataque deliberado ou uma colisão acidental. Noutro caso, um urso jovem entrou diretamente na câmara municipal de Nishimeya, na prefeitura de Aomori, em pleno horário de trabalho. As imagens de videovigilância mostram o animal a percorrer os corredores do edifício antes de fugir sem causar feridos.

    A intervenção militar é vista por muitos como um reconhecimento de que a situação atingiu proporções de emergência nacional. No entanto, as Forças de Autodefesa não vão usar armamento contra os ursos. O papel dos soldados limita-se ao apoio logístico e à instalação de armadilhas, uma vez que não têm experiência em caça de ursos e estão legalmente impedidos pela Constituição japonesa de usar força direta neste contexto.

    Esta limitação gerou debate nas redes sociais. Muitos japoneses questionam a eficácia da medida se os militares ficam restritos a tarefas de suporte. “Se só podem dar apoio logístico, porque não usar a polícia?”, perguntou um utilizador online. Outro comentou: “Parece um desperdício usá-los apenas para logística”.

    Há quem defenda uma alteração legislativa para permitir maior intervenção. “É frustrante só poderem ser usados para apoio. Acho que devíamos mudar as leis”, escreveu outro internauta. Apesar das restrições, os soldados podem legalmente transportar armas de fogo para proteção própria e da população.

    A Constituição japonesa proíbe o uso de força pelas Forças de Autodefesa, exceto em três situações específicas, sendo a primeira o ataque de uma força militar ao Japão ou a um aliado próximo. Como os ursos não constituem uma força militar, não podem ser alvo de operações de combate direto.

    Existe, curiosamente, um precedente legal para lidar com ameaças animais de grande escala, ainda que ficcional. Após o lançamento do filme Shin Godzilla, o governo realizou um exercício teórico sobre como as forças armadas poderiam ser legalmente usadas contra vida selvagem que represente ameaça significativa. A conclusão foi que seria possível classificar as armas como ferramentas de prevenção de desastres.

    Esta interpretação abriria a porta para uma ação militar direta contra os ursos, mas o Ministério da Defesa parece considerar que a situação ainda não justifica esse nível de intervenção. As Forças de Autodefesa têm experiência prévia em captura de animais, tendo ajudado a controlar populações de veados em Hokkaido.

    Shinjiro Koizumi, conhecido por ter liderado iniciativas como a redução de sacos de plástico nas lojas e por ter abordado a crise dos preços do arroz, volta agora a estar no centro de uma questão nacional premente. A sua decisão de envolver os militares reflete a gravidade da situação nas regiões rurais, onde os recursos humanos e financeiros escasseiam.

    Os números de ataques e avistamentos são difíceis de quantificar com precisão, mas é evidente que ambos estão em ascensão acentuada. As comunidades locais dependem de caçadores, muitos deles idosos, para manter os ursos afastados das zonas habitadas. Com o envelhecimento da população rural e a falta de novas gerações de caçadores, o problema tende a agravar-se.

    A maioria dos comentários online apoia a mobilização militar para ajudar as áreas mais carenciadas do país. “Neste ponto, é praticamente um desastre natural, por isso faz sentido”, defendeu um utilizador. Outro escreveu: “Espero que isto ponha fim às mortes”.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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